António Costa estará presente através de videoconferência

Desde que Mário Soares deu entrada no hospital, em estado crítico, que começou a ser preparado o funeral, ao mais ínfimo pormenor
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O governo decretou três dias de luto nacional, a começar amanhã, em homenagem a Mário Soares. Mas o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa baixou logo ontem para a meia haste a bandeira do palácio de Belém. O funeral, que acontecerá na terça-feira, e as homenagens estão a ser preparadas há vários dias, mas a ausência do primeiro-ministro, em visita de Estado à Índia, obrigou a algumas alterações protocolares, desde logo com o recurso à videoconferência .

Há vários dias que a cerimónia fúnebre do antigo Presidente, internado em estado crítico desde o dia 13 de dezembro, está a ser preparada, com várias reuniões coordenadas pelo Protocolo de Estado e a participação das várias entidades envolvidas na segurança e nas prestação de honras na cerimónia, como a PSP, a GNR e as Forças Armadas.

Tudo foi preparado ao ínfimo pormenor, embora houvesse necessidade de algumas alterações de última hora. Uma delas está relacionada com o primeiro-ministro, cuja presença estava prevista para a chegada da urna ao Mosteiro dos Jerónimos e deveria fazer um discurso no dia das cerimónias fúnebres, na terça-feira. A visita de Estado que está a fazer à Índia impediu-o de estar presente fisicamente, mas a sua intervenção vai manter-se, através de videoconferência.

O primeiro dia de luto, amanhã, será marcado pelo velório, com o corpo em câmara ardente, na sala dos Azulejos do Mosteiro, pelo menos até à meia noite. Antes haverá um cortejo a atravessar toda a cidade, desde a sua residência, no Campo Grande, até aos Jerónimos, com uma paragem na Praça do Município, onde a urna será transferida do carro funerário para o armão (charrete) da GNR.

Na terça-feira será a cerimónia fúnebre, que começa nos Jerónimos e terminará no cemitério dos Prazeres . Nos claustros ouvir-se-á a voz de Mário Soares e a de Maria Barroso, falarão os filhos, João e Isabel Soares, o Presidente da República e o da Assembleia da Republica e o primeiro-ministro. Tudo intercalado com momentos musicais do Coro e da Orquestra do Teatro Nacional de São Carlos.

Na quarta-feira, terceiro e último dia de luto nacional, a Assembleia da República realizará uma sessão evocativa da vida do antigo Presidente da República. A decisão foi tomada numa reunião ontem à noite da conferência de líderes parlamentares. As direções dos grupos parlamentares decidiram também cancelar os trabalhos parlamentares marcados para terça-feira e quarta-feira de manhã, para que os deputados possam participar nas cerimónias fúnebres.

A sessão evocativa da vida de Mário Soares realizar-se-á a partir das 15.00, será aberta pelo presidente do parlamento, Eduardo Ferro Rodrigues, que lerá o voto de pesar da Assembleia da República, seguindo-se intervenções de todas as bancadas e do Governo, encerradas pelo PS, comunicou o porta-voz, Duarte Pacheco.

Grande figura do último século

No decreto que estabelece o luto é sublinhada a "incondicional dedicação de Soares à causa pública" e o seu "exemplar contributo" para o prestígio de Portugal. "Mário Soares é uma das grandes figuras da história portuguesa do século XX e do início do século XXI, e fundador do nosso regime democrático", lê-se no diploma aprovado em Conselho de Ministros, no qual é assinalado ainda que "pelos cargos cimeiros que ocupou no Estado e pelas decisões de largo alcance que tomou para o país, foi o protagonista político do nosso tempo e aquele que mais configurou a democracia portuguesa nas suas opções fundadoras".

É ainda assinalado que Mário Soares era "detentor de um reconhecimento internacional reiterado por distinções e prémios relevantes. Mário Soares manteve, ao longo de muitas décadas e mesmo fora do exercício de cargos políticos, uma presença ativa e interveniente na vida cívica, política, social e cultural, pensando, escrevendo e agindo em nome da sua convicção constante na liberdade, na democracia e no progresso social".

Os três dias de luto nacional têm sido decretados na maior parte das ocasiões em que o executivo o decide - obrigatoriamente quando morre um Presidente da República, um Presidente da Assembleia da República, um primeiro-ministro ou antigos presidentes da República ou pelo falecimento de personalidade, ou ocorrência de evento, de excecional relevância. Foi assim com Amália Rodrigues, quando foram os atentados terroristas de 11 março de 2004, em Madrid, pelo falecimento do Papa João Paulo II, na tempestade da ilha da Madeira, em 2010, pela morte de Nelson Mandela e de Eusébio. Apenas na morte de Francisco Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa, em 1980, foram decretados cinco dias de luto nacional.

Na sua página de Facebook, João Soares partilhou ontem que ele e a sua irmã Isabel estavam ao lado do pai, "como sempre desde que nascemos", na hora da morte no hospital, declarada às 15.28 horas. Publicou as fotos de Soares, tiradas pela PIDE, na sua penúltima prisão, em dezembro de 1967.

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