António Capucho. Chumbo da concelhia não é vinculativo

O "não" da concelhia de Cascais do PSD ao regresso de António Capucho não fará parar o processo. Em última instância, a direção nacional decidirá.
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O processo do regresso de António Capucho ao PSD - de onde foi expulso em 2014 - vai agora seguir para a Distrital de Lisboa do partido. Se esta mantiver a decisão da concelhia de Cascais tomada na quinta-feira à noite - chumbo por unanimidade da proposta de regresso -, o processo seguirá para a decisão nacional.

Aqui, caberá ao secretário-geral do partido - atualmente José Silvano - decidir. É o Regulamento de Admissão e Transferência de Militantes que o diz.

Por outras palavras: a direção de Rui Rio terá sempre a última palavra. E a última palavra será pelo "sim" ao regresso de Capucho - visto que até foi a direção nacional quem lhe incentivou o regresso.

Capucho - militante desde 1974 e que no PSD só não foi líder nacional - reagiu à decisão da concelhia de Cascais acusando os seus dirigentes de "cobardia política" por não terem querido ouvi-lo a explicar a sua decisão de regressar.

Numa declaração à Lusa, o antigo dirigente lembrou também que esteve na "génese da implantação do PPD no concelho, tendo presidido a várias Comissões Políticas Concelhias em acumulação com o cargo de Secretário-Geral". "Aqui fui militante de base ativo e porque aqui derrotei o PS nas eleições autárquicas em três eleições subsequentes, sempre com maioria absoluta", recordou.

"Traiu o PPD/PSD"

Disse ainda que indicou a "secção de Cascais para a inscrição e não qualquer outra em que não tivesse qualquer dúvida sobre a emissão de parecer favorável" por ali residir desde que nasceu, há 70 anos.

Capucho foi expulso em 2014 porque nas autárquicas no ano anterior apoiou, em Sintra, uma candidatura independente que combateu a do PSD.

Na moção aprovada quinta-feira na Concelhia invoca-se esse facto mas tambéum um outro: a "forte campanha por parte deste cidadão contra o nosso Partido que culminou no ponto máximo de discursar numa convenção do Partido Socialista a apoiar António Costa contra Pedro Passos Coelho". "É claro que esse apoio, como se comprovou, não teve os efeitos desejados, dado que António Costa é atualmente primeiro-ministro mas não venceu as eleições. Mas este cidadão esteve lá. Discursou, apelou ao voto. Traiu o PPD/PSD."

"Queremos continuar a ser um Partido aberto, plural, onde todos se sintam bem. Mas não podemos, nem devemos perder o respeito pelos nossos valores e pela nossa história. O respeito pelos nossos militantes que lutaram, e muito, nas eleições de 2015, pela vitória de uma coligação que governou Portugal num dos momentos mais difíceis da sua história. É por esses militantes e pelos Portugueses que confiam no nosso Partido, que não merecem o desrespeito do regresso de quem foi apoiar o adversário apenas porque não gostava da liderança da altura. O PPD/PSD não pode ser um partido de amuos ou preferências", lê-se ainda na moção aprovada.

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