Andy Irons fez evoluir o surf no combate ao 'doping'

Nuno Oliveira, médico do Meo Rip Curl Pro, explicou ao DN como se processam os controlos
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Andy Irons foi encontrado morto num hotel, em Dallas, em 2010, e, segundo a autópsia, o havaiano tinha ingerido "drogas agudas" (cocaína). A notícia chocou o mundo do surf e obrigou a modalidade a acelerar a entrada em vigor da política antidoping. O que aconteceu em 2012, obedecendo às regras da WADA, até porque o surf se prepara para ser modalidade olímpica em 2020. "A morte do Andy Irons fez despertar consciência para o tema. Nos últimos três anos a ASP, agora WSL, tem uma empresa externa que controla cinco a seis etapas das 11. Eles vêm sem avisar, monta-se uma tenda para os atletas terem privacidade e são sorteados cerca de 10 atletas em 36. E a partir do momento em que o nome deles é sorteado, têm de estar ao alcance visual de um dos controladores, até fazerem o teste antidoping, no caso uma amostra de urina, segundo as regras da WADA", explicou ao DN Nuno Oliveira, o médico do Meo Rip Curl Pro.

Os vampiros, como são conhecidos os médicos da brigada antidoping, aparecem de surpresa."Eles nunca sabem quando vão ser controlados. Tal como se faz no futebol, por exemplo, a brigada chega ao intervalo, para que ninguém saiba que naquele dia vai haver controlo, faz o sorteio e o futebolista quando sai do jogo vai direto para uma sala, onde é feita a recolha. E é isto que se replica no surf. O atleta sai do heat e fica na zona de surfistas, sempre com alguém a controlá-lo e depois é encaminhado para a sala de recolha", revelou, lembrando que "o efeito surpresa é dissuasor".

Apesar de ser o médico de serviço na etapa portuguesa, nem Nuno Oliveira sabe se Peniche receberá a visita da brigada antidoping, como aconteceu em 2015, até porque este ano já foram feitos cinco controlos: "Até ao dia em que chegam ninguém sabe de nada."

E que substâncias são proibidas? "Todas as da lista da WADA. O Surf para muitos e durante muitos anos era encarada por muitos como uma modalidade recreativa, estava no limbo entre o desporto e uma atividade lúdica, e havia muito a cultura da festa. Assim que o circuito chegava à cidade havia festas por todo o lado e todos os dias. Isso hoje em dia já não é assim e eles são já atletas de alta competição e encarados como tal", defendeu Nuno Oliveira.

Procuram-se principalmente "drogas recreativas", vulgo charros e afins, e "potenciadores da atividade física", ou seja, esteroides anabolizantes (substâncias que aumentam o rendimento físico). Aliás o último controlo positivo no surf de que se lembra foi de um atleta brasileiro, o Neco Padaratz, foi apanhada com esteroides, e ficou um ano e meio sem poder entrar no circuito.

Veja aqui o vídeo sobre documentário sobre Andy Irons apresentado na semana passada.

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