Análises clínicas poderão tornar-se regra em todos os cursos do Exército

Militar do Exército que sofreu transplante de fígado já está consciente e a respirar de forma espontânea. Causas ainda desconhecidas.
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"Provavelmente vai ser padrão a partir de agora" o Exército realizar análises clínicas de largo espetro aos alunos dos cursos de formação, admitiu esta sexta-feira fonte oficial ao DN.

A porta-voz do Exército, major Elisabete Silva, precisou que a decisão será tomada depois de conhecidas as chamadas "lições aprendidas" do que terça-feira levou um soldado de 23 anos a sentir-se mal durante um exercício em Santa Margarida e que obrigou a fazer-lhe um transplante de fígado.

O militar "já está consciente e a respirar espontaneamente", adiantou Elisabete Silva, indicando que o estado crítico em que o soldado estava justificou a urgência da operação.

A origem do caso ainda é desconhecida, frisou a oficial, o que justificou - por recomendação clínica - a realização de análises clínicas aos restantes 140 instruendos e aos 14 instrutores do curso para tentar perceber se as condições que se verificavam nesta última semana do curso de promoção a cabo dão alguma pista, informou Elisabete Silva

A ideia é tentar perceber, através desses resultados, se algum daqueles 164 elementos envolvidos na mesma prova apresenta sinais anormais relacionados com as condições em que o exercício estava a decorrer.

Essas análises já são uma norma no inicio e no fim de exercícios de grande exigência física, mesmo sem terem o grau de dificuldade associado aos cursos de operações especiais (como os dos comandos), pois níveis elevados de esforço podem causar rabdomiólise - como foi o caso do curso de comandos onde morreram, em setembro de 2016, morreram dois jovens.

Saber se o militar em causa apresentou alguns sintomas de mal-estar durante a recruta de admissão às fileiras é uma das questões a que o processo de averiguações irá responder, acrescentou a porta-voz do ramo.

Neste caso, a prova em causa era essencialmente de natureza cognitiva e consistia em andar nove quilómetros "ao ritmo" dos próprios instruendos, com três pontos de água ao longo do percurso topográfico a percorrer segundo o mapa que levavam para se orientarem.

"O foco era na orientação e não no esforço", sintetizou outra fonte militar.

Em termos de peso, os militares transportavam um cantil de água, arma, cinturão carregadores e bolachas, além de uma garrafa adicional de litro e meio de água devido ao calor que se fazia sentir, disse Elisabete Silva.

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