Amorim investe 7 a 10 milhões em plantações de sobreiro

Em causa está o investimento para os próximos três anos, mas a meta, a uma década de distância, é aumentar em 30% a produção de cortiça em Portugal.
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A Corticeira Amorim vai investir sete a 10 milhões de euros, nos próximos três anos, na plantação de sobreiros. A meta do grupo é plantar 50 mil hectares em Portugal na próxima década, o que corresponde a um aumento da área total de montado de sobro do país em 7%, mas permitirá aumentar em cerca de 30% a produção de cortiça. "O maior desafio que temos é conseguirmos ter cortiça suficiente para suportar o crescimento da indústria do vinho e, para isso, precisamos de plantar mais árvores. E é nisso que estamos a investir, designadamente com a compra da Herdade da Baliza e Castelo Branco", diz o CEO do grupo.

António Rios Amorim falou ao Dinheiro Vivo à margem da conferência Climate Change Leadership - Soluções para a indústria do vinho que arrancou ontem, no Porto, e que reúne mais de quatro dezenas de oradores de mais de 30 nacionalidades distintas. O CEO do grupo Amorim participou no painel dedicado ao marketing e aos custos associados à sustentabilidade, bem como ao modo como os consumidores percebem o tema. "Não tenho dúvida nenhuma de que o consumidor vai dar importância crescente a esta questão. Os millennials são muito mais sensíveis a estes temas da sustentabilidade e do ambiente do que a geração anterior", defende António Rios Amorim. Para quem "não basta querer fazer um bocadinho melhor, é preciso encarar esta questão como uma prioridade estratégica". E no caso da Corticeira Amorim, garante, "estamos a fazer da sustentabilidade uma prioridade num negócio que já é, de si, sustentável". Explica: "A nossa pegada ambiental advém apenas do transporte. Nós retemos 15 vezes mais do que aquilo que emitimos, por cada 100 gramas de emissões retidas só emitimos 6,6% de CO2".

Mas "é sempre possível fazer melhor", assume o empresário, lembrando que, em 5,5 mil milhões de rolhas produzidas pela Corticeira Amorim só cerca de 60 milhões de rolhas é que são recicladas em Portugal. "Temos de fazer muito mais", frisa. Em Portugal, a Amorim tem parcerias com o Continente e com a Quercus, e o objetivo agora é encontrar parceiros noutros países para fazer a recolha de rolhas usadas. "Temos agora uma parceria em Itália e uma parceria com a Auchan em França e precisamos de criar para tentar reciclar mais rolhas. Claro que isso gera, depois, um problema de logística, porque para trazendo as rolhas da Alemanha ou da Suécia para Portugal a nossa pegada de carbono já não é tão boa. Nos EUA tivemos sucesso porque há um produtor local que faz solas para sapatilhas e, portanto, a cortiça fica lá", adianta.

Recorde-se que o grupo faturou no ano passado 763,1 milhões de euros, sendo que as rolhas continuam a ser o seu principal motor de crescimento: as vendas ascenderam a 534 milhões de euros, mais 11,9% do que em 2017. E só no ano passado a Amorim investiu 7,5 milhões de euros em investigação e desenvolvimento, não exclusivamente, mas também dedicado às questões da sustentabilidade.

Uma das áreas de aposta crescente é a da cultura do sobreiro. "Costuma dizer-se que os eucaliptos se plantam para nós, os pinheiros para os nossos filhos e os sobreiros para os netos. E é isso que precisamos de mudar. Precisamos que os resultados do investimento no plantio de sobro possam ser vistos no nosso tempo de vida. É uma área de investigação em que começamos recentemente a apostar. Estamos a começar, mas o objetivo é reduzir o tempo de crescimento de um sobreiro de 25 para 10 anos", diz António Rios Amorim, que deixa claro: "Somos a entidade no mundo que mais sabe de cortiça, temos de ser, também, aquela que mais sabe de sobreiros".

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