Almedina abre nova livraria na centenária oficina de vitrais e mosaicos Ricardo Leone
"Nós quisemos um espaço que trouxesse um efeito diferenciador, que trouxesse uma nova experiência aos leitores, e esta é uma livraria que se funde com a história do próprio espaço: uma oficina de arte que quisemos fundir com uma outra arte, a arte dos livros", disse à Lusa Pedro Soares Franco, diretor de retalho do Grupo Almedina, na véspera da inauguração da nova loja.
O edifício, situado na rua da Escola Politécnica, na zona do Rato, em Lisboa, data de meados do século XVIII e nele funcionou a Real Fábrica das Sedas, até 1905, quando passou para as mãos do mestre Cláudio Martins, como atelier de vitral e mosaicos de arte.
Esta oficina seria posteriormente explorada por Ricardo Leone, discípulo de Cláudio Martins, até à sua morte, cerca de 1970, tendo atingido o auge entre os anos 1920 e 1940, altura em que se tornou a mais importante do país.
Nos últimos anos, este antigo 'atelier' tem estado alugado à Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) e estava "muito degradado, a precisar de ser recuperado", contou Pedro Soares Franco.
"Fizemos obras de recuperação mantendo tudo o que era antigo, a oficina, os mosaicos, algumas mesas de trabalho e utensílios, e adaptámos o mobiliário para livros", disse Pedro Soares Franco.
Para este novo lugar "cheio de História", que "traz alguma exclusividade à nova livraria", estão previstos lançamentos de livros das editoras do grupo, mas também de outras editoras, conversas com autores, tertúlias e até a iniciativa "café do direito", para debater temas relacionados com os direitos.
"É um espaço de venda, mas que deve ser usufruído e visitado, porque é muito bonito".
O grupo Almedina, com mais de 60 anos de existência, tem atuado sempre em áreas técnicas -- do Direito (Edições Almedina), Ciências Sociais e Humanas (Edições 70) e Ciências Económicas (Actual Editora) --, mas lançou muito recentemente uma aposta na ficção e na literatura infantojuvenil, com a chancela Minotauro, que alarga a oferta literária a um público muito mais vasto e abrangente.
"Faz tudo parte de um plano de crescimento do grupo Almedina, que inclui a abertura da nova loja e mais outras no futuro próximo, talvez não em sítios tão comerciais como seria desejável, mas em espaços com qualidade e com fácil acesso, para o 'target' dos amantes de livros, para que usufruam do espaço e da leitura", adiantou o responsável.
A mesma lógica -- da qualidade -- é aplicada à nova chancela e às escolhas que a editora faz dos livros a lançar pela Minotauro.
"Apostamos num catálogo com qualidade, desconhecido cá, mas com uma cauda longa, ou seja, com capacidade de resistência no tempo. Não procuramos a venda rápida, mas produtos de elevada qualidade, livros premiados e reconhecidos lá fora, sem notoriedade imediata cá, que procuramos oferecer ao público", disse.
Entre os livros de ficção lançados pela Minotauro, contam-se "A Serpente do Essex", da escritora inglesa Sarah Perry, eleito o melhor livro de 2016 dos British Book Awards, "O Homem que Duvidava", de Ethan Canin, considerado um 'bestseller' do New York Times, listado entre os melhores livros de 2016 e "Comunidade", de Ann Patchett, outro 'bestseller' eleito pelo mesmo jornal.
Os livros infantojuvenis incluem títulos como "Astrotaxi", "A caminhada", "Uma magia mais escura" ou "A última paragem", obras com uma forte aposta na ilustração, tal como acontece com os de ficção, sublinhou ainda o responsável.
A inauguração da nova livraria Almedina será na quarta-feira, pelas 18:30.