"Alex" derrubou árvores e fez pequenos estragos nos Açores

Prevenção, fecho serviços públicos e avisos à população ajudaram a minimizar efeitos do furacão
Publicado a
Atualizado a

Queda de árvores, derrocadas, telhas levantadas, ribeiras fora dos leitos, tudo incidentes menores, sem vítimas, nem feridos, ficaram ontem no rasto do furacão Alex, nas ilhas dos grupos oriental e central dos Açores, à sua passagem pelo arquipélago, rumo ao norte. Pelas 14.00 (hora local, menos uma hora do que no Continente) o Alex enfraqueceu, voltando à sua condição inicial de tempestade tropical, e o aviso vermelho passou a amarelo, devido à agitação marítima que ainda persistia.

As medidas de prevenção postas em prática pelo Serviço Regional de proteção Civil e Bombeiros dos Açores (SRPCBA), os avisos à população, a recolha de barcos nos portos e marinas e o encerramento de creches, escolas, tribunais e serviços públicos foram decisivos para que as consequências da passagem do Alex acabassem por se resumir, sobretudo, à muita chuva e vento forte, agitação marítima, com ondas da ordem dos 12 ao 18 metros, consoante as ilhas, e menos de meia centena de ocorrências a que os bombeiros acorreram para dar solução.

"Foi só um susto", diz Sandra Henriques, que vive na vertente norte da ilha do Pico, no grupo central do arquipélago, e que, da janela, foi observando "o mar cavado", lá em baixo, o vento a levantar-se, "São Jorge, ao fundo, toda envolta em nuvens". Ela não tem dúvidas de que as medidas de prevenção foram essenciais para que tudo se passasse sem problemas de maior.

Sandra e o marido são professores. Ela na escola da freguesia da Madalena, mas ontem não foram trabalhar, nem nenhum dos seus colegas, e as crianças também não foram à escola. Por indicação do governo regional, escolas, creches e jardins de infância não abriram em todas as ilhas dos grupos central e oriental, que estavam sob aviso vermelho para a passagem do furacão.

"Isso ajudou, porque evitou que houvesse situações de perigo, por exemplo no transporte para escola, ou na própria escola", diz Sandra. "Aqui no Pico houve algumas derrocadas e os autocarros deixaram de poder passar em algumas estradas", conta. Por isso, sublinha, "foi boa toda esta prevenção, acabou por ser só um dia com mais chuva e mais vento".

Voos foram cancelados

Entre os operacionais do SRPCBA e os elementos dos 15 Corpos de Bombeiros da ilhas dos grupos central e oriental, estiveram de prevenção durante a "Operação Alex" um total de 370 operacionais, informou aquele serviço.

O período mais crítico do dia ocorreu durante a manhã, entre as 08.00 e as 13.00 (hora local), quando o furacão passou sobre o arquipélago, 20 quilómetros a leste da ilha Terceira, localizada no grupo central. Isso foi favorável porque as ilhas acabaram por sofrer sobretudo a influência "da parte menos ativa do furacão", como explicou à Lusa o meteorologista Carlos Ramalho, do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

Além do encerramento dos serviços públicos nas ilhas com aviso vermelho, também os tribunais e os serviços da Universidade dos Açores, nos seus três polos - em Ponta Delgada, em São Miguel, Angra do Heroísmo, na Terceira, e Horta, no Faial -, estiveram ontem encerrados todo o dia.

Durante a manhã de, tal como tinha sido anunciado na quinta-feira pela companhia aérea açoriana SATA, não se realizaram os voos entre as ilhas, tendo sido cancelada também uma ligação entre Boston e a ilha Terceira.

Todos esses voos, num total de 33, envolvendo 700 passageiros, foram reprogramados para a parte da tarde, mas dois deles - Horta-Lisboa e Lisboa-Horta -, envolvendo 130 passageiros, voltaram a ser cancelados e adiados para hoje devido ao mau tempo, segundo afirmou António Portugal, porta-voz da companhia, à Lusa.

O Alex, que passou junto aos Açores como um furacão de grau 1 (o mais baixo na escala de intensidade destes fenómenos), é o primeiro desde 1938 a formar-se no Atlântico no mês de janeiro, e é por isso considerado um fenómeno muito raro. A época de furacões no Atlântico inicia-se em geral em Junho e vai até final de novembro, mas o Alex veio agora trocar as voltas a este calendário bem conhecido dos meteorologistas. Nascido como tempestade tropical, o Alex foi ganhando intensidade e foi já mais norte, sobre águas mais frias, que passou a furacão, na quinta-feira ao início da tarde, devido à pressão atmosférica. Mesmo como tempestade tropical o Alex já era um fenómeno pouco habitual em janeiro. A última vez que isso tinha sucedido foi em 1978. Tornado furacão tornou-se ainda mais raro, segundo os especialistas do Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt