"O mal está aí outra vez, não já como ditadura ou guerra colonial, mas sob a forma do pesadelo da austeridade, o ataque aos serviços públicos de saúde, educação e segurança social, de desvalorização do trabalho, dos cortes de salários e pensões, e, talvez pior, do corte da esperança e do futuro", afirmou Manuel Alegre..O ex candidato à Presidência da República falava no quartel do Carmo, um dos palcos do 25 de Abril, onde lançou uma antologia de poemas, "País de Abril", editada pela D. Quixote..Alegre disse que a antologia "é por um lado uma celebração dos 40 anos do 25 de Abril, por outro, um alerta ou até talvez um ato de resistência"..Ainda sobre "o pesadelo da austeridade", o poeta insurgiu-se também contra "uma linguagem única, um 'economês' anglo-americano de tecnocratas que gostam de falar inglês, mas, muitas vezes, falam um mau português".."As nossas palavras estão ocupadas, o poder soberano da língua está cercado por taxas de juros, números, cifrões, e vocábulos que não são nossos", afirmou..Alegre lembrou como a poesia foi "uma arma contra esse mal português que foi a ditadura do Estado Novo" e como "a poesia portuguesa, na diversidade e pluralidade das suas vozes, criou uma poética da liberdade muito antes de a liberdade ser reconquistada"..No lançamento da antologia de Alegre estiveram presentes o secretário-geral do PS, António José Seguro, o antigo secretário-geral socialista e ex-primeiro-ministro, José Sócrates, o coordenador do BE, João Semedo, o antigo Presidente da República, Ramalho Eanes, e o ensaísta Eduardo Lourenço, que concorre às eleições europeias na lista do PS (em 21.º lugar).