Alegre disponível para ficar no Conselho de Estado

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Manuel Alegre está disponível para se manter activo na política: para continuar no Conselho de Estado (ao qual pertence por indicação do PS, via Assembleia da República); para ir ao próximo congresso do partido; para voltar a integrar a sua comissão política nacional.

É a sua tradução prática das promessas que deixou no discurso da derrota, domingo passado: "Continuarei a lutar civicamente pela democracia, pelos valores da esquerda e por Portugal. O meu combate será o mesmo de sempre: a liberdade, a democracia, os valores da esquerda."

Fontes próximas do candidato derrotado disseram ao DN que foi importante para o histórico do PS ter sentido na campanha alguma reconciliação com personalidades da sua geração de quem se tinha afastado: António Almeida Santos (que apareceu duas vezes na campanha); com o "pai" do Serviço Nacional de Saúde, António Arnaut (que se lhe juntou no distrito de Coimbra); com o comendador Rui Nabeiro (dono da Delta Cafés e presidente da concelhia do PS em Campo Maior, um dos três concelhos onde Alegre venceu).

Ao mesmo tempo, o histórico socialista terá também valorizado algumas presenças da direcção do PS na campanha - começando pelas de José Sócrates - mas também, por exemplo, a de Vieira da Silva, que fez questão de aparecer no comício de encerramento da campanha, no Porto. A direcção do PS, pelo seu lado, valorizou o facto de o candidato ter evitado atacar o Governo durante a campanha. E isso poderá revelar-se importante no futuro de Alegre: manter-se no Conselho de Estado ou ir ao congresso do PS ou regressar à comissão política nacional do partido depende, em última instância, de José Sócrates.

Manuel Alegre integra o Conselho de Estado por via da "quota" parlamentar (cinco elementos), estabelecida por acordo entre o PS e o PSD. Actualmente, além de Alegre, essa "quota" é preenchida por Almeida Santos, Gomes Canotilho (os três indicados pelo PS), bem como por Pinto Balsemão e António Capucho (indicados pelo PSD). Com a eleição presidencial do passado domingo, o Parlamento terá de voltar a escolher os seus cinco elementos (ver caixa).

No próximo domingo reunir- -se-á a comissão nacional do PS para marcar oficialmente o pró-ximo congresso, estando já de- cidido que se realizará de 8 a 10 de Abril, provavelmente no Porto. Espera-se no domingo algum debate sobre as presidenciais, em jeito de balanço, mas se dependesse da direcção do partido - como aliás Francisco Assis disse anteontem - isso seria um "assunto encerrado". Logo a seguir à derrota de Alegre, apoiantes e oponentes seus dentro do PS trocaram al- gumas palavras. "Não me esqueço dos quatro anos em que Manuel Alegre esteve consistentemente a votar contra o partido e o Governo na Assembleia da República. Não me esqueci eu nem esqueceu a maioria do eleitorado do PS", cuja reacção "teve a ver com isso", disse José Lello, um dos dirigentes socialistas mais próximos de Sócrates. Pedro Nuno Santos, líder do PS-Aveiro (e ex-líder da JS e ex-deputado) respondeu-lhe dizendo que José Lello estava com estas declarações apenas "a fazer o jogo que interessa apenas à direita portuguesa, que é que a esquerda continue dividida", algo "absolutamente inacei-tável".

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