Aeroporto reabriu 12 horas após ataque que causou 41 mortos

Responsabilidade do atentado atribuída ao Estado Islâmico. Obama e Putin expressam solidariedade a presidente turco.
Publicado a
Atualizado a

Numa prova de determinação em mostrar que a ameaça terrorista não é suficiente para impedir o normal funcionamento de um aeroporto alvo de um atentado, pouco menos de 12 horas tinham passado e o Ataturk de Istambul estava ontem reaberto, com muitos voos programados a serem retomados e verificando-se um movimento de passageiros não muito distinto do normal.

O que não era habitual no principal aeroporto da cidade era a presença ostensiva de elementos das forças de segurança, fortemente armados e envergando coletes à prova de bala, observando os movimentos dos passageiros que ainda puderam ver os resultados do ataque que na noite de quarta-feira causou 41 mortos e 239 feridos (41 em estado grave).

Enquanto os passageiros se apressavam nos corredores, dezenas de operários e outros técnicos procediam às reparações necessárias para o aeroporto Ataturk - o terceiro com maior movimento na Europa e 11.º a nível mundial - operar de forma total. Mais difícil de apagar, como notava ontem uma reportagem da Reuters, eram as manchas de sangue nos acessos ao terminal onde sucedeu o ataque, cuja responsabilidade foi atribuída ao Estado Islâmico (EI). Este ataque é o mais mortífero sucedido na Turquia em 2016, onde desde o início do ano ocorreram outros cinco atentados, sendo que a maioria das vítimas é de nacionalidade turca, além de 13 estrangeiros. Estes são sauditas, iraquianos, chineses, jordanos, iranianos, tunisinos, usbeques e ucranianos.

Após uma visita ao local do atentado, o primeiro-ministro Binali Yildirim afirmou que tudo apontava para um ataque do EI e que os três terroristas tinham-se deslocado de táxi para o aeroporto. A possibilidade do ataque ser da autoria daquele grupo islamita era dada como a mais forte pelo diretor da CIA, John Brennan, numa entrevista ao site Yahoo News. Para o responsável da CIA, "é preocupante" a "competência (...) e determinação" do EI em "matar o maior número possível de pessoas e em realizar ataques" fora do Iraque e da Síria.

Outros peritos em segurança consideravam como altamente provável ser o EI o autor do atentado. A outra organização em guerra aberta com o governo de Ancara, os separatistas curdos do PKK, embora recorra a atentados suicidas, nessas ocasiões visa essencialmente alvos ligados às forças de segurança ou funcionários do Estado.

O presidente Recep Tayyip Erdogan esteve ao telefone com o seu homólogo americano, Barack Obama, tendo este disponibilizado toda a assistência possível no combate ao terrorismo na Turquia. Numa medida preventiva, Washington anunciou que as famílias dos seus militares estacionados na Turquia, assim como do pessoal diplomático, vão ser repatriadas para os EUA, evidenciando a crescente preocupação de que possam ser também alvo de ataques.

O presidente russo Vladimir Putin, que manteve um diferendo com a Turquia devido ao abate de um Su-24M que violara o espaço aéreo deste país em novembro último, esteve ao telefone com Erdogan, tendo-lhe comunicado a intenção de retomar a cooperação na luta contra o terrorismo. No início da semana, o dirigente turco lamentara o incidente de novembro e a morte do piloto russo. No quadro das relações bilaterais, Putin anunciou ontem o fim das sanções à Turquia. Os dois dirigentes vão agora encontrar-se em setembro.

Até ao final do dia de ontem nenhum grupo reivindicara o ataque, tendo a agência Dogan anunciado que já tinham sido realizadas as autópsias aos três atacantes e que estes poderiam ser estrangeiros. Até hoje, o EI nunca reivindicou um ataque terrorista em solo turco.

[artigo:5256448]

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt