Acusados de esconder droga em contentor de polvo faltam ao julgamento
Quatro dos sete acusados de esconder três toneladas de cocaína num contentor de polvo estragado, apreendido em 2007 no Porto de Leixões, faltaram hoje ao início do julgamento, em Matosinhos, alegando doença, segundo os seus advogados.
Também ausente, um quinto arguido queixa-se igualmente de problemas de saúde, mas também, e sobretudo, de falta de recursos económicos para se deslocar da zona em que vive ao tribunal de Matosinhos, dispondo-se a depor por videoconferência, explicou a sua defesa.
Dos dois arguidos presentes nesta primeira sessão de julgamento, um deles - que se encontra em prisão preventiva no âmbito de um processo judicial distinto - prometeu falar "mais tarde".
O outro disse conhecer apenas dois dos sete suspeitos por ter um amigo em comum.
As sete pessoas estão acusadas de pertencer a uma rede de tráfico de droga sediada no México que, em 2007, transportou, através da criação de uma empresa de importação de pescado, um contentor de 23 toneladas de polvo podre onde estavam dissimuladas três toneladas de cocaína.
Devido a uma inspeção da Direção-Geral de Veterinária, que constatou várias anomalias, desde mau cheiro, cor anormal do polvo ou falta de etiquetas nas caixas, a carga foi apreendida no Porto de Leixões e descoberto o presumível esquema.
O alegado líder desta rede de tráfico em Portugal, à data com 44 anos, nunca mais foi visto, estando desaparecido desde então, sendo, por isso, o seu caso remetido para processo autónomo.
O Tribunal de Matosinhos pediu que o património de dois dos arguidos seja dado como perdido a favor do Estado por ter sido, supostamente, obtido através do tráfico de droga.
Um dos arguidos, que se dedicava à venda e compra de imóveis, disse, comovido, não saber nada sobre esta alegada rede de tráfico de droga.
Acrescentou conhecer dois dos arguidos por "mero acaso", marido e mulher, através de um amigo, proprietário de uma imobiliária.
Tornando-se amigos, um dos suspeitos pediu-lhe para registar um armazém em seu nome e, passado um ano, faria o processo inverso porque queria iniciar-se na compra e venda de imóveis e, assim, ficaria isento de um imposto específico.
"Nunca recebi, nem paguei nada pelo armazém que, um ano depois, em vez de ser registado no nome dele, foi registado no nome de um cidadão espanhol, estranhei porque não era o acordo inicial, mas só queria livrar-me do que não era meu", explicou ao coletivo de juízes.
O arguido garantiu nunca ter frequentado a casa dos outros dois, trocar número de telemóveis ou saírem juntos.
O outro suspeito presente afirmou querer prestar declarações, mas não para já.
Uma das testemunhas ouvidas hoje, um engenheiro eletrotécnico e sócio de uma empresa de imobiliária, referiu conhecer dois dos arguidos por lhes ter vendido moradias e 12 apartamentos em Cascais.
O julgamento prossegue a 28 de janeiro, pelas 09:00.