Médicos de Saúde Pública acreditam que "maioria vai usar máscara"

Médicos de saúde pública defendem que se mantenha a proteção na rua. Virologistas dizem que já não se justifica. Médicos de família gostariam de ter orientações. DGS mantém que depende da lei.
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Os médicos de saúde pública defendem o uso da máscara na rua a partir de domingo, dia em que deixa de ser obrigatória. Acreditam que é o melhor para proteger da covid-19 e de outras doenças respiratórias, até porque se aproxima o inverno. E acreditam, também, que a maioria das pessoas o irá fazer voluntariamente. Mas esta não é uma prática consensual. Os virologistas defendem que o vírus deve circular para reforçar a imunidade. E os médicos de família gostariam de ter orientações da DGS .

"A Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública (ANMSP) acredita que haverá uma parte da população que não irá usar a máscara, o que é normal, mas grande parte vai reconhecer a importância da sua utilização para a contenção da covid-19 e de outras doenças respiratórias. A maioria vai continuar a usar a máscara no exterior de forma voluntária", assegurou ao DN Gustavo Tato Borges, presidente em substituição da associação.

A lei nº 62/2020 caduca dia 12 e os partidos não a vão renovar. Além disso, a Assembleia da República só retoma a atividade três dias depois. No domingo, deixa de ser obrigatório o uso de máscara por pessoas com "mais de 10 anos para o acesso, circulação ou permanência nos espaços e vias públicas sempre que o distanciamento físico recomendado pelas autoridades de saúde se mostre impraticável".

Mas a ANMSP recomenda o uso da máscara no espaço exterior, "sempre que não for possível garantir os dois metros de distanciamento das outras pessoas". E a diretora-geral da Saúde (DGS), Graça Freitas, defendeu que a máscara deveria ser mantida na rua em situações onde não é possível manter as distâncias. Mesmo considerando que, com 85 % população totalmente vacinada, a "circulação do vírus será muito menor". Ao DN, o seu gabinete respondeu: "As regras relativas ao uso de máscaras em espaços exteriores serão definidas através de legislação própria".
Os médicos gostariam que a DGS emitisse uma norma para aconselharem os utentes, independentemente de terem uma opinião sobre o uso ou não desta proteção.

Nuno Jacinto, presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, sublinha que não é da competência dos clínicos a decisão sobre o uso da máscara. "Provavelmente, as pessoas vão deixar de a usar gradualmente. Com o aumento da percentagem de vacinados totais, não se justifica o uso da máscara ao ar livre, até porque é fácil manter o distanciamento social, mas essa não é uma decisão dos médicos de família, é uma questão técnica. Gostava de ter orientações da DGS".

O virologista Pedro Simas defende que a máscara deveria ter deixado de ser obrigatória quando se ultrapassou os 60 % da população totalmente vacinada, a exemplo do que fizeram o Reino Unido e Israel. "A partir do momento em que os grupos de risco estão vacinados, diminuem exponencialmente as consequências graves da doença. E é bom que o coronavírus circule entre a população vacinada, uma vez que reforça a imunidade".

Espera-se que a imunidade de grupo seja alcançada a partir dos 85 % da população vacinada, apenas ficando de fora os que têm menos de 12 anos. A percentagem de vacinados totais na população elegível (maiores de 12) é de 88%.

"O problema é que nesta doença não temos a certeza de qual é a cobertura vacinal que confere a imunidade de grupo, se é que alguma vez o conseguiremos atingir dado o aparecimento de novas variantes. A circulação do vírus reforça a imunidade mas, nesta fase, quando estamos a sair da sobrecarga das unidades de saúde e dos profissionais, e a aproximar do inverno, o uso de máscara é mais vantajoso. Combate a covid e é eficaz para combater muitas das outras doenças respiratórias", diz Gustavo Tato Borges.

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