Acácio Pereira: "Há mais vida para além da extinção do SEF. Não há mais conversa"

Havia um "elefante na sala" e o presidente do maior sindicato do SEF quis enfrentá-lo de imediato. A quatro meses da extinção do serviço, Acácio Pereira despediu-se de cabeça erguida e a promessa de que os inspetores deste serviço vão "trabalhar num futuro bom para a instituição PJ e, sobretudo, para a investigação criminal e para a segurança do nosso país".
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Naquela que será a última conferência do Sindicato da Carreira de Fiscalização e Investigação (SCIF) do SEF, o seu presidente, Acácio Pereira, anunciou a sua despedida das funções e deixou alguns conselhos aos inspetores que vão transitar para a Polícia Judiciária (PJ).

Na presença do ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, e do diretor nacional da PJ, Luís Neves, na conferência sobre "A nova arquitetura do Sistema de Segurança Interna, pós reafetação de competências do SEF", o dirigente falou do "elefante na sala".

"O SEF vai acabar - e Deus sabe o que nós, inspetores, este sindicato e eu próprio, fizemos para impedir que tal sucedesse. Fizemos tudo no limite do possível para demonstrar que o interesse nacional ficaria melhor defendido com SEF, do que sem SEF. A questão, no entanto, é que vivemos numa democracia e num Estado de Direito. Nesta democracia madura que já é a nossa, os eleitos do povo, os que foram escolhidos para ocupar os órgãos de soberania, os governantes e os deputados, escolheram acabar com o SEF. O Governo propôs. O Parlamento legislou. E o Presidente promulgou. Para quem é democrata e aprecia os estados de Direito, como nós, podemos ter pena... - mas não há mais conversa", declarou.

A partir daqui, frisou Acácio Pereira, "competia-nos, a nós inspetores, e também aos ministros do Governo de Portugal, encontrar a melhor maneira de colocar os atuais inspetores do SEF a servir Portugal e os portugueses no novo contexto criado pela Lei aprovada na Assembleia da República". O dirigente sindical diz que a solução encontrada "para a passagem dos inspetores do SEF para a PJ, não é perfeita, mas é bastante satisfatória" porque "acautela os direitos e os interesses dos inspetores do SEF que vão agora abraçar um novo desafio profissional".

No seu entender "o que é importante é o país. O que é importante é o próprio processo democrático! É a União Europeia. São os cidadãos. É o projeto europeu e o humanismo que este contém. O importante é garantir que a imigração se faz em segurança! Que as vítimas são protegidas. Quer os criminosos são perseguidos e combatidos".

E completou "parafraseando o saudoso Presidente Jorge Sampaio: há mais vida para além da extinção do SEF!"

Acácio Pereira deixou um apelo aos seus camaradas para que, "a partir de agora" se concentrem em trabalhar num futuro bom para a instituição PJ e, sobretudo, para a investigação criminal e para a segurança do nosso país".

E que "todos se empenhem em olear as dobradiças para que estas ranjam o menos possível". "Todos devemos ser inteligentes. Todos devemos ser sensatos, criar pontes em vez de erguer muros. Aliás, na PJ, a maioria dos inspetores, a começar pelo seu diretor Nacional, tem sido excecional nas diferentes fases deste processo", concluiu.

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