A Arábia Saudita vai abolir a sentença de flagelação. "O Supremo Tribunal decidiu em abril retirar a flagelação da lista de sentenças que os juízes podem aplicar", diz o Supremo Tribunal num documento a que a sgência AFP teve acesso..O país tem sido bastante criticado por Organizações Não Governamentais (ONG) por persistirem ali várias violações de direitos humanos, incluindo a existência de uma sentença de flagelação aplicável em caso de assassinato, violação de "ordem pública" ou mesmo casos extraconjugais..O documento da maior autoridade judicial do reino não especifica uma data exata para a entrada em vigor desta norma, mas explica que a partir de agora os magistrados terão de optar pela prisão e / ou multas, além de penas alternativas, como o serviço comunitário, para "cumprir os padrões internacionais de direitos humanos (que proíbem) a punição corporal"..Esta decisão surge, de acordo com este documento, no contexto de "reformas sobre os direitos humanos", sob a supervisão do rei Salman e do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman. Este último, líder de fato do país desde 2017, tem sido particularmente atacado pelas organizações de direitos humanos, pois a abertura económica e social que o chamado "MBS" liderou foi acompanhada por uma maior repressão contra os dissidentes..O anúncio da supressão de açoites ocorre após duras críticas de ONGs contra o reino, depois da morte, há dias, na prisão, vítima de AVC, de Abdallah al-Hamid, ativista dos direitos humanos que cumpria uma pena de 11 anos. O homem foi acusado de "quebrar a lealdade" ao rei saudita, "incitar a desordem" e tentar desestabilizar a segurança do Estado, segundo a Amnistia Internacional..O caso do blogger saudita Raif Badawi , atualmente com 36 anos, foi dos mais emblemáticos dos últimos anos. Defensor da liberdade de expressão, ele foi condenado em 2014 a mil chicotadas e 10 anos de prisão por "insultar" o Islão.Em 2015, ganhou o Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento, concedido pelo Parlamento Europeu que pedia sua libertação "imediata".