A25: Um ano depois, processo arrasta-se em tribunal
Uma das justificações para a morosidade do processo prende-se com a quantidade de pessoas envolvidas, algumas das quais residentes no estrangeiro, e também ao número elevado de peritagens às viaturas.
Fonte ligada ao processo disse à Lusa que o mesmo irá ser retomado em Setembro, após as férias judiciais, esperando-se que ainda este ano haja uma decisão da parte Ministério Público.
Há um ano, a 23 de Agosto de 2010, pouco depois das 16.00, próximo de Sever do Vouga, a autoestrada A25 foi palco de dois brutais acidentes, quase em simultâneo, no mesmo local.
O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), que deslocou para o local um forte aparato, incluindo helicópteros, deu o primeiro sinal de que se tratava de algo dramático, anunciando o envolvimento de 50 veículos no desastre, alguns das quais incendiando-se de imediato.
Separados por escassas dezenas de metros, os dois acidentes ocorreram em ambos os sentidos da A25, o primeiro no sentido Viseu-Aveiro e o outro em sentido contrário.
A A25, que liga Aveiro a Vilar Formoso esteve cortada em ambos os sentidos durante várias horas, período durante o qual o INEM colocou no local viaturas de intervenção em catástrofe e postos médicos avançados para fazer a triagem das prioridades no transporte dos feridos que chegaram às dezenas aos hospitais da região, nomeadamente Aveiro, Coimbra e Viseu.
O então ministro da Administração Interna, Rui Pereira, deslocou-se ao local do acidente que considerou de "terrível", já durante a noite e num momento em que o balanço das vítimas estava consolidado: seis mortos (duas crianças, duas mulheres e dois homens), além de 72 feridos, dos quais 48 em estado grave.
Das mais de 50 viaturas sinistradas, 12 arderam, incluindo dois camiões. Centenas de veículos fizeram filas nos dois sentidos da autoestrada durante cerca de quatro horas, desde que ocorreram as duas colisões em cadeia.
As autoridades foram lestas a anunciar que as causas dos acidentes estavam a ser investigadas, mas algumas horas depois do primeiro embate, o major Nelson Couto, comandante do Comando Territorial da GNR de Aveiro, precisou que a chuva e o nevoeiro eram os primeiros suspeitos.
Os primeiros relatos de testemunhas dos acidentes, condutores que seguiam na A25, descreviam cenas horríveis, envolvendo salvamentos de crianças por outros condutores, pessoas severamente queimadas...
Custódio Lourenço, que viajava a caminho de Viseu, contou, pouco depois dos acidentes, à agência Lusa que ainda presenciou algumas das "cenas de terror" após o primeiro acidente em cadeia. "Vi um senhor que ainda conseguiu salvar a filha que estava dentro do carro".
O automobilista João Carlos Santos, que viajava entre Aveiro e Viseu, seguia logo atrás de algumas das viaturas envolvidas no primeiro embate e prestou ainda auxílio a uma mulher que tinha o cabelo e as roupas em chamas.
Um ano depois destes dois acidentes, o processo decorre em tribunal sem qualquer decisão, mas a concessionária da A25, a Ascendi, como noticiava a Lusa a 26 de Agosto, recebeu menos dinheiro do Estado em 2010 por causa da existência desta ocorrência, como prevê o contrato de concessão.
A Ascendi, que tem a concessão da A25, que faz parte da SCUT Beira Litoral e Alta, é penalizada nos pagamentos que recebe em função dos índices de sinistralidade, ao abrigo do contrato de concessão em vigor.
Em resposta escrita a questões da Lusa, a Ascendi referiu, na altura, que, "desde a abertura do sublanço de que este local faz parte (em Setembro de 2005), nenhum acidente" se tinha ali registado. A A25 resultou da transformação em autoestrada do IP5.