A Sabedoria e o Humor de Oscar Wilde
A profusão de edições recentes que compilam pensamentos e aforismos de Oscar Wilde faz esbater significativamente o interesse do presente livro. Sempre espirituosas, as citações do autor de O retrato de Dorian Gray aqui reunidas, centradas nos capítulos do humor e da sabedoria, estão demasiado presentes na maioria de nós para que da sua leitura consigamos extrair algo mais do que uma nostalgia estéril. Por cruel que pareça, a verdade é que Borges não andava longe da verdade quando definia Wilde como “um típico autor da juventude”, ou seja, alguém que lemos até à exaustão na adolescência – a ponto de decorarmos na perfeição as suas passagens mais célebres –, fascinados pela sua irreverência e pela vontade indómita de afrontar os ditames rígidos da sociedade. O regresso aos livros do autor irlandês traz sempre consigo a desilusão: as citações que anos antes nos pareciam viçosas irresistíveis (“Sei resistir a tudo menos às tentações” ou “não tenho nada a declarar, a não ser o meu génio” são disso exemplo), soam-nos agora forçadas, como se procurassem apenas chocar e sobressaltar a quem se destinam, por mais vazio que fosse o seu significado concreto. A sobreexposição dos famosos aforismos de Wilde não é alheia a este facto, o que, por outro lado, demonstra que a sua obra continua bem viva, ao contrário do que acontece com quase todos os outros autores do seu tempo, cujas obras se encontram esgotadas há longos anos, sem perspectiva de reedições.
3/5
A Sabedoria e o Humor de Oscar Wilde
OSCAR WILDE
CASA DAS LETRAS