A inovação tecnológica está a transformar o mundo, mas a escola em Portugal parece estar alheada dessa transformação..Para além da urgente atualização dos programas das disciplinas, a mudança deve também chegar às metodologias de ensino. As exigências que dentro de 15 anos irão confrontar quem agora inicia o seu percurso escolar são necessariamente diferentes das atuais. É necessário pensar, hoje, em como maximizar as hipóteses de sucesso dos jovens portugueses no mundo global e digital..As alterações estruturais que a escola do futuro exige passam, necessariamente, pela modernização da sala de aula, que não sofre alterações significativas há mais de dois séculos. Mais do que incorporar tecnologias é essencial mudar metodologias..Uma das características necessárias destas novas salas de aula é serem constituídas por áreas de aprendizagem, com mobiliário e equipamentos específicos, sendo todos os elementos amovíveis para possibilitar total flexibilidade na adequação aos cenários e formas de aprendizagem possíveis..Imperativo também é acelerar a transição para manuais escolares digitais, tornando o estudo não só mais interativo, como solucionando a questão dos cerca de 12 quilos que muitas crianças transportam diariamente nas mochilas..E tal como, atualmente, todos consideramos essencial que as crianças aprendam inglês desde o ensino básico, é imprescindível que os alunos tenham disciplinas de programação desde o início do percurso escolar, no primeiro ciclo..Outra vertente que considero essencial é a promoção de cidadãos completos, informados e com sentido crítico. Acredito que a formação dos jovens nas áreas da cidadania é de incontornável importância no desenvolvimento de uma consciência de comunidade, no incentivo à intervenção na sociedade e nos níveis de literacia, pelo que deve também estar incluído no sistema educativo em Portugal. Isso obriga a que se assuma o carácter de obrigatoriedade da disciplina de Educação para a Cidadania, do 1.º ao 12.º ano de escolaridade, incluindo como prioridades a formação em áreas como Ambiente, Cultura e Arte, Voluntariado, Ciência, Saúde, Empreendedorismo, Política e a Educação para o Futuro e para a Autonomia..Só uma mudança transversal na educação em Portugal pode motivar os alunos na sua diversidade, promover cidadãos conscientes e participativos, e em simultâneo, prepará-los para o mundo global e digital que já é uma realidade, mas que se vai modificando e intensificando rapidamente..A escola do futuro é aquela que cria e potencia as bases para a futura requalificação, adaptação, autorrealização, ao mesmo tempo que reforça a identidade cívica de cada jovem. Não é uma educação estanque, com um modelo desatualizado de sala de aula, isolado numa bolha por vontade própria, com poucos recursos tecnológicos, que irá preparar e capacitar futuros adultos para os desafios de um mundo e de uma economia que funcionam, em rede e numa base digital, a uma velocidade estonteante..Presidente da JSD