Andrzej Spitzman Jordan nasceu em 1933 na Polónia. No mesmo ano em que Hitler chegava ao poder na Alemanha. O ditador marcou a sua vida para sempre: fez a sua família sair da Polónia para percorrer meio mundo e vir parar a Portugal. Para recordar inúmeros episódios da sua vida André Jordan acaba de republicar um livro com as suas memórias ao qual acrescentou mais capítulos. São agora mais de 700 páginas com múltiplas histórias de uma vida rica que acompanhou quase sempre na primeira pessoa os grandes acontecimentos das últimas oito décadas do mundo ocidental. Desde a vivência com importantes intelectuais e políticos à sua passagem apaixonada pelo jornalismo na juventude, ou ainda o encontro com Salazar, André Jordan, responsável por empreendimentos que mudaram o turismo português, falou com o DN também do presente. Dos políticos portugueses e, claro, da pandemia que vivemos..O que guarda da sua terra natal, Lwów, na Polónia, e que agora faz parte do território da Ucrânia? Tenho memórias esparsas e algumas não sei exatamente se são minhas ou de histórias que a minha mãe me contava. Numa das visitas dos meus avós maternos a nossa casa, eles moravam em Varsóvia, lembro-me de correr para o meu avô, na altura devia ter uns 5 anos, e perguntar o que me tinha trazido. O meu pai, Henryk Alfred Spitzman, repreendeu-me de imediato, contudo o meu avô disse que enquanto ele lá estivesse não havia castigos. Ainda hoje faço o mesmo com os meus netos, não os castigo [risos]. Também me lembro dos lugares, dos espaços, de onde morávamos em Lwów [ou Lviv], que era em frente a um parque, aliás conseguimos encontrar uma foto do prédio e colocámos no livro..E como era a sua relação com o seu pai? Ele era de uma geração em que os filhos estavam ao serviço dos pais, era muito crítico e exigente. Foi uma relação muito difícil. Mas tenho a certeza de que ele gostava muito de mim como eu gostava muito dele. Era um homem impulsivo, criativo e um pouco inconsequente. Veio da indústria do petróleo e tinha temperamento de jogador, aliás jogava muito, às vezes noites inteiras. E correu muitos riscos. Umas vezes deu-se bem e outras nem tanto, mas conseguiu dar sempre a volta. E isso, numa primeira fase da minha vida, influenciou-me. Não tinha negócios mas fui um pouco inconsequente na forma de viver e gastar dinheiro. O mais engraçado é que o meu pai sabia tudo sobre as regras sociais, e na altura havia muitas. E só recentemente, lendo a história daquela região, a chamada Galiza Polaca - e que assim se chama porque um rei polaco quis homenagear um rei de Espanha -, percebi como é que ele sabia tudo isso tendo vindo de uma cidade como Drohobycz. Aliás, já divorciado da minha mãe, foi buscar-me a Nova Iorque para viver com ele no hotel Copacabana Palace, que era um dos centros da vida do Rio de Janeiro. Foi por lá que conheci a movida da cidade. Havia de tudo, dos políticos a artistas, da prostituição tanto masculina como feminina aos jornalistas e às personagens da cidade..E da sua mãe, com quem viveu em Nova Iorque, que memória guarda? A minha mãe era de Varsóvia, era universitária. A cidade na altura dela era um caldeirão cultural fantástico. Sem falar no culto a Chopin, que só quando lá fui anos mais tarde é que percebi como é adorado. Costumo dizer que Chopin é a Nossa Senhora de Fátima da Polónia. Ele teve educação francesa mas, pelo que via no cinema, tinha o sonho americano. Quando a minha mãe foi viver para Nova Iorque integrou-se muito bem, mesmo depois do divórcio com o meu pai. Mais tarde acabou por ir para Paris, regressar ao Brasil, onde a vida lhe foi mais difícil com o dinheiro brasileiro a valer cada vez menos e a insegurança a aumentar. Os seus últimos sete anos de vida viveu comigo aqui em Lisboa..Chegou a conseguir ter nacionalidade polaca, ou melhor, a recuperá-la? Não. O meu pai nacionalizou-se brasileiro, e eu só o consegui fazer aos 21 anos, conforme a lei da altura. Mas para tal tive de renunciar ao passaporte polaco. E durante três anos tive um passaporte das Nações Unidas, um passaporte amarelo, o pior de todos, de apátrida. Uma vez fui ter com o meu pai à Venezuela e fiquei retido no aeroporto duas horas porque eles nunca tinham visto um passaporte daqueles. Mas sinceramente nunca me preocupei com a nacionalidade polaca. O Brasil é muito absorvente, qualquer pessoa que passe um ano por lá fica meio brasileira. Há uns anos estive numa reunião de executivos e de pessoas muito importantes do mundo de negócios em Manhattan. Fiquei numa mesa com pessoas que tinham trabalhado no Rio de Janeiro e em São Paulo, e ao fim de meia hora já estávamos a cantar música brasileira. Os outros, nas outras mesas, a discutir a economia mundial e nós a cantar [risos]. Depois, quando vim para Portugal, o Brasil mudou a lei para não perder os seus cidadãos na diáspora e deixou de permitir ter dupla nacionalidade. E aí passei a ter passaporte português. Mas nunca insisti muito para ter o passaporte polaco, era um grande processo burocrático. Hoje tenha dupla nacionalidade, portuguesa e brasileira, mas costumo dizer que a Polónia é a minha terra, o Brasil a minha pátria e Portugal a minha casa..E como foi viver no Rio de Janeiro nos anos do início da bossa nova e do samba e conviver com os artistas da altura? Foi uma época mítica, não? Bem, para mim não foi mítica, era a minha vida normal. Mas ajudei muito a promover tanto a bossa nova com as escolas de samba. Sabe, na minha geração as pessoas tinham muito poucos interesses. Namoravam, iam à praia, pouco mais. Não estavam muito interessadas em arte, literatura, música ou até mesmo cinema, que era visto não como arte mas como diversão. E até na elite, iam às corridas de cavalos aos domingos e pouco mais. Quando comecei a andar nos meios mais artísticos, fruto da vivência no Copacabana Palace e da influência da minha mãe, fui descobrindo o sentido cultural de muitas coisas. Na altura a bossa nova tinha muito pouca expressão e era muito combatida pelos tradicionalistas brasileiros, e havia a ideia de que aquilo era americanizado. Cheguei a promover em minha casa a bossa nova junto de artistas internacionais que vinham ao Brasil. E as escolas de samba ainda foi uma aventura maior. Ninguém sabia bem o que era, porque aquilo tinha um desfile numa zona muito pouco interessante da cidade, e um dia conheci o Zé Keti, figura importantíssima para o samba, e ficámos amigos de todos os dias. Foram tempos muito felizes, as pessoas naquele tempo eram, em geral, muito felizes mas depois o país foi mudando....Antes disso, e também no Rio de Janeiro, foi jornalista durante vários anos. Tem saudades da profissão? Sim, tenho saudades. Adoro jornalismo, tenho mesmo paixão pelo jornalismo. Hoje sou mais leitor do que qualquer outra coisa. Temo pelo desaparecimento da informação em papel e vivo com a esperança de que haja uma volta, mas é difícil. A maneira de saber notícias hoje é diferente. Mas encontra-se muita coisa boa nos jornais, mesmo em Portugal. Os jornais cá só têm um problema, os artigos são muito prolixos, quase sempre demasiado grandes. Mas no Times de Londres, no Financial Times, no The New York Times ou no The Washington Post há artigos muito bons. Mas o meu destino estava traçado, o meu pai conseguiu arrancar-me do jornalismo, não havia volta a dar. Mas ainda cheguei a montar uma revista, a Visão, no Brasil, que já não existe, que era de uma empresa norte-americana que tinha criado a Vision para toda a América Latina, e decidiram fazer uma versão para o mercado brasileiro. E consegui fazer aquilo com algum sucesso..E como é que Portugal volta a aparecer na sua vida, depois de cá ter passado durante a Segunda Guerra Mundial? O meu pai era maçon de alto grau e teve sempre muitos contactos em Portugal. No período em que o [Leonel] Brizola foi governador do Rio de Janeiro o meu pai decidiu começar a fazer negócios em Portugal. A dada altura a situação financeira no nosso grupo não estava muito boa e assumi o cargo de diretor internacional na multinacional de imobiliário Levitt. Um dia estava nas Bahamas, conto isso no livro, a ver uma ilha para um empreendimento e um sueco que estava na mesa ao meu lado, e que vivia em Portugal, falou-me do Algarve. E aquilo ficou. Mais tarde e depois de umas peripécias, vejo um anúncio no jornal Le Figaro para o concurso público para a concessão do Casino de Vilamoura, e percebi que Portugal estava a mexer. Liguei ao João Caetano, filho do Marcello Caetano, que era arquiteto e tinha trabalhado com o meu pai, e ele disse-me que tinha mesmo de vir para Portugal. E vim no final da década de 1960..Veio para Portugal revolucionar o turismo, com a Quinta do Lago e outros empreendimentos. Na altura pouco ou nada existia... Não foi bem assim. Tentei, e continuo a tentar, convencer o país a dedicar-se ao turismo de qualidade e residencial que é o que dá dinheiro. Mas o turismo tem sido sempre negligenciado. Portugal é um estilo de vida, é sóbrio, elegante de verdade, é seguro e as pessoas são educadas. É um local fantástico para viver. Contudo, há uns anos deu-se um fenómeno curioso e Portugal começou a ser um país barato e as pessoas começaram a vir. O turismo pegou nisso, promoveu o país, trouxe centenas de jornalistas estrangeiros a conhecer o país, mas aquilo que ficou é que somos um destino barato, francamente barato. E colocou-nos num beco. O Estado e os empresários deviam promover o tipo de turismo que investe, que não quer nada, não tira nada e só põe, e esse é o turismo que interessa..Voltando atrás, chegou a reunir-se pessoalmente com Salazar, como conta no livro. Como foi esse encontro? O meu pai gostava de mexer em política e era o líder do movimento a favor da Europa livre no Brasil, que queria ajudar a acabar com a Cortina de Ferro e o comunismo. E nesse sentido tinha uma grande afinidade com Salazar. E descobri que Salazar tinha por ele um grande fascínio, porque eram opostos. Um dia o meu pai organizou a visita de um secretário de Estado assistente norte-americano a África, para verificar que as coisas nas colónias portuguesas não eram assim tão más como a imprensa e a política dos EUA diziam. E por isso Salazar ficou muito reconhecido ao meu pai. Quando o meu pai morreu, Salazar enviou-me um cartão manuscrito na frente e no verso, completamente ilegível. Aos poucos fui decifrando e percebi que era uma coisa simpática. E um dia quando vim a Portugal pedi-lhe uma audiência e fui ter com ele a um sábado, às três da tarde, ao Forte de Santo António da Barra, em São João do Estoril. Juntamente com a minha primeira mulher, fui lá e conversámos muito. O grande momento foi quando ele me disse, na sua voz muito própria, que tinha dito ao general Franco, "se Espanha entra na guerra pelo lado do Eixo, Portugal entrará pelo lado dos americanos. Eu salvei a Espanha de entrar na guerra!" Ele nunca escreveu ou disse isso tão abertamente como naquele dia. Lembro que nessa tarde ele estava com vontade de conversar, e aí coloquei o meu chapéu de jornalista e fiz muitas perguntas. Era uma pessoa com muito carisma, nessa conversa percebi como ele seduzia as pessoas..Entretanto veio o 25 de Abril e saiu do país. Como foram esses tempos ? Guarda algum rancor dessa época? Houve alguma confusão, normal numa situação daquelas. Mas os negócios pararam, a Quinta do Lago já existia mas ainda estava no início. Eu e um homem chamado Silvério Martins, na altura administrador delegado da Lusotur, da qual vim a ser dono anos depois, concebemos um "plano de hibernação" para convencer o governo a apoiar as empresas válidas com crédito para as manter a funcionar e manter os empregos. O governo não estava muito interessado em nacionalizar o turismo, porque havia muitos investidores estrangeiros, e não era considerado um setor vital, aliás ainda hoje não o consideram e essa tem sido a minha grande luta. Mas apresentámos esse plano ao ministro da Economia da altura, o Rui Vilar. E o plano foi adotado. Só que, em vez de o fazerem diretamente com as empresas, criaram um organismo para administrar as empresas, uma vez que os sindicatos não queriam que os administradores ficassem. O plano só avançava se eu e os outros empresários fôssemos afastados, o que aconteceu. Mas foi esse nosso plano que na verdade salvou o turismo, porque não foi nacionalizado e não foi à falência, pelo menos no Algarve. Nessa altura fui-me embora e fiquei sem fazer nada, comecei a ficar neurótico. Não guardo rancor, mas tive sim o trauma psicológico porque veio à memória a guerra e a saída da Polónia para o exílio, mas só isso. Nunca fui a favor da ditadura. Depois estive seis anos fora de Portugal, passei pelos Estados Unidos e depois voltei ao Brasil, onde as coisas correram mal. Entretanto, regressei a Portugal, consegui reassumir a minha empresa com a ajuda do engenheiro Jardim Gonçalves no BCP. E depois fiquei por cá e é a história que todos conhecem..Nos últimos anos conviveu com vários presidentes e primeiros-ministros de Portugal. Teve ligações próximas com alguns deles? Convivi menos com Cavaco Silva. Mas muito com Jorge Sampaio, de quem sou próximo e amigo e por quem tenho uma grande admiração e afinidade. Ele é mais novo do que eu, mas estivemos na mesma altura nos EUA e fomos ambos influenciados pelo Franklin Roosevelt e pelas suas ideias do New Deal americano. Aliás, essa é ainda hoje a minha filosofia política. A de Jorge Sampaio talvez tenha guinado mais para a esquerda, pela ditadura portuguesa, mas ele foi sempre um grande líder apesar de ser um homem sóbrio. Também tive uma relação próxima com a família Soares e com João Soares, que é um bom amigo, de quem gosto e admiro muito. E tive muita pena pelo incidente estúpido pelo qual ele deixou de ser ministro da Cultura, porque seria certamente um muito bom ministro. Tive uma boa relação com o António Guterres. Mas tive também boas relações com outras pessoas da vida pública e económica. Digo que o Américo Amorim, o Soares dos Santos, o Jardim Gonçalves e o Pinto Balsemão são os meus contemporâneos. Eles são mais importantes do que eu mas começaram as suas grandes carreiras ao mesmo tempo que eu. E nas férias todos frequentaram a Quinta do Lago e ficámos amigos..Com essa experiência e tendo conhecido vários presidentes da República, como olha para Marcelo Rebelo de Sousa em Belém? Marcelo é um caso muito interessante de um político pós-moderno. Ele não tem ideologia, tem sim tendências ou simpatias. Não depende de apoios ou de propaganda. Depende unicamente da sua comunicação com a opinião pública. É um caso único, não conheço outro. Enquanto todos os presidentes anteriores, até mesmo o Dr. Mário Soares, tinham uma certa hesitação nos seus limites como presidente, Marcelo não tem limites, digamos assim. Ele tem uma influência que nenhum outro presidente teve. Acho-o muito interessante..E António Costa? Acho que é um grande profissional. Mas não posso dizer mais. Ainda vamos ver se ele consegue resolver esta difícil situação que vivemos.Como vê o Portugal de hoje, certamente muito diferente do país onde se estabeleceu há 50 anos? Disse numa entrevista recente que o país mudou mas os portugueses não. E explico. Disse isso no bom sentido e no mau. No bom sentido porque os valores portugueses, da lealdade, da solidariedade humana, continuam. Por outro lado, o não tomar decisões e não se unirem nas causas também continua. Dou o exemplo do setor do turismo e do imobiliário. Os empresários do setor não se juntam no sentido prospetivo e construtivo para enfrentar a pandemia..Preocupa-o como a pandemia está a afetar o turismo? É interessante que os vários governos, o dos EUA incluído, a única forma que encontraram para sair disto foi através de uma solução keynesiana. Colocar dinheiro nas empresas sem se preocuparem com a dívida - e que deu certo na grande crise do subprime. E é isso que se tem de fazer agora, porque pagar às pessoas para não trabalhar é um erro! Tem de se pagar para trabalhar e sustentar as empresas mesmo com prejuízo, senão não há perspetivas de retoma. Se assim não for vão fechar hotéis e restaurantes e hipotecar um património que foi feito com dinheiro privado..E a nível pessoal como está a viver a pandemia? Divorciei-me há pouco tempo e por isso estou aqui sozinho nesta casa, neste pequeno paraíso do Belas Clube de Campo. Tenho família aqui perto, mas nesta segunda vaga, que é difícil de interpretar, tenho evitado ter contacto com a minha família. Os mais jovens andam na escola e eu estou no grupo de mais alto risco. Temos de esperar. A pandemia assusta-me, mas não tenho medo da morte, sei que estou na divisão de acesso [risos]. Sinceramente o que me preocupa mais não é tanto o vírus mas sim as sequelas. Prefiro morrer a viver com sequelas desagradáveis..É de famílias judaicas, depois foi educado como católico. É um homem religioso? Sou um homem de fé. E não há qualquer problema, a questão são os valores morais e éticos e esses são muito parecidos. O ritual religioso é isso mesmo, um ritual. Faço o meu próprio ritual. Tenho fé, rezo, sou adepto de Cristo e de Fátima..E como passa os seus dias, ainda ligado aos negócios a ver e ouvir o canal Mezzo como tanto gosta? Vai de dia para dia. Trabalho com a publicidade e com a parte estratégica da minha empresa, mas não faço a gestão, essa é feita pelo meu filho mais velho, Gilberto Jordan, que é o administrador, e o meu quarto filho, o Henrique, o diretor financeiro. Mas com o confinamento os dias e as noites emendam-se. Nunca sabe qual é o dia da semana, são iguais uns aos outros, e estes iguais ao sábado e ao domingo. Então, passo os dias entre leituras, a escutar o Mezzo e a CNN, que nas últimas semanas, com as eleições norte-americanas e o Trump, tem ocupado muito os meus dias..A sua vida já deu um livro, acha que também dava um filme? Não sei. Nunca pensei nisso, tem de perguntar a um cineasta. Mas um filme é uma coisa passageira, há alguns filmes que ficam, mas são muito poucos... aliás já me perguntaram como queria ser lembrado, respondi que ninguém é lembrado, as pessoas passam. Este livro foi feito a pensar nos meus descendentes mais do que por qualquer outra razão..A nova edição do livro Uma Viagem pela Vida tem novos capítulos acrescentados à edição original, publicada em 2019. Nele, André Jordan conta episódios de oito décadas de memórias na primeira pessoa. Nele descreve através de retratos íntimos as personagens com quem se cruzou: aristocratas, políticos, estadistas, estrelas de cinema, grande artistas. Com posfácios de Teresa Patrício Gouveia e Luís Braga da Cruz, esta é, nas palavras do próprio autor, "a história de uma vida vivida com amor, com tanto de exaltação quanto de desilusão".