"A partir do Rossio os agentes da PSP começaram a seguir-nos"
O objetivo era "fazer uma manif pacífica", garante. Edgar (pediu para não divulgarmos o seu apelido), 22 anos, foi um dos manifestantes que esta tarde de segunda-feira protestou frente ao Ministério da Administração Interna na sequência das agressões policiais de domingo no Bairro da Jamaica, no Seixal.
Imagens que correram o país e que revoltaram o jovem: "Eu vi o vídeo e fiquei indignado por estarem a bater numa senhora de idade. O que mais me revoltou é que podia ser a minha mãe", afirmou ao DN, ainda segurando o megafone que usou na manifestação.
Apesar de não ser morador do Bairro da Jamaica - "vivo num sítio calmo e pacífico, mas sinto que podia ter acontecido com a minha mãe" - achou que o caso merecia vir "para a rua e espalhar a mensagem".
Os desacatos ocorreram após a desmobilização junto ao MAI. "Estávamos na Baixa e a partir do Rossio os agentes começaram a seguir-nos até ao Tivoli", na Avenida da Liberdade, descreve Edgar,
Nesta avenida, segundo a PSP, os agentes tentaram fazer com que os manifestantes saíssem da zona central, de forma a permitir circulação automóvel, tendo nesta altura algumas pessoas lançado pedras contra os agentes - o que motivou tiros de bala de borracha por parte da polícia.
Edgar tem uma versão ligeiramente diferente: "Subimos até ao Marquês, estávamos a ser encurralados. Íamos pela estrada, depois pelo passeio. Parámos na rotunda do Marquês, Não estávamos a fazer nada, eles (a polícia) é que começaram a apertar". Referindo a presença de "polícias a civil" entre os manifestantes, afirma que estes é que deram início aos disparos. "Eu vi pessoas que atiraram pedras, mas foi muito depois dos tiros", garantiu.
"Começam a dar tiros e a malta entra em pânico, começa a correr para todos os lados", afirma. "Os polícias aproveitam essa desculpa para bater, porque aí já parece que está a haver uma rixa. Como estão a correr parece que estão a atacar os polícias", refere.
Quanto à situação que vive, Edgar afirma não se sentir em segurança."Temos o direito de ter medo, porque além de tudo somos jovens, ninguém quer morrer aos 18 ou 19. As pessoas têm que ouvir a opinião dos outros". Com RSF