A pão e água, a ver Bambi, a ouvir Beethoven. As mais improváveis condenações nos EUA
Durante o próximo ano, David Berry Jr tem apenas uma certeza: vai ter de ver Bambi, o filme da Disney, uma vez por mês. Foi isso que ordenou um tribunal do estado norte-americano do Michigan ao proferir a sua sentença.
David vai passar um ano na prisão por ter decapitado centenas de veados nas florestas onde vive. Além de caçar os animais ilegalmente, retirava apenas as suas cabeças e depois deixava os corpos a apodrecer ao ar livre.
O clássico da Disney, que estreou em 1942, tem uma cena marcante: a morte da mãe de Bambi às mãos de caçadores. O juiz quis por isso confrontar o caçador com as consequências da sua prática. De uma forma... original.
Mas o caso de David Berry está longe de ser o único na justiça dos Estados Unidos. Ao longo dos anos, há vários casos de condenações no mínimo improváveis.
Em 2005, um juiz do Ohio ordenou a uma mulher que passasse uma noite ao relento na floresta, sem tenda, comida ou aquecimento. Michelle Murray tinha abandonado 35 gatinhos num parque - e quase todos morreram de frio.
A sentença foi cumprida em novembro, o que levou o tribunal a recuar e deixar a mulher acender uma fogueira, devido às baixas temperaturas. Entre as hipóteses que o juiz lhe deu - prisão, multa ou uma noite na floresta - não hesitou e foi mesmo para o meio das árvores.
Há cinco anos, no Oklahoma, um rapaz foi condenado a frequentar a igreja durante uma década inteira. Tyler Lared tinha 17 anos e teve um acidente com um camião, matando o seu melhor amigo. Tinha álcool no sangue, mas em valores mínimos. A própria família da vítima pediu ao juiz que não estragasse a vida do rapaz com uma sentença demasiado dura.
Tyler foi por isso condenado a terminar o liceu, apresentar-se anualmente a exames de despistagem de álcool e drogas e frequentar a igreja durante 10 anos.
Depois há o rapper que punha a música demasiado alto. Andrew Vactor foi condenado a pagar 150 dólares por ter excedido os níveis de ruído do Ohio quando ouvia a sua música - rap - demasiado alto.
A juíza deu-lhe a opção de reduzir a multa para 35 dólares, se ele aceitasse ouvir Beethoven durante 20 horas. Andrew começou por aceitar, mas ao fim de 15 minutos desistiu e pagou o valor integral.
Não é que não apreciasse música clássica, justificou-se, simplesmente não tinha tempo para cumprir a pena.
Por fim o caso de Melissa Dawn Sweeney, condenada por abuso dos direitos dos animais no Texas. Acusada de quase deixar morrer à fome dois cavalos, o juiz Mike Peters condenou-a a um mês de prisão em 2005, mas com duas variáveis incomuns.
A primeira foi que instalassem na sua cela fotografias em tamanho gigante dos dois animais. A segunda foi que cumprisse os primeiros três dias na prisão sem poder consumir mais nada que não fosse pão e água.