Já lhe chamam a princesa da pop nacional e a verdade é que agora, aos 20 anos, está também prestes a entrar na realeza da pop internacional. O primeiro cartão-de-visita foi o singleCan't Fight This Feeling, lançado em janeiro e que marcou a estreia da cantora portuguesa pela editora americana Beverly Martel e com o aclamado produtor e agente inglês Sandy Roberton (que já colaborou com artistas como Avril Lavigne ou Florence + The Machine)..Seguiram-se entretanto mais dois singles, Temporary Love, e, já neste mês, Far from Home, "uma música de aconchego" para estes tempos de pandemia, com a qual concluiu um EP digital homónimo, que tem como objetivo dar a conhecer aos fãs "a nova" April Ivy, como a própria assume em entrevista ao DN. "Passei por uma mudança de agência, de toda a estrutura que me acompanha e estas músicas mostram quem eu sou agora", explica a artista, que começou a carreira com apenas 9 anos, a fazer dobragens para filmes da Disney e conta já com um álbum, game.of.love, editado no ano passado..Apesar de ser uma canção assumidamente de amor, o novo singleFar from Home não poderia ter um nome mais apropriado para estes estranhos tempos em que vivemos... Essa música já foi escrita há cerca de um ano e pensei várias vezes se a deveria editar agora, devido a toda esta situação. Mas fi-lo porque sinto que, de certa forma, fala sobre tudo aquilo que estamos a passar neste momento, porque, apesar de estarmos todos em casa, também estamos longe de alguém ou de algo de que gostamos. É uma canção que fala sobre estar longe de casa, que é algo que pode ser adaptado por cada um como bem entender..Como é que a pandemia a afetou? Enquanto artista como tem vivido estes dias? Tem sido uma fase muito difícil para todos, não só para os artistas mas também para todas as restantes pessoas envolvidas no meio musical. Os concertos são a nossa principal fonte de rendimento e como não há espetáculos não está a ser fácil para ninguém. No caso desta música até tive alguma sorte, porque já a tinha gravado e o vídeo também já estava pronto. Tinha o material preparado para ser lançado, mas há muitos artistas que ficaram com trabalhos a meio, daí também haver tantos álbuns a serem adiados. A nível mais pessoal, consegui regressar de Londres antes de ficar caótico, voltei mesmo a tempo para Portugal..E enquanto esta situação não se resolver, acredita que vai surgir alguma solução? Acredito que mais tarde ou mais cedo algo vai ter de acontecer. Os concertos online começaram de uma forma muito espontânea, por iniciativa dos próprios artistas, mas talvez possamos tirar algum rendimento daí, talvez através de patrocínios de marcas, que com isto já perceberam a forte ligação que os fãs têm com os seus artistas favoritos. Os meus números, por exemplo, estão a triplicar em todas as plataformas. Todos estão a precisar de um miminho nesta altura difícil e a música é sempre uma boa companhia..É o terceiro single que lança neste ano, com o qual completa um EP totalmente diferente das sonoridades que compõem o seu primeiro álbum, game.of.love, editado no ano passado. Esse primeiro disco, no fundo, quase era mais uma coletânea, porque reunia canções que fui fazendo ao longo dos anos. Mas entretanto passei por uma mudança total na minha carreira, tanto de agência como da estrutura que me acompanha e estas músicas mostram quem sou agora, representam toda uma nova fase. Até apaguei todo o meu Instagram anterior e tudo, para não haver confusões (risos). Este EP terá apenas uma versão digital, já está disponível em todas as plataformas, e, a ter de escolher a canção que melhor me representa agora enquanto artista, era precisamente esta última, Far from Home..E vai gravar um novo álbum ou acha que já não faz sentido apostar nesse formato, num tempo em que a música é ouvida essencialmente nas plataformas de streaming? Vivemos um tempo em que tudo é possível e nada está errado ao nível da indústria musical. Pessoalmente sinto que só se deve começar a lançar álbuns quando já se tem uma base de fãs sólida. Mas sim, um novo álbum é uma possibilidade que está em aberto..Como é trabalhar com uma pessoa como o Sandy Roberton, que já representou artistas de renome mundial como Avril Lavigne ou Florence + The Machine?Quando ele disse que me queria representar, foi o maior elogio que poderiam ter feito à minha música. Fiquei mesmo muito feliz dele querer trabalhar comigo, porque é uma pessoa com muita experiência, muito por dentro da indústria, mas que continua muito atual, em termos de tendências..Como é que uma menina que começa aos 9 anos a fazer dobragens para filmes da Disney acaba, poucos anos depois, a cantar para milhares de pessoas em festivais como o Rock in Rio ou o Meo Sudoeste? Desde pequena que sabia que era isto que queria. Lembro-me de que aos 9 anos já tinha uma banda e quando me perguntaram qual era o meu palco de sonho, respondi o Alive e o Rock in Rio (risos). Sempre adorei o palco e o estúdio, tinha esse imaginário e foi por isso que fui fazer as dobragens para a Disney..Como é que isso aconteceu? Um dos produtores da Disney em Portugal morava no prédio em frente e pedi à minha mãe para ir falar com ele. Ela disse que não ia, que se quisesse para ir eu. E um dia, ao ir para a escola, vi-o no café e fui ter com ele. Disse-lhe que gostava de música, mas também não me importava de fazer dobragens. Ele achou piada e marcámos um casting, para gravar a minha voz. Passada uma semana fui chamada para participar na versão portuguesa do Toy Story 3..Também faz músicas para outros artistas, certo? Sim, é um dos desafios que mais gosto, a nível profissional, compor para outros artistas, mais fora da minha zona de conforto. Certas músicas até assino com um outro nome, não por ter vergonha desse trabalho, mas apenas para não criar confusão nos fãs..Recebeu um convite do Marco Paulo para lhe escrever uma música, certo? Não deve haver algo mais fora da sua zona de conforto. Sim, o Marco Paulo pediu-me para lhe escrever uma música, é verdade. Apenas pediu uma balada e uma boa balada tanto funciona para um miúdo de 8 anos como para uma pessoa de 80..Gostaria de deixar alguma mensagem aos seus fãs? Temos de nos adaptar a estas novas circunstâncias e tirar o máximo partido da situação. No fundo foi neles que pensei quando tomei a decisão de editar agora este single, Far from Home. É uma música de aconchego, é esta a palavra que me vem à cabeça quando a oiço.