Este foi o filme de abertura da última edição do Doclisboa. Uma ficção com traços de um cinema que procura documentar uma determinada realidade urbana através das suas personagens.
No caso, falamos das vivências mais ocultas da capital portuguesa. Justamente, pegando na figura em vias de extinção do alfarrabista lisboeta (interpretado por António Mortágua), Manuel Mozos retrata um quotidiano quase obsoleto - um pouco na linha dos filmes do finlandês Aki Kaurismäki -, que se vê agitado por um conjunto de pequenos eventos.
Tudo gira em torno desta personagem "melancómica" que dedica todo o tempo aos outros, num eterno adiamento da sua escrita poética. Assim, a vida vai escrevendo por ele, num estilo de comédia suave (e aqui salientar o trabalho dos argumentistas Mariana Ricardo e Telmo Churro) que nos liga a este simples e afável universo.
Classificação: *** (Bom)