"A Macedónia do Norte não é uma potência, mas exige respeito e é preciso atenção ao Elif Elmas"

Drulovic, ex-jogador de FC Porto e Benfica, orientou o adversário de Portugal no <em>playoff</em> decisivo de terça-feira e explica porque é preciso ter cuidado com esta seleção unida e coesa.
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Para estar no Mundial 2022, Portugal terá de vencer a Macedónia do Norte na final do playoff, terça-feira, no Estádio do Dragão. Quando todos (ou quase) esperavam um Portugal-Itália, a equipa macedónia eliminou os campeões da Europa e ouviu o primeiro-ministro do país, Dimitar Kovacevski, apelidar os jogadores de "heróis". Mas afinal o que vale esta seleção que ocupa o 67.º lugar do ranking FIFA e com quem a equipa das quinas apenas fez dois particulares (1-0 em 2003 e 0-0 em 2012)?

"Acima de tudo é uma seleção muito unida, humilde, coesa, que trabalha muito e com um espírito de equipa muito forte. Os jogadores têm qualidade e já experiência de ligas mais experientes como a espanhola e a italiana. Têm um compromisso muito forte com o selecionador, que os conhece bem", resumiu Ljubinko Drulovic ao DN, ele que foi selecionador da Macedónia do Norte em 2015 (fez cinco jogos antes de se mudar para o Partizan).

Para o ex-jogador sérvio de FC Porto e Benfica, "Portugal é o grande favorito, mas tem de respeitar muito a Macedónia do Norte", que já surpreendeu grandes seleções, como a Alemanha (2-1, em março de 2021) e agora a Itália (1-0), mas também à Islândia (3-1, em novembro de 2021), no jogo que os apurou para o playoff de acesso ao Qatar. "Não são uma potência do futebol, mas qualquer equipa que jogue contra eles sentirá dificuldades. Jogam em contra-ataque, são rápidos nas transições ofensivas e exploram a velocidade dos homens da frente", avisou o agora selecionador adjunto da Sérvia.

Drulovic não tem dúvidas que os macedónios vão deixar tudo em campo na terça-feira: "São nesta altura uma equipa muito motivada, sem nada a perder e tudo a ganhar, e por isso a seleção portuguesa tem de estar muito atenta." Há alguém em especial para Portugal ter em atenção? "O Elif Elmas (Nápoles) acima de tudo. Foi meu jogador, conheço-o bem, tem um remate muito forte e é muito perigoso quando vem da esquerda para dentro. Se está num bom momento pode criar problemas a Portugal nas transições e na forma como desmarca o Trajkovski (autor do golo à Itália)", respondeu o antigo jogador.

Na opinião de Drulovic, "Portugal tem uma seleção muito mais criativa do que a Itália" e vai por isso criar mais dificuldades aos macedónios, onde destaca ainda Enis Bardhi (Levante) e Arijan Ademi (Dínamo Zagreb), "dois médios muito eficientes que criam um bom bloco à frente da defesa". Outros como o central Alioski (Al Ahli Jeddah), o guardaredes Dimitrievski (Rayo Vallecano) e o capitão Stefan Ristovski (Dínamo de Zagreb e grande amigo de Bruno Fernandes, desde a época em que jogaram juntos no Sporting) "dão consistência e experiência".

Quando Drulovic os orientou (2015), o agora presidente da federação, Ilco Gjorgioski, era "vice" e Blagoja Milevski, o atual selecionador, treinava os sub-21 e conseguira o primeiro apuramento para um Europeu. São eles agora a base da seleção do país com cerca de dois milhões de habitantes, que "está a crescer em termos futebolísticos" e tenta ir pela primeira vez a um Mundial, depois da primeira presença num Europeu (Euro 2020, ganho pela Itália).

O país foi obrigado a mudar o nome depois de uma guerra diplomática com a vizinha Grécia, que tem uma região com o mesmo nome (Macedónia) e acusou o país, que se tornou independente em 1991, após a extinção da Jugoslávia, de "usurpação do legado nacional, histórico e cultural". Em fevereiro de 2019 passou a República da Macedónia do Norte, após mediações da UE, da NATO e das Nações Unidas, tendo ficado devidamente especificada a separação entre macedónios da Macedónia do Norte, macedónios da região da Macedónia e macedónios do antigo reino da Macedónia.

Drulovic tem uma forte ligação a Portugal. Jogou cá durante 11 épocas (sete e meia no FC Porto, duas no Benfica, uma e meia no Gil Vicente e uma no Penafiel, onde disse adeus aos relvados em 2005). Por isso, os jogos da Sérvia com Portugal, na fase de qualificação, foram "dificeis" para o agora adjunto da seleção sérvia, que se apurou em primeiro no grupo, após vencer na Luz (2-1) e empurrou a equipa portuguesa para este playoff. "Fizemos um grande jogo em Lisboa e conseguimos uma das mais importantes vitórias do futebol sérvio. Foi excelente", recordou o ex-jogador, confessando que "gostava muito que Portugal fosse ao Mundial 2022".

"Tenho muita admiração pelo Fernando Santos [treinou-o no FC Porto], como homem e treinador, e lidera uma grande seleção. Com menos ou mais dificuldade, acho que irão vencer a Macedónia e de certeza que preferem jogar com eles do que com a Itália", disse Drulovic, que viu um pouco do jogo com a Turquia, depois da vitória da Sérvia frente à Hungria (1-0).

isaura.almeida@dn.pt

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