A fratura exposta na geringonça. PS pede cuidado à esquerda

Líder parlamentar socialista notou que PS está "especialmente desperto para governação cuidadosa", que continue a garantir a devolução de rendimentos e o pagamento de prestações sociais, que de outro modo ficariam em causa.
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Depois da votação desta sexta-feira com o chumbo da contagem de tempo dos professores, ficou claro para todos que as feridas na geringonça vão demorar a curar. Há uma fratura exposta que, para já, não se sabe bem como será recomposta.

No final do plenário, no Parlamento, o líder parlamentar do PS, Carlos César, notou que os socialistas estão "especialmente despertos para uma governação cuidadosa", que continue a garantir a devolução de rendimentos e o pagamento de prestações sociais, que de outro modo ficariam em causa.

Ou seja, para César, aprovar agora os nove anos, quatro meses e dois dias para os professores acabaria por colocar em risco o que a geringonça conseguiu nestes três anos e meio de governo suportado à esquerda.

Carlos César defendeu ainda que, no âmbito da geringonça, "o fundamental" nesta legislatura foi "a aprovação de quatro orçamentos do Estado", notando que este dossiê foi um "processo mais mediático do que outros". E ensaiou uma tese curiosa, negando aquilo que o PCP tem dito "que está sempre a rebocar o PS para que haja mais pensões e mais remunerações". "É o inverso que se passa. Estamos sempre a dizer aos nossos parceiros que é preciso aumentar as pensões, as remunerações e investir mais nos serviços públicos, mas não de uma forma que destrua as finanças públicas do país", defendeu.

"Não podemos desperdiçar esse capital. Se hoje desequilibramos esse capital, amanhã essas prestações sociais que aumentámos vão ter de regredir, as remunerações que aumentámos vão ter que se conter ou diminuir. Queremos fazer este percurso com segurança, queremos que os portugueses tenham confiança no PS na sua capacidade de gerir as finanças públicas do país, compatibilizando boa gestão com a dimensão social na qualidade da governação", declarou.

"Competirá ao PCP, ao BE, como aos outros partidos, fazerem a avaliação das políticas do Governo e, em cada circunstância, legitimar ou não da continuidade de uma solução como a que hoje temos", apontou o socialista aos jornalistas.

Por agora, Carlos César saudou o "regresso à racionalidade" com a votação desta sexta-feira, apesar de explicar que PSD e CDS "não são confiáveis".

"Este dia marca o regresso à racionalidade por parte do PSD e CDS. Não é grave e não fica feio a ninguém emendar os erros que se comentem. O PSD e o CDS-PP emendaram. Mas os portugueses concluirão que o PSD e o CDS não são partidos confiáveis", atirou.

À esquerda, quando questionado se também entende que o PCP e o Bloco de Esquerda não são confiáveis, o socialista não deixou uma reposta clara: "Confiamos na decisão dos portugueses, e é isso que está em causa com a proximidade das eleições europeias e legislativas. O que somos ficou bem evidenciado neste debate: o PS representa o sentido de responsabilidade, sem perder a ambição social e a confiança daqueles que necessitamos que a mantenham, neste caso os nossos credores e investidores externos, que dão emprego e riqueza ao nosso país."

Um discurso retirado da narrativa socialista desta última semana, de um partido associado às contas certas. Foi por isto que sociais-democratas e centristas sacaram do nome de José Sócrates ainda no debate de hoje.

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