"A expectativa é ter o MotoGP durante mais três a cinco anos"
A velocidade furiosa do MotoGP está de volta à casa de Miguel Oliveira. O piloto português é a maior atração do Grande Prémio de Portugal, que terá lugar amanhã (13.00, Sport TV), no Autódromo Internacional do Algarve, em Portimão. "É o evento com maior impacto que já aconteceu no Algarve, superando a Fórmula 1 e o MotoGP do ano passado", segundo disse João Fernandes, presidente da Região de Turismo do Algarve (RTA), ao DN.
A importância do evento de dimensão mundial mede-se em prestígio e milhões de euros. "Há um retorno direto de cerca de 28 milhões de euros e um impacto indireto de 50 milhões", revelou o presidente da RTA. Milhões esses que se refletem na bolsa dos algarvios de forma imediata com o alojamento, comidas e deslocações, bilhetes de avião, o chamado pocket money e as compras a fornecedores locais. São esperados 40 mil adeptos por dia, durante três dias, e mais de 3600 pessoas envolvidas no evento, entre equipas e estruturas do MotoGP, Moto2 e Moto3, jornalistas e organizações externas, bem como a estrutura da Dorna (empresa que gere o Mundial de motociclismo).
Há também a contabilizar "o impacto enorme" ao nível da comunicação. "O MotoGP tem crescido imenso a nível mediático e tem combinado a promoção do desporto com a promoção dos destinos, que recebem as corridas. Antes, durante e depois, fala-se do Grande Prémio de Portugal, de Portimão e do Algarve. Por exemplo: o post [nas redes sociais]do inglês Lewis Hamilton, que é de Inglaterra, o nosso principal mercado emissor, teve um milhão de likes."
Segundo João Fernandes, o Autódromo Internacional do Algarve "é um dos principais motores do chamado turismo de negócios", que acontece fora da época alta e que "é fundamental para a região que depende 75% da procura externa fora da época alta". Só em 2021 a atividade do autódromo gerou retorno de 70 milhões de euros para a região algarvia: "Têm feito um trabalho brilhante, principalmente no motociclismo, com as Superbikes, o MotoGP e com o regresso da F1. Tudo isto alavanca a atividade do autódromo para captar estágios de equipas, apresentações de marcas... tudo isso é negócio que vem para a região."
Ter Miguel Oliveira também ajudou a puxar pelo turismo interno. Segundo João Fernandes, dos 40 mil espetadores esperados por dia, metade são portugueses. O piloto português da KTM tem milhares de fãs, como se viu nas escoltas que teve de Palmela até Portimão nestes três anos. Em 2020, mesmo sem público, milhares de pessoas acompanharam o piloto até ao Algarve, apesar de não terem podido assistir à corrida, que ele venceria de forma épica.
Em 2021, já com 35 mil adeptos nas bancadas, a corrida não correu bem ao português, que agora está de volta. "Vamos aguardar que o Miguel Oliveira tenha uma boa prova. Já venceu um grande prémio este ano (na Indonésia) e tem uma afinidade muito grande com a pista, que também é notícia pelo seu traçado invulgar e espetacular", lembrou.
A chamada montanha russa tem sido destacada pelos pilotos, mas será que o MotoGP veio para ficar? "A nossa expectativa é ter o MotoGP durante mais três a cinco anos e encher o autódromo com cerca de 90 mil pessoas. Seria casa cheia e região cheia. E não estamos isentos de poder ter a Fórmula 1 de novo [a vaga da Rússia está por atribuir e Portugal é opção, juntamente com Qatar e Turquia]. Estamos a lutar por isso, vamos ver, mas é preciso dizer que a F1 tem um investimento bastante superior ao que é feito no MotoGP", avisou o presidente da RTA.
E qual é o investimento de um e de outro? "Não me cabe a mim dizer até porque o autódromo tem sido o maior contribuinte, assim como o Turismo de Portugal, através de modalidades de empréstimo, mas também a Turismo do Algarve, bem como a Câmara Municipal de Portimão e outros municípios", respondeu o presidente, lembrando que o investimento "é inferior ao valor do IVA" que é gerado pelo consumo: "Até o Estado ganha."
É que, segundo João Fernandes, para ter o retorno global de 100 milhões de euros em três anos -10 milhões, em 2020, 40 milhões, em 2021 e 50 milhões, em 2022 - o Turismo do Algarve e o Turismo de Portugal teriam de investir muito mais em campanhas de comunicação, marketing e publicidade.