A estrela que está em fuga (a alta velocidade) da Via Láctea
A estrela tem o aborrecido nome de S5-HVS1, mas aquilo que ela conta aos astrónomos que a apanharam em plena fuga da Via Láctea, à estonteante velocidade de seis milhões de quilómetros por hora, é "muito entusiasmente", como ele próprios comentaram ao anunciar a sua descoberta.
Na prática, a descoberta vem comprovar uma teoria com 30 anos e mostrar que os buracos negros não apenas sugadores cósmicos de astros e de energia, mas também ejetam alguns deles em condições particulares.
À velocidade de 6 milhões de K/h, ou 1700 quilómetros por segundo (km/s), a estrela tem "uma velocidade é tão grande que inevitavelmente vai deixar para trás a galáxia para nunca voltar", diz Douglas Boubert, investigador da universidade britânica de Oxford e co-autor da descoberta. Os autores da descoberta estimam que isso poderá acontecer dentro de um século.
"Isto é super-excitante, porque há muito que suspeitávamos que os buracos negros podem ejectar estrelas a altas velocidades", congatulou-se o líder da equipa, Sergey Koposov, professor e investigador da Universidade de carnegie Mellon, nos Estados Unidos, sublinhando que essa possibilidade estava por comprovar. "Nunca antes tínhamos confirmado uma associação clara entre entre uma estrela assim veloz e o centro da galáxia", adiantou.
O estudo da estrela fugitiva mostrou que há cerca de cinco milhões de anos, o caminho desta estrela e da sua gémea - faziam parte do que se chama um sistema binário - atravessou-se com o de um buraco negro imenso que se sabe existir no centro da Via Láctea, o Sagittarius A*, e os efeitos não se fizeram esperar.
A gémea da S5-HVS1 acabou engolida pelo buraco negro, enquanto ela própria foi ejectada por ele à inimaginável velocidade a que agora viaja.
Acontece que este processo já tinha sido teorizado há 30 anos pelo astrónomo americano Jack Hills. Agora Hills, que é professor e investigador na Universidade do Kansas, nos Estados Unidos, também deve estar feliz. A S5-HVS1 mostra que ele estava certo.
A equipa utilizou o telescópio anglo-autraliano Siding Spring, localizado na Austrália, e publicou a descoberta na revista científica Montly Notices of the Royal Astronomical Society .