Encara a arte, e o intercâmbio de ideias que ela permite, como um soft power, mas não se confunda a suavidade com fraqueza ou como mera decoração de objetivos políticos ou económicos. Para Randi Charno Levine, embaixadora dos Estados Unidos em Portugal, em funções desde abril último, ela própria colecionadora, o gosto pelas artes plásticas é uma espécie de segunda natureza e um trunfo diplomático relevante,.O currículo fala por si: Licenciada em Jornalismo pela Universidade de Missouri-Columbia, Randi Levine chegou a Lisboa depois de ser comissária da Smithsonian National Portrait Gallery, em Washington. Neste cargo, ajudou a organizar e expandir a coleção permanente, presidiu à gala Portrait of a Nation em 2019 e revitalizou o programa de parcerias empresariais do museu. Foi ainda administradora do Meridian International Center, também em Washington, presidiu ao Meridian Center for Cultural Diplomacy, orientou e liderou os programas de intercâmbio internacional. Também foi administradora do New Museum em Nova Iorque e membro do Conselho Artemis, onde apoiou a diversidade e igualdade para as mulheres nas artes..Não surpreende, pois, que uma das suas primeiras iniciativas em Portugal tenha sido a organização da exposição "For the Oceans" na residência em Lisboa (batizada Casa Carlucci em homenagem a Frank Carlucci, embaixador em Lisboa nos conturbados anos do PREC - Processo Revolucionário em curso), tendo como pretexto próximo a Conferência dos Oceanos, promovida pelas Nações Unidas e realizada no nosso país no final de junho. Ali estão obras dos portugueses Inês Brites, Carlos Noronha Feio, Luís Lázaro de Matos, Sandra Rocha, mas também do peruano Roberto Huarcaya, do austríaco Oliver Laric, do francês Adrien Missika e da brasileira Rosana Ricalde. Isto para além da monumental bandeira norte-americana feita com lixo retirado dos oceanos (frascos de bronzeador, champô, etc) que domina a escadaria da residência. "Acredito na arte como ponte entre os países e as culturas", diz Randi Levine ao DN, "mas acredito também na capacidade que a arte tem de dizer coisas importantes e de mudar mentalidades. Depois destes anos tão difíceis, com a pandemia e o movimento Black Lives Matter, queremos apostar em arte comprometida com causas fundamentais como o papel das mulheres na sociedade, os movimentos LGBTQ ou a defesa das minorias étnicas. É, aliás, o que faço também na minha coleção pessoal, tenho muitas obras de mulheres artistas, por exemplo.".Entre os objetivos da embaixadora nesta matéria conta-se a intenção de dar um impulso decisivo à aplicação em Portugal do programa do Departamento de Estado norte-americano, Art for Embassies. Criado para incentivar o estabelecimento de pontes culturais entre os Estados Unidos e os países onde estão representados diplomaticamente, este programa realiza cerca de 60 exposições por ano e já instalou perto de 70 exposições permanentes em dezenas de países. Calcula-se que, nos últimos anos, tenham estado envolvidas neste programa mais de 20 mil pessoas, entre artistas, museus, galerias, universidades e colecionadores privados..Exemplo disso mesmo será a exposição que estará patente na residência da embaixadora a partir de setembro. Com curadoria de Ana Sokoloff, inclui obras dos portugueses Helena Almeida e Vasco Araújo e do angolano Delio Jasse, todos em colaboração com a Galeria Filomena Soares. "Apostamos muito no interface com as galerias e os colecionadores locais", afirma a embaixadora. "Mas também estamos atentos aos assuntos que são relevantes localmente. É por isso que incluímos nesta mostra também um artista angolano, que reflete sobre as questões do colonialismo e do pós-colonialismo." Não se pense, porém, que apenas a pintura está representada. "Tendemos a procurar a maior diversidade possível no quadro muito amplo das artes visuais de hoje. No caso da pintura, procuramos alternar figurativo e abstração, mas também temos fotografia e têxteis." A próxima etapa pode passar pela street art, de que a embaixadora é entusiasta, confessando estar fascinada pela obra do português Vhils..Embora não esteja totalmente aberto ao público, é possível aceder às obras expostas através deste link ou então arranjar um grupo interessado na visita e enviar um mail para paslisbon@state.gov..dnot@dn.pt
Encara a arte, e o intercâmbio de ideias que ela permite, como um soft power, mas não se confunda a suavidade com fraqueza ou como mera decoração de objetivos políticos ou económicos. Para Randi Charno Levine, embaixadora dos Estados Unidos em Portugal, em funções desde abril último, ela própria colecionadora, o gosto pelas artes plásticas é uma espécie de segunda natureza e um trunfo diplomático relevante,.O currículo fala por si: Licenciada em Jornalismo pela Universidade de Missouri-Columbia, Randi Levine chegou a Lisboa depois de ser comissária da Smithsonian National Portrait Gallery, em Washington. Neste cargo, ajudou a organizar e expandir a coleção permanente, presidiu à gala Portrait of a Nation em 2019 e revitalizou o programa de parcerias empresariais do museu. Foi ainda administradora do Meridian International Center, também em Washington, presidiu ao Meridian Center for Cultural Diplomacy, orientou e liderou os programas de intercâmbio internacional. Também foi administradora do New Museum em Nova Iorque e membro do Conselho Artemis, onde apoiou a diversidade e igualdade para as mulheres nas artes..Não surpreende, pois, que uma das suas primeiras iniciativas em Portugal tenha sido a organização da exposição "For the Oceans" na residência em Lisboa (batizada Casa Carlucci em homenagem a Frank Carlucci, embaixador em Lisboa nos conturbados anos do PREC - Processo Revolucionário em curso), tendo como pretexto próximo a Conferência dos Oceanos, promovida pelas Nações Unidas e realizada no nosso país no final de junho. Ali estão obras dos portugueses Inês Brites, Carlos Noronha Feio, Luís Lázaro de Matos, Sandra Rocha, mas também do peruano Roberto Huarcaya, do austríaco Oliver Laric, do francês Adrien Missika e da brasileira Rosana Ricalde. Isto para além da monumental bandeira norte-americana feita com lixo retirado dos oceanos (frascos de bronzeador, champô, etc) que domina a escadaria da residência. "Acredito na arte como ponte entre os países e as culturas", diz Randi Levine ao DN, "mas acredito também na capacidade que a arte tem de dizer coisas importantes e de mudar mentalidades. Depois destes anos tão difíceis, com a pandemia e o movimento Black Lives Matter, queremos apostar em arte comprometida com causas fundamentais como o papel das mulheres na sociedade, os movimentos LGBTQ ou a defesa das minorias étnicas. É, aliás, o que faço também na minha coleção pessoal, tenho muitas obras de mulheres artistas, por exemplo.".Entre os objetivos da embaixadora nesta matéria conta-se a intenção de dar um impulso decisivo à aplicação em Portugal do programa do Departamento de Estado norte-americano, Art for Embassies. Criado para incentivar o estabelecimento de pontes culturais entre os Estados Unidos e os países onde estão representados diplomaticamente, este programa realiza cerca de 60 exposições por ano e já instalou perto de 70 exposições permanentes em dezenas de países. Calcula-se que, nos últimos anos, tenham estado envolvidas neste programa mais de 20 mil pessoas, entre artistas, museus, galerias, universidades e colecionadores privados..Exemplo disso mesmo será a exposição que estará patente na residência da embaixadora a partir de setembro. Com curadoria de Ana Sokoloff, inclui obras dos portugueses Helena Almeida e Vasco Araújo e do angolano Delio Jasse, todos em colaboração com a Galeria Filomena Soares. "Apostamos muito no interface com as galerias e os colecionadores locais", afirma a embaixadora. "Mas também estamos atentos aos assuntos que são relevantes localmente. É por isso que incluímos nesta mostra também um artista angolano, que reflete sobre as questões do colonialismo e do pós-colonialismo." Não se pense, porém, que apenas a pintura está representada. "Tendemos a procurar a maior diversidade possível no quadro muito amplo das artes visuais de hoje. No caso da pintura, procuramos alternar figurativo e abstração, mas também temos fotografia e têxteis." A próxima etapa pode passar pela street art, de que a embaixadora é entusiasta, confessando estar fascinada pela obra do português Vhils..Embora não esteja totalmente aberto ao público, é possível aceder às obras expostas através deste link ou então arranjar um grupo interessado na visita e enviar um mail para paslisbon@state.gov..dnot@dn.pt