71 mortos após mais de um ano sem vítimas em voos comerciais a jato

Voo 703 acabou em destroços após ter descolado de Moscovo. Avião esteve dois anos parado, sem peças de substituição. Saratov Airlines está proibida de voar para fora do país por razões de segurança.
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Acabou o período de 440 dias sem vítimas mortais em aviões a jato de passageiros: a queda de uma aeronave, perto de Moscovo, logo após a descolagem, matou todas as pessoas a bordo, 71. Os investigadores disseram estar a examinar todas as causas possíveis do acidente.

"Senti uma onda de choque. Os vidros tremeram", contou à AFP Maria, habitante de Njikitskoie, aldeia próxima do local do desastre. As imagens das televisões russas mostraram os destroços do Antonov An-148, o contraste do cor de laranja da transportadora Saratov Airlines com o manto de neve dos campos na região de Ramenski, cerca de 70 quilómetros a sudeste de Moscovo. O aparelho desapareceu dos radares às 14.28 (mais três horas do que em Portugal), poucos minutos após a descolagem.

O voo 703 ligava o Aeroporto Domodedovo, o segundo maior da capital, a Orsk, cidade dos Urais a 1500 quilómetros de distância, já perto da fronteira com o Cazaquistão.

A maioria dos passageiros era originária da província de Oremburgo. Entre as vítimas contava-se uma criança de 5 anos e outros dois menores. Além dos passageiros russos, a lista do voo contava com um suíço, um cazaque e um azeri.

O ministro dos Transportes, Maxim Sokolov, confirmou que não houve sobreviventes e que serão necessários testes de ADN para identificar os mortos. Já do Ministério para as Situações de Emergência foi dada a informação de que foi encontrada a caixa negra do avião, bem como os restos mortais de dois passageiros. Os destroços ficaram espalhados por uma vasta área.

Os investigadores afirmaram que nenhum sinal de socorro foi recebido da tripulação. Entre as possíveis causas da queda do avião foram adiantadas as condições climáticas, erro humano e as condições técnicas do aparelho. À Russia Today, o perito de aeronáutica Mark Weiss apontou como hipótese a descongelação incorreta do Antonov.

O presidente russo Vladimir Putin apresentou condolências aos familiares das vítimas e ordenou a criação de uma comissão de investigação especial. Em resultado do acidente, Putin alterou a agenda, tendo anulado uma deslocação a Sochi, onde iria receber o presidente palestiniano, Mahmoud Abbas. O encontro vai realizar-se na capital russa.

A porta-voz da Saratov Airlines, Elena Voronova, garantiu que o avião estava em boas condições de manutenção e que não apresentara qualquer problema. Segundo a agência TASS, entre 2015 e 2017 a aeronave esteve parada devido a falta de peças de reposição.

A Saratov Airlines nasceu em 1992 com o fim da companhia de bandeira soviética Aeroflot. O histórico da empresa não é imaculado. Em 2015, a autoridade da aviação civil russa, Rosaviatsia, interditou a companhia de efetuar voos internacionais por "infrações à segurança" - um familiar do diretor da companhia viajava com frequência no cockpit. A Saratov fazia ligações à Arménia, ao Azerbaijão, à Ucrânia e ao Montenegro.

Na Rússia, nos últimos dez anos, só em 2015 e 2017 não se registaram acidentes de aviação com mortes. O último, no dia de Natal de 2016, vitimou 92 pessoas. O Tupolev 154B-2 levava um coro do exército russo para atuar na base de Latáquia, na Síria, mas despenhou-se pouco após a descolagem, em Sochi.

A aviação comercial tem registado um decréscimo de acidentes com mortes. Segundo a Aviation Safety Network não se registaram vítimas mortais no ano passado em voos de aviões a jato de companhias comerciais. Segundo a mesma entidade, em voos de carga ou comerciais com turbo-hélice registaram-se dez acidentes, morreram 44 passageiros e 35 pessoas em terra. O último tinha ocorrido na Costa Rica, a 31 de dezembro, tendo causado 12 mortos.

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