5 espetáculos imperdíveis do Festival de Almada
Golem da companhia inglesa 1927, estreia pela primeira vez em Portugal
É um espetáculo que vem de Inglaterra mas que tem viajado por todo o mundo. O Golem é uma figura de tradição judaica que quer dizer "coisa", é um monstro de argila informe, é uma espécie de escravo que um homem adquire para que este faça o seu trabalho, para ele poder ter tempos livres, acontece que os tempos livres passam a ser insuportáveis. É uma peça sobre o domínio destes gadgets, que hoje temos, que acabam por nos dominar a nós".
Vangelo de Pippo Delbono, Teatro Nacional D. Maria II
"Este encenador italiano tem já uma relação antiga com o Festival. Em Vangelo, ele faz um espetáculo a partir dum pedido da sua mãe, para fazer uma peça sobre o Evangelho. Pippo Delbono parte desse repto da mãe e escreve uma peça sobre os refugiados e, sobretudo, sobre a perversão que tem sido a leitura desses evangelhos, (...) ao abrigo dos quais se tem praticado os piores horrores".
Une Île flottante com encenação de Christoph Marthaler
É a história de dois casais burgueses que querem casar os filhos e fingem ter mais do que têm para elevar o seu dote. É um vaudeville existencialista que pega neste material cómico e se serve dele para ilustrar várias situações que nos mostram um certo absurdo da nossa existência e que nos vai deixar bastante perplexos, à boa maneira de Marthaler.
Moeder, da companhia belga Peeping Tom, CCB
"É um espetáculo de teatro-dança que tem feito uma digressão mundial cuja encenadora argentina Gabriela Carrizo procura perceber que sons é que definem os bailarinos ou os objetos. Todos os sons que estão a acontecer em palco estão a ser "feitos" numa cabine em pós-produção, tem um grande impacto visual.
A História do Cerco de Lisboa, com dramaturgia de José Gabriel Antuñano e encenação de Ignacio García
É uma co-produção entre quatro companhias de teatro independentes - a Companhia de Teatro de Almada, o Teatro dos Aloés, a Companhia de Teatro de Braga e a Companhia de Teatro de Faro - que se juntam para um espetáculo com 37 sessões nestas quatro cidades. É um exemplo de serviço público, acho eu, que as companhias independentes podem prestar, hoje em dia. Esta peça é uma adaptação da "História do Cerco de Lisboa", um romance menos conhecido de José Saramago, um romance sobre a construção de um romance. (...) de certa forma, há um paralelo entre o revisor Raimundo que se revolta e em vez de um "sim" escreve um "não", causa um grande problema lá na editora, e a segunda protagonista Maria Sara desafia-o, já que ele teve esse ato de revelia e de criação, para que ele próprio escreva o romance. É um espetáculo que foge ao costumismo, muito despojado, houve essa preocupação, o que está em causa é a palavra e o jogo da representação".