10 razões para voltar a ouvir o vozeirão de Peter Murphy
Peter Murphy atua hoje na Aula Magna, em Lisboa, e amanhã na Casa da Música, no Porto. Um regresso do cantor britânico a Portugal que em maio passou por e em agosto marcou presença no festival Vilar de Mouros. Mas vale sempre a pena voltar a ouvir Peter Murphy. Selecionámos dez razões que permitem dar 100% garantias de que os concertos em Portugal vão correr bem. Chamamos-lhe de Lei de Murphy.
1. Ligação a Portugal
Para termos uma ideia da forte relação de Peter Murphy com o nosso país, só este ano o cantor inglês dá por cá sete concertos e ninguém já estranha. Desde 1988, quando Peter Murphy atua no Pavilhão do Belenenses, em Lisboa, e no Teatro Rivoli, no Porto, que o ex-Bauhaus vem tão regularmente a Portugal quanto uma Adriana Calcanhotto. Coliseu dos Recreios, Aula Magna ou Pavilhão do Belenenses, Coliseu do Porto, Casa da Música ou Teatro Rivoli, Peter Murphy passa a pente fino as salas das duas grandes cidades, tal como as regiões do país. Baixo ou Alto Altentejo, Beira Litoral ou Alta, Minho ou Douro Litoral, Peter Murphy já lá atuou.
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2. A herança dos Bauhaus
Não adianta negar: o passado de Peter Murphy como vocalista dos Bauhaus atrai muito do seu público aos concertos. E o cantor britânico tenta sempre não lhes fazer a desfeita, interpretando pelo menos três ou quatro músicas dos monstros do movimento gótico.
O acústico Silent Edges raramente tem falhado nos alinhamentos dos seus concertos deste ano. Quem sabe se não cantará também o emblemático She"s In Parties ou King Volcano que não são músicas fora do baralho, longe disso. Mas deve haver mais. Ou assim se espera.
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3. Crédito a solo
A carreira a solo de Peter Murphy rapidamente se notabilizou, com álbuns bastante bem recebidos pelo público e pela crítica, como Love Hysteria (de 1988) e Deep (de 1989), a dar hinos ao vivo que ainda hoje são trunfos nos seus espetáculos, como a balada A Strange Kind of Love ou All Night Long tão bem pincelada de teclados. Mas o percurso de Murphy em nome individual tem sido suficientemente sinuoso para dar outros ângulos, mais exóticos - mas já lá chegaremos.
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4. Cuts You Up
O tema invadiu o éter radiofónico no final dos anos 80 e mereceu um videoclipe todo catita, com Peter Murphy de cabelo aloirado e ondulado pelo vento (ou, melhor, por algumas ventoinhas do estúdio). A canção tem um som de violino de uma grande sedução pop e um encadeamento inteligente, incluindo os vários overdubs vocais de Peter Murphy, que nunca se desprende do dom orelhudo. Cuts You Up é o que a pop devia ser.
O grande público, a reconhecer Peter Murphy de algum sítio, será provavelmente através desta canção e não tanto dos Bauhaus. Por mais remota que seja a possibilidade de interpretar este tema nesta nova passagem por Portugal, vai haver sempre a expectativa entre o público de, repentinamente, se ouvir Cuts You Up.
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5. Honrar o "pai" Bowie
Neste ano em que David Bowie morreu, Peter Murphy tem cantado ao vivo a versão de The Bewlay Brothers, do álbum do Camaleão de 1971, Hunky Dory. Peter Murphy já cantou Bowie nos Bauhaus, tendo arriscado o icónico Ziggy Stardust, e a solo pegou noutro clássico, Space Odditty. O ex-Bauhaus sempre assumiu Bowie como a sua grande influência. A melhor forma de honrar essa paternidade musical tem sido a capacidade de Murphy se transformar.
6. Com que voz
O vozeirão soturno de Peter Murphy tem projetado as canções além da média. São um empurrão para a classe de nobreza do rock. E a idade não tem desgastado esta qualidade nata. Há ainda a arte de Peter Murphy de contornar a sua gaguez com a sua forma suprema de cantar. Um entrevistador pode aperceber-se de que Murphy é gago, um ouvinte da sua música nunca.
7. Dança contemporânea
Peter Murphy já teve algumas experiências ligadas à dança contemporânea. A pequenos espaços, o vocalista faz uso da sua expressão corporal rica. Nos tempos dos Bauhaus, a performance de Peter Murphy era mais dinâmica. Tomara grande parte dos frontmen terem a elasticidade física do inglês.
8. Visão do mundo
Peter Murphy foi viver para a Turquia no início dos anos 90. A vivência no país euro-asiático proporcionou o uso de sons mais orientais e mais atmosféricos na sua música, sobretudo a partir do álbum de 1995, Cascade. Esse elemento étnico é outro dos fatores diferenciadores do cantor.
9. Versões
Peter Murphy sempre foi um excelente intérprete de versões, desde os tempos dos Bauhaus, onde cantou Telegram Sam dos T-Rex, Third Uncle de Brian Eno e, já durante as ressurreições do quarteto, Severance dos Dead Can Dance. A solo, já pegou em um pouco de tudo, deste Raw Power dos proto-punks Stooges (a banda de Iggy Pop) a Transmission dos Joy Division, mas Hurt dos Nine Inch Nails parece ser a sua mais querida. Raramente, Murphy foi redundante nas suas covers.
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10. Lion
Este é o título do seu ainda último álbum, lançado há mais de dois anos. Peter Murphy não é o tipo de artista que bombardeia um disco novo nos seus espetáculos. O artista das East Midlands só tem insistido este ano num tema, The Rose, que confirma que a placa giratória da sua música continua oleada.