"Bom dia, avô! Bom serviço!" A GNR entra na discussão do beijinho?
A Guarda Nacional Republicana publicou uma fotografia de uma criança a dar um beijo a um guarda da força de autoridade com a legenda "Bom dia, avô! Bom serviço!", na rede social Facebook, cinco dias depois do início da discussão que começou com a opinião do professor universitário Daniel Cardoso no programa Prós e Contras, da RTP1. Este defende que as crianças não devem ser obrigadas a dar um beijinho aos avós, afirmando "Isto é educação, estamos a educar para a violência sobre o corpo do outro e da outra desde criança".
Grande parte dos comentários dos utilizadores da rede social na página da GNR identificaram a publicação como sendo alusiva à discussão que se levantou depois das declarações de um professor universitário, esta segunda-feira, durante o programa Prós e Contras.
A Guarda Nacional Republicana não refere, contudo, que a fotografia partilhada se refira ao caso em concreto e não toma nenhuma posição sobre o assunto. O DN tentou contactar a GNR, mas ainda não obteve resposta.
Durante programa Pós e Contras emitido na RTP1 e que se dedicou à discussão do tema "#Metoo", Daniel Cardoso emitiu uma opinião que foi considerada discordante para muitos espetadores e que acendeu as caixas de comentários das redes sociais.
Acerca do consentimento sexual, o docente referiu que "é preciso falar de educação de forma concreta", porque "a educação é quando a avózinha ou o avôzinho vai lá a casa e a criança é obrigada a dar o beijinho à avózinha ou ao avôzinho".
"Isto é educação, estamos a educar para a violência sobre o corpo do outro e da outra desde crianças. Obrigar alguém a ter um gesto físico de intimidade com outra pessoa como obrigação coerciva é uma pequena pedagogia que depois cresce", referiu.
Ao DN, Daniel Cardoso disse que não utilizou o exemplo "por acaso" e que já perdeu conta ao número de vezes em que ouviu uma mãe dizer "se não dás um beijinho à avó vais ver o que te acontece" ou "dá um beijinho ao avô e ganhas o brinquedo".
O professor universitário refere que "isto perturba as pessoas, porque mexe com a sensação de pureza e da naturalidade das relações familiares".
O DN também falou com a pedopsiquiatra Paula Oliveira sobre o assunto e a profissional desvalorizou as considerações feitas pelo doutorado em Ciências da Comunicação.
"As crianças devem aprender que quando encontram alguém devem dizer boa tarde, boa noite, há um cumprimento. Se é com beijinho ou não depende do hábito da família. Normalmente dentro da família as crianças dão beijinhos naturalmente, não é preciso forçar. Quando elas não dão é porque eventualmente não gostam daquela pessoa. Quando dentro da família não dão é por alguma razão e então não se deve forçar e deve-se respeitar", referiu.