'Private label' é forte aposta
\t\tPor tradição fornecedora de terceiros, a indústria têxtil e de vestuário nacional continua a trabalhar, em grande medida, em regime de subcontratação, mas já numa lógica de prestação de serviços. Designa-se actualmente de private label pois, além da confecção meramente a feitio, incorpora as matérias-primas, a transformação, a embalagem e, em muitos casos, inclui ainda o próprio desenvolvimento prévio do produto. Um serviço completo que, aliado à rapidez de resposta e à capacidade de fazer chegar amostras ao escritório do cliente, em qualquer ponto da Europa, por exemplo, em 48 horas, se torna um factor de competitividade imbatível face à concorrência oriental.
Paulo Nunes de Almeida, presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP), admite que o private label representa, seguramente, cerca de 60 a 70% do volume de negócios do sector e que, em 2007, se situou nos 6,2 mil milhões de euros. Mas lembra que é uma forma completamente diferente de servir o cliente estrangeiro. "Já não é o negócio da quantidade. A nossa componente mais importante no passado, a vantagem comparativa era o custo de transformação. Hoje temos de incluir outras valências para que sejamos atractivos, porque pelo preço não vamos lá", lembra o responsável.
E aí entram os tais factores que distinguem os industriais portugueses dos asiáticos. "Há muitos clientes que foram para a China e regressaram porque Portugal tem tradição como país de qualidade no fabrico. E temos uma proximidade cultural e geográfica que nos facilita os contactos e o entendimento que o cliente pretende", explica o empresário. E dá exemplos: "O industrial consegue estar atento à incorporação de matérias-primas que tenham sido testadas internacionalmente e fazer com que o cliente se torne dependente de si". "Por exemplo, ao nível dos acabamentos nos artigos de banho pode-se sugerir, por exemplo, o aumento da resistência ao cloro ou à luz", frisa. A qualidade é fundamental, e grande parte destas marcas exigem a certificação devidamente acreditada, quer em termos ambientais, quer ao nível da responsabilidade social por laboratórios independentes.
Além disso, a capacidade de resposta faz com que as pequenas séries sejam sempre colocadas em empresas portuguesas. Mesmo que as grandes encomendas de início de época sejam feitas na Ásia, as reposições de stock são pedidas a fornecedores mais próximos. Ou como diz Tiago Cunha, da Nobrand: "Os industriais asiáticos até podem ter a mesma qualidade, mas não têm a mesma capacidade de resposta. Não consegue no espaço de um mês, desenvolver, criar, produzir e entregar. E, muito menos, no dia, desenvolver uma amostra para um cliente que vem a reunião e já a leva pronta à noite".