Administração da Coelima desiste de apresentar plano de recuperação

Têxtil de Pevidém aguarda a entrada de consórcio de investidores para salvaguardar futuro.
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A administração da têxtil Coelima anunciou hoje que não vai apresentar um plano de insolvência com vista à recuperação da empresa, por não estarem "reunidas as condições que permitam assegurar a manutenção da exploração".

"Ao longo das últimas semanas, a Coelima trabalhou ativamente no sentido de reunir os apoios necessários à sua recuperação e à viabilização da implementação de um plano de insolvência. Apesar de todo o empenho e trabalho desenvolvido, não foi possível à Coelima conseguir o compromisso das várias partes envolvidas tendo em vista a apresentação de um plano, pelo que a decisão sobre o futuro da empresa caberá aos seus credores", avançou fonte oficial da empresa à agência Lusa.

Ainda assim, a fonte diz estar "em curso um processo de aproximação por parte de um consórcio de investidores que poderão permitir a preservação da atividade económica desenvolvida pela Coelima".

Na petição de apresentação à insolvência, a têxtil, com 253 trabalhadores, tinha requerido ao tribunal que lhe fosse atribuída a administração da massa insolvente, tendo-se então "comprometido a apresentar um plano de insolvência que previsse a manutenção da exploração da atividade da empresa".

Contudo, num requerimento entregue na passada sexta-feira no Tribunal de Comércio de Guimarães e hoje divulgado pelo Sindicato Têxtil do Minho e Trás-os-Montes, a empresa declara que "não foi possível [...] obter os apoios necessários à sua recuperação e à viabilização da implementação de um plano de insolvência com esse objetivo, incluindo a manutenção das linhas bancárias de apoio ao fundo de maneio".

"Neste contexto, a Coelima concluiu não estarem, neste momento, reunidas as condições que permitam assegurar a manutenção da exploração da empresa, opção que se mostra, assim, inviável nas condições existentes", refere.

No requerimento, a têxtil de Guimarães afirma que "a administração e a equipa de gestão da insolvente desenvolveram uma análise do setor de atividade em que opera a Coelima".

O objetivo era "apresentar um plano de dinamização da sua capacidade empresarial e de redução de custos, que permitisse à insolvente fazer face às dificuldades que têm vindo a condicionar o desenvolvimento e a rentabilização adequada da empresa".

Segundo avança, "no contexto desta análise foram consideradas diversas opções, tendo a administração e a equipa de gestão da insolvente vindo a trabalhar na identificação de interessados e naqueles que seriam os pressupostos que permitiriam recuperar a situação financeira em que se encontra a Coelima".

Contudo, e face à impossibilidade de "obter os apoios necessários à sua recuperação", a administração da Coelima diz ter tomado "a decisão de não apresentar um plano de insolvência que preveja a continuidade da exploração da empresa, devendo o [...] processo de insolvência seguir os seus termos em conformidade com o que vier a ser decidido pelos credores quanto ao destino dos ativos apreendidos para a massa insolvente".

No final de 2020, a empresa tinha um passivo de perto de 30 milhões de euros e cerca de 250 credores, segundo o pedido de insolvência entregue em abril no Tribunal de Comércio de Guimarães, distrito de Braga. Segundo o relatório e contas, em 31 de dezembro de 2020, a Coelima tinha um ativo contabilístico na ordem dos 31,1 milhões de euros.

Caixa Geral de Depósitos e Fundo de Apoio à Concentração e Consolidação de Empresas eram os dois maiores credores, representando cerca de 80% do passivo.

O banco detém 42% do passivo, mais de 8,5 milhões de euros, enquanto o FACCE representa 38% do passivo, mais de 7,8 milhões de euros.

Constituída em 1922 e uma das maiores produtoras de roupa de cama, a têxtil de Guimarães integra o grupo MoreTextile, que em 2011 resultou da fusão com a JMA e a António Almeida & Filhos e cujo acionista principal é o Fundo de Recuperação gerido pela ECS Capital.

Depois da restruturação realizada ao longo dos últimos anos, a Coelima esteve perto de ser alienada em março do ano passado, mas a operação acabou por não avançar, num contexto de incerteza gerada com a pandemia.

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