Atrasos colocam aeroporto de Lisboa entre os piores do mundo
O Aeroporto Humberto Delgado é um dos piores do mundo, segundo o AirHelp Score 2024. Este é um ranking que avaliou 239 aeroportos em 70 países, e que coloca o de Lisboa na 234ª posição, com uma pontuação final global de 6,59 pontos (em 10 possíveis), contra os 8,52 pontos do melhor classificado, o Aeroporto de Doha, no Catar. Os sucessivos atrasos nos voos são o que mais penaliza o aeroporto lisboeta, sendo que esta parcela, que vale 60% da avaliação global, foi de 5,8 pontos. O aeroporto do Porto, o Francisco Sá Carneiro, é o melhor classificado entre os portugueses, ficando mais ou menos a meio da tabela, em 117º lugar, e o de Faro ocupa a 185ª posição.
Pior do que Lisboa, em termos de pontualidade, só o aeroporto britânico de Gatwick, em Londres, cotado com 5,7 pontos neste domínio e o de Tunis, na Tunísia, que é avaliado em 4,8 pontos, o que o arrasta para a última posição na tabela.
Refira-se que, nas outras duas componentes analisadas, as acessibilidades e limpeza das instalações e a qualidade da oferta em termos de lojas e de restauração, ambas obtidas a partir das opiniões recolhidas junto de passageiros, o aeroporto de Lisboa até se sai bem, com 7,6 e 7,8 pontos, respetivamente. A questão é que estas duas parcelas valem, cada uma, 20% da avaliação final.
Comparativamente à tabela de 2023, a avaliação do aeroporto de Lisboa melhorou, ligeiramente, passando dos 6,48 pontos para os 6,59 deste ano. Mas a sua posição relativa era igualmente má, já que ocupava a 191ª posição num total de 194 aeroportos analisados. Em 2022 estava em 143º, entre 151, e tinha 6,75 pontos de avaliação global.
A pontualidade é o fator que mais tem pesado. Em 2022, a pontualidade em Lisboa valia 6,2 pontos, em 2023 baixou para 5,7 e este ano está nos 5,8 já referidos.
Quanto ao aeroporto do Porto, tem uma avaliação global de 7,6 pontos, que compara com os 7,52 pontos que teve em 2023 e os 7,67 que registou em 2022. No que à pontualidade diz respeito, o Porto melhorou a sua performance, passando dos 7,1 pontos que obteve em 2022 e em 2023 para 7,3 pontos este ano. Piorou apenas na qualidade da sua área de restauração e lojas, avaliada com 7,9 pontos contra os 8,1 que tinha o ano passado.
No aeroporto de Faro, a evolução foi a mesma, com a avaliação da pontualidade a passar de 7,1 para 7,3. A avaliação global está nos 7,27 pontos. Também aqui a pontuação quanto à oferta de lojas e restauração baixou, de 7,5 pontos em 2023 para os atuais 6,9.
Este é um estudo que a AirHelp, empresa especializada em direitos dos passageiros, realiza desde 2015 - com exceção do período da pandemia -, e que pretende, no limite, ajudar os turistas e viajantes a escolher os seus aeroportos de partida ou de chegada, com mais informação disponível. Habitualmente, o estudo disponibiliza a avaliação dos aeroportos, mas também das diferentes companhias aéreas. Porém, este ano, centra-se apenas nos aeroportos, uma vez que foram incluídos 58 novas infraestruturas face a 2023.
A escolha do verão para a divulgação do ranking, em vez do final de ano, como habitualmente, não é inocente. “A AirHelp acredita que está a fornecer as informações mais recentes aos passageiros que viajam para esses aeroportos durante os meses de verão, tipicamente os mais agitados”, diz a empresa.
Pedro Miguel Madaleno, advogado especialista em direitos dos passageiros aéreos e representante desta organização em Portugal explica que o ranking “é criado a partir de dados obtidos principalmente através da plataforma da AirHelp, que monitoriza mais de quatro mil aeroportos em todo o mundo, bem como das experiências pessoais de 17 mil passageiros de mais de 60 países”. Para a tabela de 2024 foram tidos em conta os dados de chegadas e partidas de voos realizados entre 1 de maio de 2023 e 30 de abril de 2024.
Sobre a realidade dos aeroportos nacionais, Pedro Miguel Madaleno reconhece que é a questão da pontualidade que mais está a prejudicar a performance portuguesa. “Talvez seja este o fator mais penalizador, o que tem a ver com o facto de serem estruturas que estão perto do seu limite... em especial no que ao aeroporto de Lisboa diz respeito, uma situação que é sobejamente conhecida”, frisa. Para este relatório, a AirHelp teve em consideração atrasos superiores a 15 minutos.