O Conselho de Segurança da ONU vai reunir-se de emergência na tarde desta sexta-feira, após os ataques dos Estados Unidos e Reino Unido contra os Huthis no Iémen, anunciou a França, que preside ao órgão em janeiro..A reunião de emergência foi solicitada pela Rússia, disse a presidência francesa do Conselho, e terá lugar durante a tarde de hoje, após uma outra reunião sobre a situação em Gaza..Na quarta-feira, o Conselho de Segurança adotou uma resolução que exige a cessação "imediata" dos ataques dos rebeldes Huthis a navios no Mar Vermelho, assinalando também o direito dos Estados-membros a defenderem os navios contra esses ataques..A Rússia absteve-se na votação da resolução, apresentada pelos EUA.."Não podemos deixar de estar preocupados com a atual situação no Mar Vermelho (...) mas preocupa-nos que os Estados Unidos e os seus aliados, como acontece frequentemente, prefiram optar por uma solução unilateral com recurso à força", afirmou na altura o embaixador russo Vassili Nebenzia, criticando a coligação criada pelos Estados Unidos para proteger o tráfego marítimo nesta zona estratégica, por onde passa 12% do comércio mundial..Durante a noite, os Estados Unidos e o Reino Unido bombardearam os Huthis no Iémen, após semanas de ataques destes rebeldes apoiados pelo Irão contra o tráfego marítimo no Mar Vermelho, em sinal de solidariedade para com os palestinianos na Faixa de Gaza, onde a guerra entre Israel e o movimento ismalita Hamas já fez quase 24.000 mortos e mais de 60.000 feridos, em quase cem dias..NATO alega que ataques dos EUA e Reino Unido contra Huthis são defensivos.A NATO alegou esta sexta-feira que os ataques dos Estados Unidos e do Reino Unido contra posições militares dos rebeldes Huthis no Iémen foram defensivos e pretendiam preservar a liberdade de navegação no Mar Vermelho.."Estes ataques foram defensivos e destinados a preservar a liberdade de navegação numa das vias navegáveis mais importantes do mundo. Os ataques dos Huthi têm de acabar", afirmou o porta-voz da NATO, Dylan White, em comunicado enviado à agência de notícias espanhola EFE..O porta-voz da NATO acrescentou que as forças Huthi são apoiadas, fornecidas e equipadas pelo Irão e disse que Teerão "tem uma responsabilidade especial em controlar as suas forças subsidiárias".."Nos últimos meses, vimos as forças Huthi tentarem dezenas de ataques a navios comerciais no Mar Vermelho. Estes ataques são uma ameaça direta à segurança marítima e ao comércio internacional", afirmou..O Conselho de Segurança da ONU "condenou-os" e a comunidade internacional "deixou claro que haveria consequências se os ataques não parassem", acrescentou.."Os EUA e o Reino Unido já realizaram ataques contra uma série de alvos Huthi no Iémen, com o apoio dos aliados Canadá e Holanda e dos parceiros Austrália e Bahrein", afirmou White..O Presidente dos EUA, Joe Biden, confirmou na quinta-feira à noite que as forças militares norte-americanas, juntamente com o Reino Unido e o apoio de outros países, realizaram com êxito ataques contra vários alvos no Iémen..Biden afirmou que a ação foi uma resposta aos ataques dos rebeldes Huthi, apoiados pelo Irão, que na quinta-feira lançaram um míssil balístico destinado a atingir as rotas marítimas no Golfo de Aden, uma rota estratégica para o transporte de petróleo do Golfo Pérsico..Os Estados Unidos, o Reino Unido, a Austrália, o Bahrein, o Canadá, os Países Baixos, a Dinamarca, a Alemanha, a Nova Zelândia e a Coreia do Sul emitiram na semana passada uma declaração conjunta na qual sublinharam que a ação era em defesa do comércio internacional e dos que transitam pelo Mar Vermelho, por onde passa quase 15% do comércio marítimo mundial..Huthis apontam interesses dos EUA e Reino Unido como "objetivos legítimos".Os rebeldes Huthi do Iémen apontaram esta sexta-feira todos os interesses dos Estados Unidos e do Reino Unido como "objetivos legítimos", considerando os bombardeamentos contra o seu país como "agressão ilegal e injustificada que viola todas as leis internacionais".."Todos os interesses norte-americanos e britânicos tornaram-se objetivos legítimos das Forças Armadas do Iémen (numa referência ao próprio grupo)", segundo o Conselho Político Supremo dos Huthi, depois dos bombardeamentos desta madrugada que EUA e Reino Unido justificam como ações dirigidas contra o movimento terrorista do Iémen apoiado pelo Irão, face aos seus ataques a navios no Mar Vermelho..Segundo o Conselho Político Supremo, instaurado depois dos Huthi ter tomado a capital do Iémen em 2015 o grupo considerou a "agressão" que é "uma extensão dos ataques traiçoeiros dos EUA contra as forças navais iemenitas e da agressão sionista contra a Faixa de Gaza" e que se trata de uma "agressão ilegal e injustificada que viola todas as leis internacionais"..Assim, regista-se uma "ameaça real à paz e segurança internacionais", sendo "legítima" a resposta no " quadro da defesa sagrada do Iémen, da sua soberania, independência e liberdade na tomada de decisões", lê-se na comunicação divulgada através de uma conta no Telegram..Para o grupo, o lançamento da operação 'Guardião da Prosperidade', no Mar Vermelho sob liderança dos Estados Unidos, é "inaceitável e ilegal", além de representar uma "ameaça à navegação internacional "..Os Huthi reiteraram que vão continuar a lançar ataques contra navios israelitas ou contra os que se dirijam a portos israelitas "para acabar com o cerco, parar a agressão e a guerra de extermínio contra Gaza e conseguir a entrega de alimentos, medicamentos e combustível ".No comunicado, foram aplaudidos os países que recusaram participar nas operações norte-americanas e sublinhado que a "proteção do Mar Vermelho é um direito soberano dos países que o fazem fronteira"..Foi ainda solicitado aos "países livres do mundo" que "condenem a agressão flagrante, traiçoeira e covarde dos Estados Unidos e do Reino Unido contra o Iémen, que representa uma mentalidade colonial extinta frente à incapacidade do Conselho de Segurança (da ONU) e das restantes das instituições internacionais de cumprir o seu dever"..Os Huthi controlam a capital de Iémen e outras zonas do norte e do oeste do país desde 2015.