Ventura compara-se a Salazar e diz que quer pôr o país "na ordem"
A presidente da Comissão Europeia e candidata do Partido Popular Europeu a segundo mandato assinalou hoje o 25 de Abril para lembrar valores fundamentais da União Europeia (UE) em risco, como democracia, pela ascensão da extrema-direita do Chega.
"Portugal acaba de celebrar um aniversário importante. Há 50 anos, um vento de mudança percorreu as ruas de Lisboa. Foi um vento forte, mas um vento poderoso e pacífico que derrubou a última ditadura da Europa. A revolução dos cravos trouxe esperança e mudou Portugal para sempre", declarou Ursula von der Leyen, falando num comício da Aliança Democrática (AD), na cidade do Porto, em que foi interrompida por manifestantes pró-Palestina.
"O povo português ansiava pela liberdade, ansiava pela democracia e finalmente abraçaram-na e abraçaram o destino europeu", mas "esses valores fundamentais estão novamente em causa", como a democracia, acrescentou a candidata de centro-direita.
Ursula von der Leyen apontou que, atualmente, "a democracia está sob ataque não só do exterior, mas também do interior da Europa", pelos "extremistas de extrema-esquerda ou de extrema-direita".
"Quer seja o AfD na Alemanha, ou o Rassemblement National em França, seja a Confederatia na Polónia ou o Chega aqui em Portugal. Os nomes podem ser diferentes, mas o objetivo é o mesmo: desprezam os nossos valores e querem enfraquecer a nossa Europa", acusou a candidata do Partido Popular Europeu (PPE) à liderança do executivo comunitário.
E apelou: "Nós, PSD, CDS-PP e PPE, nunca deixaremos que isso aconteça. Temos de fazer destas eleições europeias uma vitória estrondosa da democracia."
De acordo com Ursula von der Leyen, "a democracia é, de facto, a marca da União Europeia".
A presidente da Comissão Europeia e candidata do Partido Popular Europeu a um segundo mandato (que foi eleita em 2019 sem ser candidata) está hoje no Porto para arruada e comício com o cabeça de lista da AD às eleições europeias, Sebastião Bugalho, e o presidente do PSD e primeiro-ministro, Luís Montenegro.
O discurso da presidente da Comissão Europeia e candidata do Partido Popular Europeu a segundo mandato foi interrompido por dezenas de manifestantes de apoio aos palestinianos, que pediram uma "Palestina livre" dos bombardeamentos de Israel.
A cabeça de lista do BE às eleições europeias apelou hoje ao voto na esquerda que "não vacila" na defesa dos direitos humanos, das mulheres e "nunca terá proximidade" com a direita ou extrema-direita.
"É bom votar sem vacilar e votar em quem não vacila. Conhecem bem o trabalho do BE, sabem que não vacilamos na defesa de quem trabalha, no respeito pelas mulheres, no combate a todas as formas de discriminação, não vacilamos para defender o acesso à saúde, para defender a educação, nas lutas mais duras e lá estamos lado a lado todos os dias, nunca falhamos. O BE é a esquerda de confiança", apelou Catarina Martins, num comício em Braga.
Na reta final da campanha, a antiga coordenadora apostou no apelo ao voto de quem "saiu à rua" nos 50 anos do 25 de Abril, das mulheres que "fazem as marés do 08 de março" ou de quem "se levanta por Gaza e contra o genocídio".
"Há quem se queira esquecer ou não se lembre dos perigos da extrema-direita, da política do ódio e da guerra e é também por isso que no dia 09 é tão importante ir votar. Não vacilar e ir votar na esquerda que nunca terá qualquer proximidade nem com a extrema-direita, nem com a direita que negoceia com ela", garantiu a bloquista.
No dia em que a presidente da Comissão Europeia esteve no Porto, numa ação de campanha da Aliança Democrática (PSD/CDS-PP/PPM), Catarina Martins insistiu nas críticas a Ursula von der Leyen, que teve nos últimos anos "uma aliança que ia dos Verdes até aos populares [Partido Popular Europeu]", acusando a dirigente alemã de estar a negociar agora com a extrema-direita.
"Mas só se engana sobre o que significa a direita na União Europeia e o seu projeto de retrocesso contra o Estado social e a democracia quem tiver andado ignorado ou distraído. Não é o caso desta esquerda", defendeu.
Catarina Martins defendeu que foi entre "socialistas, liberais, PPE (onde está o PSD e o CDS) que se fizeram das decisões mais vergonhosas da UE nos últimos tempos", desde o pacto de governação económica "até ao vergonhoso Pacto das Migrações que faz com que o Mediterrâneo seja a fronteira mais mortífera do mundo".
"Aqui está quem sabe que a linha vermelha são os direitos humanos e que essa linha vermelha é para levar a sério e que direitos humanos tanto é o acesso a saúde como o respeito pelas pessoas que migram", afirmou.
Numa altura em que bloquistas já assumiram o objetivo de eleger dois eurodeputados no domingo, Catarina Martins apelou ao voto "contra o medo" e "pela esperança" e insistiu na mensagem: "Vota no BE que é o partido que não vacila".
O porta-voz do Livre, Rui Tavares, criticou hoje os partidos de esquerda que diz terem desistido de ser europeístas e afirmou que o seu é o único que representa a "esquerda transformadora que quer uma Europa democrática".
Rui Tavares discursava no comício de encerramento da campanha do Livre às eleições europeias de domingo, no Auditório Camões, em Lisboa, e onde recordou a história dos jovens que lutaram contra o fascismo italiano e criaram o manifesto por uma Europa unida e livre, lema que o partido adotou para a corrida a Bruxelas.
"Há uma esquerda que se esqueceu destas lições da história, há uma esquerda que se esqueceu de ser europeísta, que desistiu de ser europeísta e que hesitou entre ser europeísta ou não ser", afirmou.
Em Portugal, continuou Rui Tavares, o Livre é o único partido que não encaixa nessa esquerda e o único que é europeísta "não por omissão, mas por ação". "E isso, meus caros, há muito poucos", disse.
"Neste domingo, para votar numa esquerda europeísta, (...) numa esquerda transformadora que quer uma Europa democrática, só há um voto e esse voto é no Livre", apelou.
Um partido que responde à exigência das liberdades e direitos cívicos que fizeram as democracias na Europa, à exigência da justiça social e direitos laborais que fizeram o socialismo na Europa e à exigência da responsabilidade pelo planeta e pela luta contra a crise climática, descreveu o porta-voz.
No seu discurso, o também deputado na Assembleia da República atirou igualmente à direita e considerou que os eleitores, quando se questionam se é possível governar de outra forma, vão encontrar no Livre a "alternativa progressista".
"Não há contas para uma governação progressista em Portugal que batam certo sem incluírem o Livre", defendeu, sublinhando ainda que, por outro lado, também o combate à extrema-direita passa pelo partido.
Foi também uma mensagem partilhada pela outra porta-voz, Isabel Mendes Lopes, que sublinhou que a história é construída de histórias e que "as narrativas têm muito poder". E acrescentou: "Não podemos deixar que esta narrativa ganhe, nem em Portugal, nem na Europa".
O cabeça de lista às eleições europeias, Francisco Paupério começou por afirmar que o comício não marca o fim da campanha, mas um início para o Livre, "um início de uma representação no Parlamento Europeu".
Confiante que, em breve, estará a caminho de Bruxelas para ocupar um lugar no Parlamento Europeu, o "número um" sublinhou, entre gritos de apoio e aplausos, que "não há voto útil, nestas eleições o voto é livre".
Francisco Paupério reconheceu também, por outro lado, que o trabalho junto do eleitorado não se esgota no domingo e que, apesar do sentimento de pertença à União Europeia entre os portugueses, há eleitores desencantados com a Europa e a esses é preciso mostrar um caminho alternativo.
"A Europa não nasceu ontem e os portugueses também não e é por isso que sabem que as questões difíceis se respondem através do diálogo, da convergência e dos consensos", defendeu.
A campanha do Livre encerra na sexta-feira com um jantar-comício na cantina do Templo Hindu, em Lisboa.
O presidente da Iniciativa Liberal (IL), Rui Rocha, considerou que no domingo "a escolha é fácil" nas eleições europeias porque os liberais "têm o melhor candidato", João Cotrim Figueiredo.
"Estamos cá para tudo, ninguém nos pára. É a campanha do voto fácil porque temos mesmo o melhor cabeça de lista de todos que é o João Cotrim de Figueiredo", afirmou Rui Rocha num arraial liberal no jardim Dom Luís, em Lisboa.
Quando o líder liberal começou a discursar a chuva, que já tinha ameaçado, caiu torrencialmente e, perante a situação, brincou: "Liberais, chuva socialista não molha liberal".
Num discurso de cerca de quatro minutos, Rui Rocha, que viu João Cotrim de Figueiredo abrigá-lo da chuva, referiu que "como a IL tem o melhor candidato desta campanha eleitoral é fácil saber em que votar", daí ser a campanha do voto fácil.
"Este voto fácil também se deve aos opositores do João Cotrim de Figueiredo porque nós tivemos candidatos como Marta Temido [PS] que fugiu dos debates, como Sebastião Bugalho [PSD] que fugiu de dar opinião e como Tânger-Corrêa [Chega] que fugiu da realidade", apontou.
E questionou: "Mas quem será, mas quem será que no domingo vai para Bruxelas?".
À pergunta ouviu-se: "João Cotrim de Figueiredo, sim".
Rui Rocha explicou ainda que esta é a campanha do voto fácil porque não há voto útil e, por isso, "é fácil votar na Iniciativa Liberal".
E também é a campanha do voto fácil porque, nesta eleição, é fácil votar em todo o país.
"És de Bragança podes votar no Algarve, és do Algarve podes votar em Portalegre, és de Portalegre podes votar em Braga, és de Braga podes votar em Lisboa, podes votar em todo o país, depende de ti", exemplificou.
Considerando que a IL fez uma "grande campanha" e confiante num "grande resultado, o presidente da IL insistiu que os liberais "gostam mesmo da Europa", pedindos aos eleitores para não terem dúvidas "onde colocar a cruz" no boletim de voto.
O antigo ministro Duarte Cordeiro defendeu hoje que votar no PS "é dar força à ideia" de ter "protagonistas fortes" como o ex-primeiro-ministro António Costa nas lideranças europeias, acusando a AD de "inexperiência aliada à ambiguidade".
Duarte Cordeiro, atualmente afastado de qualquer cargo político, juntou-se hoje à noite ao comício do PS para as europeias em Aveiro, no penúltimo dia da campanha, tendo apresentado razões que justificam os votos nos socialistas no próximo domingo.
"Votar nos socialistas e trabalhistas europeus é dar força à ideia de termos protagonistas fortes nas lideranças europeias como é o caso de António Costa", defendeu.
Outra razão para o voto no PS é, segundo o antigo ministro, os protagonistas, sejam eles os candidatos ao Parlamento Europeu, mas também a possibilidade de haver "protagonistas ao mais alto nível da liderança do projeto europeu".
"A inexperiência da AD aliada à sua ambiguidade é a total garantia da desproteção dos interesses nacionais", avisou.
Já antes, na sua intervenção, Duarte Cordeiro tinha elencado outras três razões para que o voto nas europeias recaia no PS, sendo a primeira o reconhecimento da importância que o projeto europeu tem tido em Portugal.
"A compreensão que só uma Europa forte foi e será um grande alicerce de desenvolvimento do nosso país e da nossa democracia, no momento em que comemoramos os 50 anos do 25 de Abril", acrescentou.
Já como segunda razão para votar PS nas eleições europeias, o antigo ministro apontou "o reconhecimento da importância da solidariedade do projeto europeu", sentido no combate e no pós pandemia, bem como "na resposta à crise energética".
Como terceira razão indicou a continuidade da ambição climática, o combate ao negacionismo e a promoção de uma transição energética como uma oportunidade de desenvolvimento económico e industrial.
"É a nossa ambição ambiental que permite o desenvolvimento industrial da Europa, com a criação de novos empregos, bem remunerados, qualificados, com meios e recursos para que esta transição também seja social e seja justa para as populações e que reforce a nossa autonomia energética da Europa, a nossa competitividade e que inclua o restauro e a proteção da natureza", concluiu.
O presidente do Chega, André Ventura, comparou-se hoje ao ex-ditador António de Oliveira Salazar e disse que quer "por o país na ordem".
"Quando eu era mais novo, a minha avó dizia assim [...] 'isto já só vai lá com dois Salazares'. Era o que ela dizia, é verdade. E hoje eu orgulho-me muito quando as pessoas sabem que, afinal, já não é preciso Salazar nenhum", afirmou, no final de uma arruada pelo centro histórico de Braga.
O líder do Chega contou que "as pessoas passam na rua e dizem assim 'isto só vai lá com o Ventura e se tivermos um Ventura, é como vamos pôr este país na ordem'".
No seu discurso, Ventura disse ser necessário "levantar este país de uma vez por todas" e "pôr este país na ordem".
André Ventura voltou a apelar ao voto disse também acreditar que o Chega vai ter "um resultado histórico" nesta que é a primeira vez que o partido se apresenta a eleições europeias.
"Não se deixem nem condicionar, nem enganar por sondagens ou por quaisquer estudos que indiquem que o Chega não vai voltar a ter um resultado histórico. Nós vamos voltar a ter um resultado histórico, mas isso depende de vocês e é preciso que saiam de casa no domingo para votar e que não deixem ninguém em casa", pediu.
"Todos a votar no dia 09 para ganharmos estas eleições", insistiu.
Em jeito de balanço da campanha eleitoral, o presidente do Chega disse que falou para os portugueses "sem medos, sem enganos".
"Mesmo quando são todos contra nós, e esta campanha foram novamente todos contra nós. E sente-se que a cada dia que passa a nossa mancha de apoio aumenta", referiu.
De cima de um pequeno palco, André Ventura comentou também a condenação do banqueiro Ricardo Salgado, indicando que "finalmente, ao fim de quase uma eternidade, foi condenado".
"E o advogado aparece na televisão com o maior desplante do mundo a dizer que ele não devia ir para a prisão por causa da idade que tem. Quer dizer, demorámos décadas a julgar o homem, demorámos décadas a chegar à justiça, e agora que há uma primeira condenação - porque ele ainda vai recorrer neste país, toda a gente recorre de tudo e interminavelmente - agora, depois de passarem anos, dizem que ele é velho demais para ir para a prisão", afirmou.
André Ventura afirmou que se chegar ao Governo "os Ricardo Salgados deste mundo podem ter a certeza de uma coisa, é na prisão que vão acabar todos".
O Presidente francês, Emmanuel Macron, alertou hoje que se as eleições europeias de 09 de junho resultarem num grande grupo de extrema-direita no Parlamento Europeu, a União Europeia "poderá ficar bloqueada".
"Uma Europa onde a extrema-direita é forte, se houver uma nova pandemia, a Europa não nos vai proteger (...) se amanhã a extrema-direita tiver uma minoria capaz de bloquear [o Parlamento], não vamos ter uma Europa das vacinas, essas pessoas vão dar-vos cloroquina e a vacina [russa] Sputnik", disse o Presidente francês.
Em entrevista ao canal France 2 e TF1, Emmanuel Macron apelou a uma afluência massiva às urnas no dia 09 de junho, por considerar que haverá uma luta contra a abstenção, recordando o que aconteceu no referendo do Brexit de 2016, quando "os britânicos não foram votar e outros acabaram por votar por eles".
Este aviso surge numa altura em que o partido de extrema-direita francês União Nacional (RN) de Marine Le Pen, liderado por Jordan Bardella, tem uma grande vantagem nas últimas sondagens, cerca de 33% das intenções de voto, o dobro do partido presidencial (16%), de Valérie Hayer e do Partido Socialista-Place Publique, de Raphaël Glucksmann (14,5%).
O chefe de Estado apelou, mais uma vez nesta campanha, a "um despertar, a uma chamada de atenção" dos franceses.
Nas listas francesas estão inscritos 49,5 milhões de eleitores, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística e Estudos Económicos, com as últimas estimativas a apontarem para uma baixa taxa de participação de cerca de 48%.
"Eu sei uma coisa: não acredito nas sondagens, acredito nas eleições", disse Emmanuel Macron, acrescentando que irá votar no domingo e depois esperar pelos resultados.
A escolha desta data de entrevista motivou diversas críticas por parte dos partidos de oposição, por ser realizada três dias antes das eleições europeias, quando a principal candidata do seu partido (Renascimento) não consegue destacar-se na campanha.
A cabeça de lista do PS às europeias garantiu hoje que o seu partido não faz alianças com quem trai os valores europeus, criticando a disponibilidade da AD e Partido Popular Europeu para se aliarem à extrema-direita.
"Ao contrário da AD e do Partido Popular Europeu, não alinhamos com a disponibilidade da direita para fazer alianças com a extrema-direita, traindo os valores europeus e fazendo um branqueamento, um aligeiramento, de tudo aquilo que representa a extrema-direita", referiu Marta Temido numa ação de campanha para as eleições europeias.
Marta Temido falava no Encontro Europa, hoje à noite em Aveiro, contando ainda com as participações do antigo ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, e do secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos.
Ao longo da sua intervenção, a antiga ministra da Saúde acusou a extrema-direita de ter como único objetivo a destruição, por dentro, do projeto europeu.
"Ao contrário da AD, do Partido Popular Europeu, não alinhamos com a senhora Meloni, de Itália, cuja ação política tem resultado numa redução de direitos laborais, no aumento da repressão policial, na redução do espaço de manifestação, na redução dos direitos das famílias LGBTQI e em medidas que dificultam o acesso das mulheres ao pleno uso dos seus direitos sexuais e reprodutivos", afirmou.
A um auditório cheio de militantes, Marta Temido recordou que a AD tem na sua composição o Partido Popular Monárquico, "um partido anti-europeu", que defendeu um referendo para a saída de Portugal da União Europeia.
"Uma vez mais, sabemos bem de que lado estamos: estamos do lado de um Portugal europeu e de uma Europa forte e solidária", acrescentou.
No encerramento do penúltimo dia de campanha, a cabeça de lista do PS apelou à mobilização e ao voto no dia 09.
"No próximo domingo vamos decidir que Europa queremos e quem governa a Europa: será uma decisão importante e que moldará os destinos da Europa e de Portugal para os próximos cinco anos. Estão em jogo duas visões distintas, entre uma Europa que nos inspira e uma Europa do medo, uma Europa de progresso e uma Europa de retrocesso", concluiu.
Um manifestante pró-Palestina foi hoje detido na sequência do protesto no Porto que interrompeu hoje o discurso da presidente da Comissão Europeia e candidata do Partido Popular Europeu a um segundo mandato, adiantou à Lusa fonte da PSP.
O discurso de Ursula von der Leyen foi interrompido hoje, no Porto, por dezenas de manifestantes de apoio aos palestinianos, que pediram uma "Palestina livre" dos bombardeamentos de Israel, protesto que levou à intervenção da PSP.
Fonte da PSP confirmou à agência Lusa que um manifestante foi detido por "resistência e coação sobre funcionário".
Ursula von der Leyen tinha começado a discursar num comício da AD no centro do Porto e estava a elogiar o apoio do presidente do PSD, Luís Montenegro, e do cabeça de lista da AD, Sebastião Bugalho, quando cerca de 20 manifestantes interromperam as suas palavras gritando "Palestina Livre", com as mãos pintadas de vermelho a lembrar o sangue do confronto.
Von der Leyen tentou continuar o discurso, mas as atenções no comício estavam centradas nos manifestantes, que acabaram por abandonar o local acompanhados pela polícia.
"Se vocês estivessem em Moscovo, estavam agora na prisão", comentou Ursula von der Leyen, comparando o protesto com a guerra da Ucrânia causada pela invasão russa.
"Liberdade, liberdade", começaram a gritar os apoiantes da AD, que não evitaram ainda assim que continuassem os protestos de apoio à Palestina, já um pouco fora do local do comício.
A campanha de Von der Leyen tem sido marcada pela sua posição pró-Israel no conflito do Médio Oriente.
Os manifestantes gritavam palavras de ordem como "podes esconder-te, mas não podes esconder que financias o genocídio" (em inglês) ou "que vergonha deve ser defender o genocídio para ter o que comer".
A polícia interveio de imediato, afastando os manifestantes, tendo um deles sido deitado ao chão. Em seguida, acompanharam-nos para uma rua afastada do comício, onde continuaram os protestos.
Ao mesmo tempo, no comício, os apoiantes da AD gritavam "Ursula, Ursula, Ursula".
O cabeça de lista do Chega às eleições europeias apelou hoje ao voto com o argumento de que o Chega é o único partido que não vai para o Parlamento Europeu "defender os animais, as plantas, os jardins".
"Meus amigos, não se esqueçam de uma coisa, dia 09, todos, os pais, as mães, os tios, as tias, os avós, as avós, os netos - os netos é um bocado difícil -, mas toda a gente a votar no único partido que não vai para Bruxelas defender os animais, as plantas, os jardins ou eles próprios", afirmou.
"É o caso de um rapaz que anda aí, que diz que eu sou das teorias da conspiração e com um ar agressivo, com o ar como se ele fosse a última bolacha do pacote, diz 'eu é que sou o bom'. Não é, ele vai para lá para fazer negócios", criticou, sem nomear.
António Tânger Corrêa discursava no final de uma arruada em Braga, que juntou menos de 100 pessoas e aconteceu momentos depois da arruada do BE, que teve um percurso semelhante.
O primeiro candidato do Chega ao Parlamento Europeu disse que o Chega é o único partido que quer "defender Portugal e os portugueses".
"Nós somos os únicos que temos Portugal na boca e os portugueses no coração", defendeu.
O vice-presidente do Chega comprometeu-se também a tratar "de uma forma extremamente séria" os temas da agricultura e pescas, indicando que "os agricultores e os pescadores e as indústrias ligadas à pesca e à agricultura, à agroindústria, podem contar definitivamente com o Chega".
Na sua intervenção num pequeno palco junto à tenda que o partido tem levado para as arruadas, Tânger Corrêa abordou também o tema da imigração.
"Fomos nós que pusemos no centro da agenda política nacional os problemas com a imigração. Como já disse, nós não somos contra a imigração, pelo contrário, nós somos a favor de uma imigração controlada, boa para o país e boa para a imigração", sustentou.
O antigo embaixador aproveitou também para criticar a comunicação social, alegando que "fica calada" sobre "os malefícios da extinção do SEF e a vinda, sem qualquer controle, de grupos criminosos para Portugal", sustentando que "quem vê a realidade é o povo português".
"Nós não estamos a inventar nada, nós não estamos a criar uma situação de ódio, nós não estamos a criar uma situação que não existe. Agora, o que nós não compreendemos é que continuem a meter a cabeça debaixo da terra, como as avestruzes, para não ver aquilo que se passa", criticou.
O candidato alertou que "daqui a dois, três, quatro anos", Portugal pode atravessar "uma situação que é completamente inexequível para o país", argumentando que "ninguém quer" que isso aconteça.
Tânger Corrêa acusou também o primeiro-ministro, Luís Montenegro, de se ter comprometido com "um determinado tipo de controlo de imigração", mas fazer "uma coisa meia 'wishy-washy', nem para cima nem para trás, é como melhoral, nem faz bem nem faz mal".
O candidato falou ainda sobre corrupção, considerando que "lavra completamente em aberto" na Europa.
"Os meus amigos não têm ideia da quantidade de corrupção que existe neste momento na Europa e é aí que está a génese dessa corrupção, porque se aquilo que importa a Portugal e aos países europeus passa necessariamente por Bruxelas, também a corrupção passa. E essa, por nós, não passará, não passará mesmo", indicou.
A nível interno, sugeriu que o caso das gemas constitui "um caso de corrupção alicerçada no passado".
O cabeça de lista da AD às europeias justificou hoje o apoio a Ursula von der Leyen para um novo mandato à frente da Comissão Europeia porque partilham "linhas vermelhas" e "não brincam com o fogo da história".
Num comício da AD no Porto, no penúltimo dia de campanha para as eleições europeias de domingo, Sebastião Bugalho começou a sua intervenção, em inglês, a agradecer o apoio e a presença da presidente da Comissão Europeia, ainda antes de a iniciativa ser interrompida por um grupo de manifestantes pró-Palestina durante o discurso de von der Leyen.
O cabeça de lista da AD recordou, tal como já tinha feito no seu discurso aoalmoço, o desembarque na Normandia das tropas aliadas há 80 anos na Segunda Guerra Mundial.
"Hoje, dia 06 de junho de 2024, os democratas portugueses que somos todos estamos aqui para lhe dizer que não nos esquecemos desse dia. Não nos esquecemos das duras lições da história e confiamos em si precisamente porque não esquece essa história", afirmou.
Sebastião Bugalho considerou que foi com Ursula von der Leyen à frente da Comissão Europeia que "a Europa se defendeu do invasor russo contra a Ucrânia".
"Na AD não brincamos com o fogo da história, rejeitamos qualquer forma de extremismo, qualquer forma de perseguição étnica, é por não esquecer o que os extremismos e racismos fizeram no século XX que não vamos deixar que o façam no século XXI", afirmou.
O candidato defendeu que a AD e a candidata do PPE à presidência da Comissão partilham as mesmas "linhas vermelhas": "É a defesa do Estado de direito, da pertença europeia, da paz na Ucrânia".
"Essas são as linhas vermelhas da AD, do PPE, que nós temos e que os outros recusaram toda a campanha responder se têm ou não", afirmou.
O candidato referiu que, tal como os jovens europeus lutaram por uma Europa mais livre e pela paz no século XX, também a AD quer "uma Europa livre e em paz no século XXI até à derrota final de Vladimir Putin".
"É esse o nosso compromisso, é esse o compromisso de Ursula von der Leyen, é por isso que estamos ao seu lado: porque a presidente nunca hesitou", salientou.
A presidente da Comissão Europeia e candidata ao cargo juntou-se hoje à campanha da AD na tradicional passagem por Santa Catarina, ao lado do líder do PSD e do cabeça de lista, Sebastião Bugalho, numa "bolha" de segurança.
A arruada começou na Capela das Almas cerca das 18:40 e durou menos de meia-hora, com Ursula von der Leyen, Luís Montenegro e o cabeça de lista da AD a juntarem-se um pouco mais abaixo na Rua de Santa Catarina, no Porto.
Nem a comunicação social nem quase nenhum popular conseguiu furar a "bolha" de segurança formada por cerca de uma dezena de elementos, entre a comitiva da AD e da candidata do Partido Popular Europeu à Comissão Europeia.
Na primeira fila da arruada estavam também o líder do CDS-PP, Nuno Melo, o ex-eurodeputado Paulo Rangel e a recandidata Lídia Pereira.
As juventudes partidárias alteraram um pouco as habituais palavras de ordem e gritaram "Don't stop Ursula", empunhando bandeiras da União Europeia e t-shirts de apoio a candidata.
Os "jotas" pediram e a candidata à Comissão Europeia também saltou, juntamente com Montenegro, Melo e Bugalho, que ainda ouviram uma tuna académica durante breves instantes.
O histórico militante do PSD Amândio de Azevedo foi dos poucos a quem os seguranças permitiram cumprimentar os "notáveis" da arruada, onde se incluíam também deputados e dirigentes do PSD e CDS-PP como Hugo Soares, Pedro Morais Soares, Pedro Duarte ou Miguel Guimarães.
Há três meses, nas legislativas, o percurso da tradicional "arruada" portuense da AD foi um pouco mais longo e durou cerca de 45 minutos e com Montenegro a falar, por várias vezes, ao longo do percurso.
Tal como em março, a comitiva da AD terminou a arruada na praça Dom João I, onde estava já montando o palco para o comício do penúltimo dia de campanha.
Antes da arruada, Ursula von der Leyen reuniu-se para um encontro bilateral com Luís Montenegro, no Palácio da Bolsa, ao qual se seguiu uma visita guiada, com Sebastião Bugalho e também os ministros dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, e da Defesa e líder do CDS-PP, Nuno Melo.
"Posso ir assim?", perguntou Ursula von der Leyen, antes de sair da visita, acompanhada pela Lusa, referindo-se aos seus sapatos de salto alto.
"Não, é melhor trocar para sapatilhas", responderam os seus acompanhantes, nos quais se incluía também a eurodeputada e candidata da lista do PSD às eleições europeias Lídia Pereira.
Passados cinco minutos, von der Leyen voltou de sapatilhas e foi levada, juntamente com Montenegro e Bugalho, em carrinhas pretas para se juntar à arruada, que havia começado poucos minutos antes.
"Ah, pois é, é a Von der Leyen", comentaram alguns populares, que pareciam reconhecer a presidente da Comissão Europeia à sua chegada à rua de Santa Catarina.
Fontes da campanha da candidata comentaram com a Lusa, no final da arruada, estar surpreendidos com a dimensão da ação de campanha, incomum ao nível da UE, assinalando que não haviam sido avisados da proximidade e da quantidade de participantes, que terão rondando as centenas.
"Não nos explicaram isso no briefing" de segurança, adiantou uma dessas fontes à Lusa.
O presidente do PSD, Luís Montenegro, mostrou-se hoje convicto de que a candidatura da AD às eleições europeias está "no bom caminho", mas considerou que não pode "dormir à sombra da bananeira" e deve lutar até ao fim.
Depois da tradicional passagem por Santa Catarina, no Porto, ao lado da presidente da Comissão Europeia e candidata ao cargo, Ursula von der Leyen, e do cabeça de lista da AD, Sebastião Bugalho, Luís Montenegro foi o primeiro a discursar num comício e aludiu às boas perspetivas deixadas pelas sondagens.
"Eu sei que estamos no bom caminho. Há até várias sondagens que apontam que estamos em crescendo. Mas eu quero dizer-vos hoje aqui olhos nos olhos: não podemos dormir à sombra da bananeira, nós temos de ir até ao fim, temos de dar tudo, nós vamos dar tudo para ganhar no próximo domingo", apelou.
O primeiro-ministro disse que o entusiasmo sentido hoje no Porto "tem de traduzir-se em votos, em mandatos".
"Para isso, é preciso que todos, até ao último minuto, possamos fazer o que está ao alcance para que as pessoas saibam o que está em causa no domingo e para que possam ir votar e participar nessa decisão", avisou.
Luís Montenegro pediu também que todos façam o que está ao seu alcance para combater a abstenção: "vamos, até domingo, dar tudo, vamos mobilizar o povo português para votar" e baixar a abstenção.
Referindo-se aos adversários da AD, o líder social-democrata disse que eles vão continuar a falar, enquanto o Governo continuará a fazer e deixou um compromisso.
"Aqueles que já estão cansados com o ritmo do governo não se cansem já, porque mesmo a partir de domingo nós vamos continuar a governar todos os dias com o mesmo ritmo e a olhar para o interesse nas pessoas", garantiu.
Para Montenegro, "esta tem sido uma campanha muito esclarecedora, porque é muito fácil identificar a candidatura e o candidato que mais argumentos deram e dão aos portugueses para representar" Portugal no Parlamento Europeu.
"Com todo o respeito democrático que temos por todos os outros partidos e por todos os outros candidatos, o Sebastião Bugalho está muito à frente e merece uma prova de confiança no próximo domingo", defendeu.
O líder do PSD referiu que as forças políticas que integram a AD podem dizer que sempre estiveram ao lado da paz, dos direitos humanos, dos direitos sociais e do projeto económico da União Europeia.
"Se há forças politicas que nunca abdicaram dos seus princípios, mesmo que para ganhar de forma conjuntural alguma coisa, até no oarlamento português, fomos nós. O PS não pode dizer o mesmo", criticou.
O cabeça de lista da CDU às europeias desceu hoje a Rua de Santa Catarina a criticar "quem anda a fazer campanha com figurões da UE", considerando que protagonizaram políticas de degradação das condições do povo e do país.
Poucos minutos antes de, em sentido contrário, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, descer a rua de Santa Catarina em sentido contrário, integrada na campanha da Aliança Democrática (AD), João Oliveira e Paulo Raimundo fizeram a tradicional arruada rodeados por balões e bandeiras da CDU.
Acompanhados por centenas de militantes - entre os quais o deputado Alfredo Maia, assim como o historiador Manuel Loff, entre outros ex-deputados e eurodeputados da CDU -, João Oliveira e Paulo Raimundo foram entoando cânticos como "paz sim, guerra não", "a CDU avança, com toda a confiança" ou "25 de Abril sempre, fascismo nunca mais".
A meio do trajeto, um ex-combatente da guerra colonial dirigiu-se a João Oliveira para criticar o esquecimento a que considerou estar sujeito, com o cabeça de lista da CDU a defender que a coligação tem procurado dar melhores condições a quem combateu "numa guerra que não era sua".
Mais adiante, o cabeça de lista da CDU voltou a ser interpelado por uma pensionista, que lhe que disse que é preciso aumentar as pensões, com o candidato a responder que essa é uma das lutas.
No final do percurso, João Oliveira subiu a um palanque para salientar que não "deixa de ser significativo que outras forças políticas preferiram, ao longo da campanha eleitoral, desfilar ao lado dos figurões da União Europeia".
Para João Oliveira, esses figurões "são os protagonistas da degradação das condições de vida, que têm imposto a dependência externa de Portugal, que impõem a contenção dos salários e o aumento das taxas de juro".
"E também aí se faz o contraste: enquanto hoje, nas ruas desta cidade, teremos forças políticas a desfilarem ao lado da presidente da Comissão Europeia (...), estivemos nós ao lado de ex-presos políticos, de resistentes antifascistas, que deram combate ao fascismo, à extrema-direita, abrindo a Portugal a perspetiva da conquista da liberdade e da democracia que alcançámos com o 25 de Abril", disse.
Neste discurso, João Oliveira voltou a apelar à mobilização do eleitorado da CDU, defendendo que é preciso perguntar a cada um "de que é que lhes serviu o voto" noutras forças políticas nas últimas eleições europeias, em 2019.
O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, também se dirigiu às centenas de militantes que acompanharam a arruada para lhes deixar uma palavra de coragem "para enfrentar aqueles que se acham donos do país e da Europa" e para "salvar a Europa da hipocrisia e do cinismo".
"Para defender os fortes, não é preciso coragem, é preciso é vergar, ajoelhar e submeter-se aos interesses dos poderosos. Coragem é preciso para defender os fracos, e coragem é coisa que não falta aqui na CDU", disse.
Por outro lado, o líder do PCP pediu também aos militantes que tenham "confiança no povo, nos trabalhadores, nas mulheres", salientando que a "verdade e a razão, mais cedo ou mais tarde", vai permitir retomar o caminho do 25 de Abril, "para responder às necessidades da maioria".
Por último, Paulo Raimundo pediu-lhes que se mobilizem para convencerem as pessoas a irem votar no domingo na CDU, mesmo quem votou noutras forças políticas nas últimas eleições, para garantir que a coligação fica no Parlamento Europeu "com mais força e determinação".
O vice-primeiro-ministro italiano, Antonio Tajani, afirmou hoje que o Presidente russo, Vladimir Putin, está a tentar influenciar as eleições europeias, à luz da "guerra híbrida" iniciada com a invasão à Ucrânia.
Num fórum da ANSA, o também ministro dos Negócios Estrangeiros de Itália e líder do partido Forza Italia (FI), de centro-direita, pós-Berlusconi defendeu que "Putin está a conduzir uma guerra híbrida e a tentar influenciar as eleições europeias, tentando dividir o Ocidente".
"Mas estamos todos unidos na defesa da Ucrânia", garantiu Tajani, acrescentando que "a unidade da NATO não está em risco".
"Dito isto, queremos a paz", sublinhou Tajani, que reiterou que a Itália apenas apoia o uso das armas que fornece para defesa no território ucraniano.
Também hoje Tajani tinha já comentado as palavras de Putin de quarta-feira sobre a Itália ser menos 'russofóbica' em comparação com outros países ocidentais.
"Não temos de estar alinhados com ninguém: quando muito, são os outros que não estão alinhados connosco", disse o responsável à televisão Mediaset, garantindo que a "União Europeia e a NATO estão unidas na defesa da Ucrânia".
Putin tinha respondido a uma pergunta da agência noticiosa ANSA, num encontro com a imprensa, referindo que a posição de Itália (em relação à Rússia) "é mais moderada do que a de outros países europeus e tomamos isso em consideração".
"Esperamos que, quando a situação na Ucrânia começar a estabilizar, possamos restabelecer as relações com a Itália, talvez mais rapidamente do que com outros países", acrescentou.
Tajani afirmou ainda ser a favor do reconhecimento pela Itália de um Estado palestiniano, mas apenas quando as suas fronteiras estiverem definidas.
Acrescentou estarem prestes a partir os primeiros envios de contentores para a "Food for Gaza", uma iniciativa que a Itália está a liderar para levar ajuda alimentar aos civis palestinianos num trabalho com instituições das Nações Unidas.
O discurso da presidente da Comissão Europeia e candidata do Partido Popular Europeu a um segundo mandato, hoje no Porto, foi interrompido por dezenas de manifestantes de apoio aos palestinianos, que pediram uma "Palestina livre" dos bombardeamentos de Israel.
Ursula von der Leyen tinha começado a discursar num comício da AD no centro do Porto e estava a elogiar o apoio do presidente do PSD, Luís Montenegro, e do cabeça de lista da AD, Sebastião Bugalho, quando cerca de 20 manifestantes interromperam as suas palavras gritando "Palestina Livre", dados os bombardeamentos de Israel em Gaza, com as mãos pintadas de vermelho a lembrar o sangue do confronto.
Von der Leyen tentou continuar o discurso, mas as atenções no comício estavam centradas nos manifestantes, que acabaram por abandonar o local acompanhados pela polícia.
"Se vocês estivessem em Moscovo, estavam agora na prisão", comentou Ursula von der Leyen, comparando o protesto com a guerra da Ucrânia causada pela invasão russa.
"Liberdade, liberdade", começaram a gritar os apoiantes da AD, que não evitaram ainda assim que continuassem os protestos de apoio à Palestina, já um pouco fora do local do comício.
A campanha de Von der Leyen tem sido marcada pela sua posição pró-Israel no conflito do Médio Oriente.
O cabeça de lista da CDU às europeias considerou hoje que a posição do PCP sobre a Ucrânia está a ser caricaturada, defendendo que as políticas de Putin são mais próximas da AD e IL do que do seu partido.
Em declarações aos jornalistas a meio da tradicional arruada na Rua de Santa Catarina, no Porto, João Oliveira foi questionado sobre uma notícia do jornal 'online' Politico de que os dois eurodeputados do PCP estão entre os que não aprovaram nenhuma resolução no Parlamento Europeu a condenar a Rússia, caracterizando-os como "melhores amigos" de Moscovo.
Na resposta, o candidato sublinhou que "as políticas de Putin são privatizações, ataques aos direitos dos trabalhadores, à intervenção sindical, àquilo que são aspetos fundamentais que fazem parte da democracia conquistada com o 25 de Abril".
"Certamente não terão dificuldade em encontrar liberais, a AD, muita gente comprometida com esse programa político que são as políticas de Putin, muito distantes das nossas", afirmou.
João Oliveira considerou ainda curioso que, "em cima das eleições, alguém se venha lembrar de trazer essa mensagem, sobretudo quando em Portugal não se encontra nenhuma outra força como a força da CDU a lutar pela paz".
"Mesmo que queiram procurar, com caricaturas desse género, fazer tremer a nossa determinação, não vão fazer isso: nós continuaremos a ser a voz portuguesa em defesa da paz, mesmo que todos os outros só queiram falar da guerra, mesmo que seja para fugirem a caricaturas dessas", disse.
O candidato salientou que as votações dos dois eurodeputados da CDU "foram sempre a favor da paz, de posições que defendem a paz" e contra "um confito nuclear como aquele para que nos querem empurrar"
"Todos os votos e deputados da CDU continuarão a servir para defender a paz, mesmo que nos queiram caricaturar, como fizeram nesse artigo. Continuamos muito determinados na defesa da paz", disse.
Os eurodeputados comunistas Sandra Pereira e João Pimenta Lopes não aprovaram nenhuma de 16 resoluções a condenar ações da Rússia, nos últimos cinco anos, entre 30 eleitos do Parlamento Europeu identificados pelo jornal online Politico.
O Politico analisou a votação de 16 resoluções críticas da Rússia, ao longo da legislatura que está a terminar, para identificar o que chama de "melhores amigos" de Moscovo no Parlamento Europeu: os 30 eurodeputados que mais vezes recusaram votar a favor dessas resoluções.
Sandra Pereira surge em segundo lugar da lista, encabeçada pela letã Tatjana Zdanakova, que foi acusada de espionagem para a Rússia -- que negou, afirmando ser "uma agente, mas uma agente da paz". Após um inquérito, o Parlamento Europeu concluiu que a eurodeputada violou o código de conduta, multando-a em 1.750 euros.
A cabeça de lista do ADN às eleições europeias, Joana Amaral Dias, disse hoje que, caso seja eleita no próximo domingo, pretende "criar uma nova família europeia", afirmando que a Europa se transformou "num colosso não democrático".
"Há uma série de deputados. Já temos mais de 20 e é o número necessário para constituir um novo grupo no Parlamento Europeu, que não se revê, não se encaixa, não se identifica com nenhuma das famílias que já estão constituídas", salientou a candidata.
Joana Amaral Dias falava aos jornalistas à margem de uma iniciativa do ADN, na Praça do Rossio, em Lisboa, que tinha como objetivo debater com a população ou com os candidatos que quisessem comparecer vários assuntos, como costuma acontecer no Reino Unido com o 'speaker´s corner', local onde qualquer cidadão pode discursar.
"Houve muitas mudanças profundas no mundo desde 2020 e é natural que assim seja e, portanto, temos tido vários contactos internacionais justamente no sentido de nos podermos juntar a essas pessoas que não encontram um espelho nos grupos já formados", afirmou.
Atualmente, o Parlamento Europeu, que conta com 705 membros, divide-se em sete famílias políticas. Para constituir um novo grupo é preciso um número mínimo de 23 deputados e tem de ter representado pelo menos um quarto dos Estados-membros.
O Parlamento Europeu é constituído por EPP/PPE - Grupo do Partido Popular Europeu (Democratas-Cristãos), S&D - Grupo da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas no Parlamento Europeu, RE - Renew Europe, Os Verdes/ALE - Aliança Livre Europeia, ECR/CRE - Grupo dos Conservadores e Reformistas Europeus, ID - Identidade e Democracia e GUE/NGL - Grupo Confederal da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Nórdica Verde.
Questionada sobre com quem o ADN se poderia juntar na Europa, Joana Amaral Dias disse "com vários deputados", desde aqueles que "vão ser eleitos pela primeira vez e outros que já pertenciam a algum grupo e procuram outra família".
"Não nenhum partido em específico. Há deputados descontentes e deputados que vão ser eleitos pela primeira vez", realçou, sublinhado que "a Europa, infelizmente, transformou-se num gigante, num colosso não democrático".
Aos jornalistas, a candidata recordou que, das sete instituições europeias, apenas uma é eleita, que é o Parlamento Europeu.
"Uma das propostas do ADN é que o Parlamento Europeu tenha iniciativa legislativa e que a Comissão Europeia seja também eleita, como pessoas como Ursula von der Leyen são elites que não são eleitas, não foram escolhidas por nenhum de nós", indicou.
Considerando que fez uma "campanha eleitoral completamente nova, diferente daquilo que é feito em Portugal", Joana Amaral Dias disse ainda, que se for eleita, vai "perder salário".
"Para mim, será um rombo naquilo que são os meus rendimentos, além da logística complexa que eu tenho. Sou mãe de três filhos, tenho dois filhos em idade escolar, e será um esforço adaptativo para mim, para o meu marido, para toda a família", sustentou.
O cabeça de lista do PTP às eleições europeias, José Manuel Coelho, prometeu hoje que, se for eleito eurodeputado, vai "lutar para acabar com os paraísos fiscais", lançando críticas ao serviço de Finanças da Madeira.
"É preciso os madeirenses abrirem os olhos a tempo e horas, antes que seja tarde de mais", avisou, para logo reforçar: "Quando eu chegar à União Europeia, vou lutar para acabar com esses paraísos fiscais, que são uma vergonha. Os impostos têm de ser para todos, tem que haver justiça fiscal."
José Manuel Coelho, que é natural da Madeira e reside na ilha, falava aos jornalistas no âmbito de uma ação de campanha para as eleições europeias de domingo, junto a uma repartição de Finanças, no centro do Funchal.
Ao lado do serviço de Finanças, Coelho repetiu: "Tal como dizia Jesus Cristo, o Nazareno, 'a minha casa é uma casa de oração e vós a transformastes num covil de ladrões'".
O candidato do Partido Trabalhista Português (PTP) afirmou ainda que as Finanças na região autónoma são uma "máquina tenebrosa", ainda pior do que o pirata francês que assaltou a Madeira no ano de 1566 e "roubou toda a cidade do Funchal".
"Estes piratas que estão ali nas Finanças são apoiados pelos grandes partidos do sistema, os senhores do PS e do PSD, eles é que mantêm esta máquina e esta máquina infernal é como as prisões antigamente do Salazar, cada dia mais perfeitas", disse.
José Manuel Coelho criticou a pressão exercida sobre os cidadãos comuns ao nível fiscal, enquanto "os grandes empresários não pagam impostos na Madeira" e "estão em paraísos fiscais".
"Os madeirenses têm que abrir os olhos uma vez na vida, não podem estar dando votos a esta gente, para serem roubados todos os dias, que esta gente é uma canalha, é o pior que existe", declarou.
José Manuel Coelho insistiu, por outro lado, no facto de ser o único cabeça de lista de origem madeirense e criticou os candidatos indicados pelo PSD/Madeira, Rubina Leal, e pelo PS regional, Sérgio Gonçalves, por "andarem a pedir o voto dos madeirenses que só vai servir para eleger deputados de Lisboa", já que considera que estão ambos em lugares não elegíveis nas listas, respetivamente em novo e oitavo.
"E depois esses amigos ainda têm a distinta lata de dizer que são autonomistas", lamentou.
A Aliança Democrática (AD) decidiu hoje cancelar a iniciativa de campanha eleitoral prevista para sexta-feira na Madeira devido às condições meteorológicas, disse à Lusa fonte oficial.
Segundo fonte da direção da campanha da AD (PSD/CDS-PP/PPM), as previsões de condições meteorológicas adversas punham em risco o regresso da comitiva ao continente para o encerramento da campanha eleitoral, em Lisboa.
Além da "arruada" no Chiado, Lisboa, e do comício, a AD divulgará outras ações na capital para o último dia de campanha eleitoral.
A Autoridade Nacional de Proteção Civil emitiu hoje um aviso prevendo "para os próximos dias, precipitação forte, vento e trovoada, nas regiões norte e centro".
O cabeça de lista da CDU às europeias alertou hoje para os perigos que estão a ser criados por "forças antidemocráticas e reacionárias, incluindo de extrema-direita, durante uma visita à antiga sede da PIDE no Porto.
Acompanhado pelo secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, e pela antiga presa política Maria José Ribeiro, João Oliveira visitou esta tarde o Museu Militar do Porto, no número 329 da Rua do Heroísmo, local onde, desde 1936, a polícia política do Estado Novo instalou a sua sede no Porto.
No pátio, João Oliveira e Paulo Raimundo observaram o local onde, à chegada, os presos políticos tinham de retirar os seus cintos, gravatas, lenços, ou "qualquer outro objeto que fosse considerado danoso" pela PIDE, antes de seguirem para um espaço de acolhimento onde, "por vezes, eram já maltratados, de várias formas, de bofetadas a murros e pontapés".
Depois de passarem num corredor onde havia salas de interrogatório, celas de isolamento e um estúdio fotográfico, Paulo Raimundo e João Oliveira observaram uma cela - onde dormem hoje militares -, na qual Maria José Ribeiro foi detida e submetida a interrogatório durante cerca de nove meses, em 1958, logo a seguir à campanha presidencial do general Humberto Delgado.
A João Oliveira e Paulo Raimundo, Maria José Ribeiro recordou que essa foi apenas a primeira vez, num total de três, em que passou pelo número 329 da Rua do Heroísmo. Na segunda, em 1962, após ter participado numa manifestação contra a guerra colonial, Maria José Ribeiro diz ter recebido "a receção mais brutal que imaginaria ter".
"Nem me perguntaram 'quem és?'. Tinha 10 à espera com um cavalo-marinho", recordou.
Agora, passados mais de 60 anos desde essa experiência, Maria José Ribeiro, que foi deputada do PCP entre 1983 e 1985 e cofundadora do Movimento Democrático das Mulheres, disse aos jornalistas que é preciso que, nestas eleições, as pessoas "votem com consciência".
"É uma alegria estar aqui agora em liberdade, depois daqueles anos terríveis. O que nós queremos é que não volte a acontecer e que as pessoas tenham muita consciência do que representa uma viragem terrivelmente à direita que está a acontecer por todo o lado", disse.
Depois, Maria José Ribeiro entregou um manifesto, assinado por 153 antigos presos políticos, de apelo ao voto na CDU, e salientou que é crucial "defender a liberdade, a democracia, tudo o que foi conquistado pelo 25 de Abril".
Aos jornalistas, João Oliveira explicou aos jornalistas que esta visita serviu para alertar para os "projetos e forças antidemocráticas e reacionárias, incluindo de extrema-direita", que são hoje "perigos do nosso quotidiano".
Neste contexto, o cabeça de lista da CDU às europeias defendeu que é "particularmente importante" que se aprenda com a "história de resistência ao fascismo e com a luta de resistência que foi travada em Portugal", e em particular no número 329 da Rua do Heroísmo, onde muitos resistentes foram "vítimas de prisão, torturas e espancamentos".
"O facto de virmos hoje fazer esta visita procura também sublinhar esse aspeto: de batalha pela democracia que estamos a travar, da força de Abril que a CDU é, não só pelo seu passado de resistência ao fascismo, de construção da liberdade e de democracia, mas também hoje, enfrentando as batalhas que temos pela frente", disse.
Questionado se gostava de se encontrar com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que esta tarde vai participar numa arruada da Aliança Democrática (AD) também no Porto, João Oliveira respondeu que não.
"Fico muito satisfeito por ter hoje ao meu lado ex-presos políticos, lutadores pela liberdade e pela democracia, que resistiram ao fascismo e lutaram pela liberdade e pela democracia. Se outros preferem ter a companhia de quem aumenta taxas de juro, promove precariedade, eleva aos despejos, favorece o lucros das multinacionais, são opções que eles fazem", disse.
O cabeça de lista do Livre às eleições europeias defendeu hoje que a União Europeia pode assumir um papel nas políticas de saúde, como teve durante a pandemia, e pediu mais investimento para investigação científica.
"A saúde também pode ser integrada na União Europeia (UE) e, apesar do que os tratados dizem, há margem para sermos mais próximos uns dos outros", defendeu Francisco Paupério.
De visita à Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP), o candidato do Livre às eleições de 09 de junho regressou a um sítio que lhe é próximo. Ele próprio foi diagnosticado com diabetes há dois anos.
Foi de experiência própria que falou sobre as dificuldades enfrentadas pelos diabéticos, que em Portugal poderiam ser acauteladas com um papel mais ativo da UE nas políticas de saúde, referindo-se à disponibilização e comparticipação dos dispositivos automáticos de insulina.
"Portugal não está isolado do mundo e temos a UE que pode fazer esse caminho. Vemos que noutros países já tínhamos acesso a este tipo de bombas e Portugal ficou para trás porque não está nesse sistema integrado", explicou.
Recordando a pandemia da covid-19, Francisco Paupério lembrou que a UE se uniu na aquisição e disponibilização de vacinas e defendeu que essa colaboração deveria estender-se também a outros casos.
"Tal como nas vacinas fizemos em conjunto, também podemos fazer para outro tipo de instrumentos que apoiam sobretudo crianças e jovens que têm, muitas vezes, de acordar às três e quatro da manhã todos os dias para medir o açúcar", sublinhou.
Continuando a campanha focada nos bons exemplos, o "número um" do Livre destacou também a importância do papel da APDP, criada há quase 100 anos e que na altura assegurava o acesso dos doentes mais pobres à insulina, um tratamento caro que não estava acessível a toda a população.
Atualmente, o acesso é gratuito, mas a associação alargou o seu âmbito de ação e serve hoje milhares de diabéticos, através da prestação de cuidados de saúde, da integração social e comunitária e da proteção de pessoas carenciadas.
A Fundação Champalimaud não está nessa fase e, apesar do esforço para democratizar tanto quanto possível o acesso a cuidados de saúde de ponta, por estar na linha da frente da investigação científica e inovação médica ainda não chega a todos.
No Centro Pancreático da fundação, Francisco Paupério visitou as novas instalações, que deverão começar a funcionar em breve, onde tudo foi pensado com o bem-estar do doente enquanto prioridade.
"Queremos mostrar que isto existe em Portugal, com dinheiro também português e muitas vezes estrangeiro", afirmou, alertando, no entanto, para a necessidade de um maior investimento.
"O papel da UE é fomentar este tipo de projetos e financiar especificamente projetos que têm um impacto positivo na comunidade. Este é um exemplo que ainda não chega a todos, infelizmente, porque trabalha na linha do conhecimento em que temos menos conhecimento e está normalmente associado a custos mais caros", referiu.
Ainda assim, Francisco Paupério não considera irrealista pensar que a qualidade encontrada naquele centro pode existir igualmente no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
"Sabemos que ainda não chega a toda a gente, mas se não houver este tipo de fundações, este tipo de ciência, este tipo de tecnologia a ser desenvolvido, nunca mais vamos chegar aos outros", justificou, considerando que "o SNS também tem que se atualizar".
E falando no SNS, Francisco Paupério, que já idealiza a ida para Bruxelas, assegura que vai continuar a priorizar o serviço nacional.
A cabeça de lista do PS às eleições europeias, Marta Temido, manifestou hoje a certeza de que pode contar com o antigo primeiro-ministro António Costa, com quem aprendeu que "não há problemas sem solução".
Durante uma arruada pela baixa de Coimbra, Marta Temido foi questionada sobre a presença de António Costa na sexta-feira, último dia de campanha, na tradicional descida do Chiado, em Lisboa, tendo respondido que não fazia "a menor ideia", mas assumindo que o tinha convidado
"Como imaginam não vou contar as conversas que tenho com o meu antigo chefe aqui em público. Tenho a certeza de que posso contar com ele, e para mim isso é tudo o que importa", disse.
A cabeça de lista socialista disse esperar de António Costa "um bom empurrão", como o ex-primeiro-ministro sempre lhe deu na vida.
"Sempre com uma coisa muito importante em termos de orientação: não há problemas sem solução, e isso para mim, esteja ou não esteja amanhã, é o que importa", enfatizou.
O PAN acusou hoje o Ministério Público de tentar mediatizar os casos judiciais e "contaminar atos eleitorais sucessivamente", criticando a proximidade entre as diligências contra António Lacerda Sales e as próximas eleições europeias.
"É fundamental que a justiça, por um lado, prossiga o seu rumo, mas por outro, que também não esteja a contaminar atos eleitorais sucessivamente. Nós temos duas semanas de campanha, estamos a escassos dias do ato eleitoral e, por isso, é para nós incompreensível", afirmou a líder do PAN, Inês Sousa Real, em declarações na Assembleia da República.
Para a deputada única do PAN, a proximidade da constituição como arguido do antigo secretário de Estado da Saúde António Lacerda Sales e as próximas eleições europeias não credibiliza o Ministério Público e que as diligências poderiam ter sido tomadas mais tarde por não haver "um risco iminente".
O PAN lembrou que "estas buscas são marcadas no dia em que, precisamente, ia ser ouvido Lacerda Sales na Assembleia da República" e que, "por isso mesmo, parece que o Ministério Público está aqui a correr em pista própria".
"Não é pelo facto de o PAN não só ter, neste caso, membros do anterior Governo como opositores nestas eleições a concorrerem que vamos deixar, de alguma forma, de censurar esta que tem sido uma mediatização da justiça que contamina atos eleitorais", reiterou Inês Sousa Real.
A deputada do PAN criticou o que diz ser um "circo mediático" e lamentou que haja "quem vá cavalgar essa onda de populismo" para "para tirar proveito deste caso".
Questionada sobre a condenação do ex-ministro da Economia Manuel Pinho e o ex-presidente do Banco Espírito Santo (BES) Ricardo Salgado, Inês Sousa Real afirmou que é um "caso que vem demonstrar que há ninguém que esteja acima da justiça" e lamentou a demora do processo.
"O PAN defende que precisamos de robustecer os meios atribuídos à justiça, garantir que os mega processos conseguem ser desmaterializados e que conseguimos ter gabinetes de apoio técnico a apoiarem os magistrados que decidem estes processos para que não vejamos tanto tempo entre aquilo que é a prática dos crimes, a investigação e depois a fase do julgamento e da condenação", acrescentou.
O presidente da IL considerou hoje que Marta Temido, por ter sido ministra da Saúde, não pode alhear-se do caso das gémeas e afirmou que era um "dia complicado" para o PS.
Em declarações na Assembleia da República sobre a constituição como arguido do ex-secretário de Estado da Saúde António Lacerda Sales, Rui Rocha defendeu que a candidata socialista às europeias, Marta Temido, não pode alhear-se deste caso por ter sido responsável pelo "ministério onde eventualmente aconteceram este tipo de procedimentos de favorecimento".
"Queremos perceber se de facto este tipo de atitudes e de atuações de favorecimento, que parece estar aqui em causa, aconteceu só neste caso, por influência de quem, se era uma prática recorrente no ministério e, obviamente, o responsável máximo do ministério não pode estar fora dessa avaliação política", criticou.
Rui Rocha afirmou não estar preocupado com a proximidade destas diligência com a data das próximas eleições referindo que ficaria preocupado se, pelo contrário, "houvesse diligências judiciais que são necessárias e que não fossem tomadas porque estamos num determinado período".
"Quero é que a justiça funcione, que funcione como muitos defenderam ao longo do tempo, no tempo da justiça e, portanto, se estas diligências estavam previstas, eram necessárias, eu não faço nenhuma leitura disso", defendeu o liberal.
Sobre a condenação do ex-ministro da Economia Manuel Pinho e do ex-presidente do Banco Espírito Santo (BES) Ricardo Salgado, Rui Rocha sublinhou que este é mais um momento com "a justiça a funcionar" e que é preciso refletir sobre como agilizar estes processos para não haver "uma justiça que funciona para uns e funciona tarde demais ou muito tarde para outros".
O líder liberal atirou ainda no sentido do PS referindo que este é "um dia complicado" para os socialista que, "têm um ex-secretário de Estado a ser constituído arguido e objeto de buscas" e um ex-ministro e Ricardo Salgado que, argumentou, teve a "complacência do poder político socialista".
"É um dia difícil para o Partido Socialista, mas é o que é, é a vida e estas coisas evitam-se, não se lamentam", concluiu.
O ex-secretário de Estado da Saúde António Lacerda Sales foi constituído arguido na segunda-feira no âmbito da investigação ao caso das gémeas que foram tratadas no Hospital Santa Maria, disse hoje à Lusa fonte ligada ao processo.
Também esta quinta-feira, o ex-ministro da Economia Manuel Pinho e o ex-presidente do Banco Espírito Santo (BES) Ricardo Salgado foram hoje condenados a penas de 10 anos e de seis anos e três meses de prisão, respetivamente, no julgamento do Caso EDP.
O cabeça de lista do Chega às eleições europeias, António Tânger Corrêa, desvalorizou hoje as sondagens, considerando que "valem o que valem" e "são manobras políticas".
"Na véspera das legislativas, as sondagens davam 14% ao Chega e nós tivemos 18%. Portanto, as sondagens valem o que valem. Não quero ofender quem as faz, mas também não quero aceitar tudo aquilo que me querem dizer, porque obviamente isto são manobras políticas", afirmou, no arranque de uma arruada na Póvoa de Varzim, distrito do Porto.
António Tânger Corrêa afirmou também que "só quem não tem o mínimo de noção é que não sabe que estas sondagens são, obviamente, instrumentos de campanha eleitoral".
O primeiro candidato do Chega ao Parlamento Europeu disse também acreditar num crescimento sustentado da direita a nível europeu e antecipou o quadro para os próximos anos.
"Eu acho que vai principalmente ser uma Europa com mais valores e menos corrupção e vai ser uma Europa mais responsável em termos de atingir determinados objetivos,", defendeu.
Tânger Corrêa considerou que "reina na Europa" uma "letargia" que "leva a que a Europa seja uma espécie de um elefante que se move devagarinho, cada vez maior, cada vez maior, e sem atingir os fins para que foi criada, que é criar um espaço de paz e desenvolvimento e proporcionar aos habitantes dos países europeus participantes neste projeto uma vida melhor".
"Neste momento não está a fazê-lo", lamentou.
Na ocasião, o candidato foi também questionado sobre a descida, pelo Banco Central Europeu (BCE), das três taxas de juro diretoras em 25 pontos base.
Apontando que "os bancos nacionais não podem andar à deriva ou contra as decisões do BCE", o cabeça de lista defendeu que se "o BCE baixou, os bancos nacionais têm que baixar", sustentando que os contratos "nada leva a que os contratos não possam ser renegociados durante a sua vigência".
Partindo do caso das gémeas tratadas no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, com um medicamento de milhões de euros, o antigo embaixador foi questionado também se no seu percurso diplomático alguma vez foi confrontado com um pedido para fazer um favor.
"Não. Um embaixador, coitado, que cunhas é que pode receber? Nunca ninguém me pediu favor nenhum, porque os nossos poderes são muito relativos", respondeu.
Ao seu lado, o presidente do Chega, André Ventura, apressou-se a comentar: "E se pedissem, tu não davas".
"Eu não dava, exatamente", rematou Tânger Corrêa.
Nesta arruada ao final da manhã, na Póvoa de Varzim, houve bandeiras, camisolas e chapéus com o símbolo do partido, bombos a anunciar a comitiva, e até um coreto foi decorado com bandeiras e uma lona do Chega.
Logo no arranque do percurso, André Ventura foi abordado por um imigrante do Bangladesh, de 33 anos, que disse trabalhar nas estufas mas queixou-se das condições de vida e de trabalho dos estrangeiros na pesca, que disse ajudar, indicando que alguns dormem nos barcos por dificuldades no acesso à habitação.
A chorar e falando português, o homem disse que está em Portugal há três anos, tem documentos, e uma filha que nasceu em Portugal, mas que mandou para a Indonésia, de onde é natural a sua esposa. E acusou o líder do Chega de populismo, de fomentar o racismo e de reclamar, mas não apresentar soluções.
Ventura defendeu que os imigrantes têm de cumprir as regras e que "o Estado não pode estar a dar casas a outras pessoas quando não há para os portugueses".
Depois de a caravana passar, e quando os jornalistas falavam com este homem, um outro, português, gritou para o imigrante "Viva Portugal" e criticou a comunicação social.
Quase 90% dos 252.209 eleitores inscritos para o voto antecipado exerceram o seu direito no domingo, disse hoje à agência Lusa o Ministério da Administração Interna (MAI).
O número de eleitores que votaram antecipadamente para as eleições europeias fixou-se em 225.039, correspondendo a 89% dos 252.209 inscritos, precisou a mesma fonte.
Os dados foram transmitidos pelas 308 câmaras municipais e dizem respeito aos votantes no território continental e nas ilhas, de acordo com o MAI.
Para votar em mobilidade para as europeias inscreveram-se 252.209 eleitores, mais 20% do que os 208.007 que optaram pelo voto antecipado nas últimas eleições legislativas, de 10 de março passado.
No passado domingo, quem se tinha inscrito até ao dia 30 de maio, poderia votar no município que escolheu quando solicitou o voto antecipado.
O eleitor inscrito para votar antecipadamente mas que não tenha conseguido fazê-lo poderá ainda exercer o seu direito cívico no dia das eleições, 9 de junho, em qualquer mesa de voto à sua escolha em Portugal e no estrangeiro.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o primeiro-ministro, Luís Montenegro, votaram antecipadamente para as eleições europeias, para as quais são chamados a votar mais de 10,8 milhões de portugueses, que escolherão 21 dos 720 eurodeputados.
Num almoço que contou com a presença do antigo secretário-geral do PSD Amândio de Azevedo, com mais 90 anos, o cabeça de lista da AD lembrou o 06 de junho de 1944, o dia D da Segunda Guerra Mundial.
"Eu não digo que vamos desembarcar na Normandia, aquilo que fica claro é que o mandato que queremos receber dos portugueses é imbuído do mesmo espírito: nós queremos defender a paz e a democracia", disse.
Sebastião Bugalho enumerou alguns dos desafios "difíceis, mas não impossíveis" que a delegação da AD terá no próximo mandato no Parlamento Europeu -- nas áreas da habitação, dos jovens, dos mais velhos ou das empresas - e, pelo segundo dia consecutivo, deixou uma palavra especial para os agricultores.
"Temos de cuidar e respeitar quem nos alimenta. Não podemos tratar uma profissão antiga como se não tivesse dito ao futuro, têm direito a serem incluídos na transição climática", defendeu.
Nesta matéria, considerou irónico que "a única medida que o PS tem no seu programa" nesta área seja "reforçar o diálogo com os agricultores, quando tinha uma ministra que não conseguia dialogar com agricultor nenhum", numa referência à ex-ministra socialista Maria do Céu Antunes.
O cabeça de lista da AD às europeias acusou hoje o PS de mudar de aliados "consoante a eleição" que disputa e contrapôs que a coligação não se alia "nem a extremistas, nem a populistas, só ao povo português".
Num almoço-comício em Gondomar (Porto), que juntou cerca de 500 pessoas, segundo a organização, Sebastião Bugalho voltou a defender que a escolha nas europeias de domingo "é muito simples".
"Alguém que vota AD sabe naquilo que vai votar, não vai votar em alguém que, ora vira à esquerda para governar, ora vira à direita para impedir de governar", disse.
No dia em que a presidente da Comissão Europeia e recandidata ao cargo se juntará à campanha da AD, Bugalho salientou que o PS "ora elogia Ursula Von der Leyen pelo mandato que fez, ora diz que está feita com a direita financiada por Vladimir Putin".
"Nós não saímos do mesmo sitio, sabem porquê? Porque os nossos adversários mudam de aliados consoante o sítio onde estão, mudam de aliados consoante a eleição que disputam, até mudam de aliados dentro do seu próprio partido, porque têm posições diferentes dentro do PS", criticou.
O "número um" da lista da AD apontou, de seguida, a razão pela qual a coligação composta por PSD, CDS-PP e PPM está sempre no mesmo sítio.
"É porque só temos uns aliados: os portugueses. Não nos aliamos nem à esquerda nem à direita, não nos aliamos nem com extremistas nem com populistas, não nos aliamos nem com eurocéticos nem com eurofóbicos, aliamo-nos ao povo português, aos democratas europeus", defendeu.
Sebastião Bugalho voltou a pedir aos eleitores que no domingo "não voltem para trás", apelando a que escolham "quem tem propostas feitas para melhorar a vida dos portugueses" em detrimento dos que estão "a impedir no parlamento quem ganhou eleições de servir o país".
O presidente do Chega considerou hoje "estranho" que a ex-ministra da Saúde e cabeça de lista do PS, Marta Temido, não soubesse de nada sobre o caso das gémeas, e acusou os socialistas de tentarem "abafar esta investigação".
"Marta Temido era ministra da Saúde na altura, este era o seu secretário de Estado, e portanto é pouco crível que alguém contorne a lei, marque uma consulta desta importância e dimensão, envolvendo um custo para o horário público de cerca de 4 milhões de euros, sem que a ministra pergunte o que é isto", afirmou.
André Ventura falava aos jornalistas antes de uma arruada na Póvoa de Varzim, distrito do Porto, e comentava as buscas feitas hoje no âmbito do caso das gémeas e a constituição como arguido do antigo secretário de Estado António Lacerda Sales.
"Estranho é que a ex-ministra não saiba de nada e mesmo, curiosamente, ouvi perguntas vossas sobre se ela teria falado com Lacerda Sales, e ela disse que `não, liguei-lhe no outro dia para lhe dar os parabéns, porque fazia anos´", criticou.
O líder do Chega disse que "tivesse um secretário de Estado que fosse suspeito de desviar, entre aspas, quatro milhões de euros para favorecer alguém", quereria saber se isso "tem algum fundo de verdade" e que se teve alguma intervenção.
"Tudo isto mostra como o PS está, de forma cúmplice, a tentar abafar esta investigação e a tentar proteger algumas das pessoas", acusou.
A ex-ministra da Saúde Marta Temido reiterou hoje que não teve "nada a ver" com o caso das gémeas, assegurando que confia na justiça e escusando-se a comentar os `timings´ das buscas.
André Ventura considerou também que é necessário perceber se se trata de "um caso isolado ou se há aqui, agora ou no passado, um polvo de influência permanente que levou a negócios deste tipo no Estado durante os últimos anos".
O presidente do Chega voltou também a apelar ao Presidente da República que preste esclarecimentos à comissão de inquérito que o seu partido forçou, considerando que Marcelo Rebelo de Sousa "ganhará, ele e o país, em antecipar-se a dar explicações sobre isto".
"Nós já tivemos um Governo que caiu por força de corrupção, acho que ninguém gostaria de ver agora um Presidente da República envolvido numa situação que nasce muito porque ele próprio decidiu não dar esclarecimentos. E, portanto, à luz dos acontecimentos de hoje, com crimes tão graves em cima da mesa, eu voltava a pedir a Marcelo Rebelo de Sousa que não deixe de dar os esclarecimentos que tem que dar, ele, eventualmente o seu filho, quem está envolvido nisto", apelou.
Ventura considerou que a Assembleia da República "não vai atrapalhar a investigação da PJ, nem do Ministério Público, fará uma investigação paralela, eventualmente até contribuirá para essa investigação, e naturalmente terá que respeitar os trâmites, os prazos e etc".
Quanto à audição de Lacerda Sales na comissão de inquérito, marcada para 17 de junho, o líder do Chega indicou que "vai manter-se", mesmo que possa haver "provavelmente limitações e condicionamentos", e indicou que vai também forçar a audição da atual ministra da Saúde, Ana Paula Martins, que era presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte quando o caso foi tornado público.
A "pequenina" Catarina Martins e a sua "campanha grande" foram hoje até à Feira de Barcelos, em Braga, numa receção calorosa que também contou com pedidos para que não esqueça "os mais pobres" na viagem até ao Parlamento Europeu.
"A Catarina Martins parece maior na televisão. Afinal é tão grande como eu", brincou um senhor de estatura baixa que abordou a cabeça de lista do Bloco de Esquerda às eleições europeias logo à entrada de uma das feiras mais antigas do país, que se realiza todas as quintas-feiras.
Antes mesmo de entrar no recinto da Feira de Barcelos, já Catarina Martins ouvia comentários sobre a sua altura, que ronda um metro e meio.
"A televisão engana muito, a gente começa a olhar para aquela televisão e a senhora parece uma senhora toda elegante e forte e aqui... você tem raça minhota. A mulher e a sardinha querem-se mais pequenina!", clamou um outro barcelense.
Com a gaita-de-foles e o bombo da comitiva bloquista a marcar o passo, Catarina Martins foi abordando alguns populares e distribuindo panfletos que convidou a ler "quando houver vagar".
Entre bancas de fruta, legumes, pão e flores, Catarina Martins ouviu desejos de "boa sorte" e "força", muitas solicitações para fotografias, "um abracinho" ou "um beijinho", e levou para casa um ramo de pequenos cravos-da-índia, laranjas, oferecido por uma das vendedoras.
"Catarina, tem uma campanha grande! Uma campanha grande e uma mulher pequenina!", ouviu-se perto da banca da fruta.
Brincadeiras à parte, a vendedora aproveitou o momento para alertar Catarina Martins de que existem poucos jovens a trabalhar na agricultura, e que a longo prazo pode não haver "nada para comer".
"Temos que arranjar maneira de que quem trabalha na agricultura tenha um salário que valha a pena, que é para ficarem", respondeu a bloquista.
Mas os avisos não se ficaram por aí: Catarina Martins ouviu lamentos de reformas baixas, a rondar os 500 euros, e pedidos para que não esqueça "os pobres" caso seja eleita no domingo.
"Ajudar os pobres porque eles precisam de solidariedade e os ricos não fazem isso, só riem dos pobres", apelou uma senhora, que se juntou aos apelos de uma outra: "Que corra tudo bem, e olhe por nós, pela classe baixa, por quem ganha pouco".
Catarina, a "pequenina", ouviu e prometeu não esquecer estas preocupações numa eventual viagem até Bruxelas e Estrasburgo.
A ex-ministra da Saúde Marta Temido reiterou hoje que não teve "nada a ver" com o caso das gémeas, assegurando que confia na justiça e escusando-se a comentar os timings das buscas.
Durante a primeira ação de campanha do dia, na Figueira da Foz, Marta Temido foi questionada pelos jornalistas sobre as buscas feitas hoje no âmbito do caso das gémeas.
"Estar na política é uma questão de caráter e é uma questão de olhar para as pessoas, olhos nos olhos e dizer: eu não tive nada a ver com isto. Agora as entidades próprias farão o seu papel e sua investigação", respondeu.
Assegurando que confia na justiça, a cabeça de lista do PS às europeias disse ter a "certeza que os timings e as diligências são fundados apenas num objetivo que é apurar a verdade".
"Cada entidade tem que fazer o seu papel. Eu não comento timings decisões. Com a maior tranquilidade, eu confio nas instituições, verdadeiramente", enfatizou.
Sobre o facto do seu antigo secretário de Estado, António Lacerda Sales, ter sido constituído arguido, Marta Temido começou por sublinhar que a "constituição de arguido visa ouvir alguém em processo e de alguma forma assegurar-lhe um conjunto de direitos processuais".
"Isso não é diferente neste caso daquilo que são os outros casos e portanto certamente, agora, a investigação que nós já sabíamos que estava a correr, não há nenhuma novidade, vai prosseguir e vai esclarecer o que houver a esclarecer", defendeu.
A candidata socialista disse não temer que este caso afete a campanha por estar convicta que as "pessoas sabem que a intervenção do ministro da saúde -- no caso era uma ministra -- relativamente à autorização de medicamentos não existe".
"Os ministros não autorizam a administração de medicamentos, sobretudo quando não são médicos", insistiu, deixando claro que não teve, "de facto, conhecimento" e que está "disponível para dar todos os esclarecimentos".
Questionada sobre se tinha falado com Lacerda Sales, Temido afirmou que "nos últimos dias não".
"A última vez que falei com António Lacerda Sales, que foi meu secretário de estado, e trabalhámos em conjunto e fizemos um trabalho que eu acho que os portugueses reconhecem, foi por causa dos anos dele, mandei-lhe os parabéns", disse.
Segundo a candidata do PS, "quem está na vida política já se surpreende com muito pouca coisa".
"Eu confio na justiça, confio no Ministério Público, confio na Polícia Judiciária, confio nas instituições. Tenho a certeza que os timings e as diligências são fundados apenas num objetivo que é apurar a verdade", defendeu.
Questionada sobre se estas buscas em período de campanha eleitoral significam uma judicialização da política, Marta Temido foi perentória: "Eu sou candidata, eu sou cabeça de lista de uma candidatura. Obviamente que não me ouvirá dizer rigorosamente nada sobre isso, muito menos relativamente a um tema que poderia ser problematizado, polemizado. Eu não entro nessa disputa".
"Cada um fará as suas escolhas e os portugueses farão as suas escolhas", acrescentou, referindo que até ao momento não foi notificada para prestar qualquer esclarecimento, mas que está disponível para que isso aconteça.
A presidente da Comissão Europeia e candidata do Partido Popular Europeu a um segundo mandato estará hoje no Porto para arruada e comício com o cabeça de lista da Aliança Democrática às eleições europeias e o presidente do PSD.
Ursula von der Leyen chega hoje ao início da tarde ao Porto e, segundo fonte do Partido Popular Europeu (PPE), vai reunir-se no Palácio da Bolsa, pelas 17:15, com o primeiro-ministro e líder do PSD, Luís Montenegro, antes de entrar na campanha da AD.
Depois, segue-se uma arruada na rua de Santa Catarina, a começar pelas 18:00, na qual participa Ursula von der Leyen, Luís Montenegro e também o cabeça de lista da AD às eleições europeias, Sebastião Bugalho.
A terminar, realiza-se um comício na Praça D. João I.
A participação de Ursula von der Leyen na campanha da AD acontece no dia em que arranca na União Europeia (UE) a votação para as eleições europeias e três dias antes do sufrágio em Portugal.
Cerca de 400 milhões de eleitores são chamados a escolher os 720 deputados ao Parlamento Europeu, nas eleições que decorrem nos 27 Estados-membros da União Europeia. Portugal vai eleger 21 eurodeputados no próximo domingo.
A deslocação a Portugal surge a convite da AD - a coligação eleitoral formada pelo PPD/PSD, CDS e PPM -, depois de Ursula von der Leyen ter estado em campanha a países como Grécia, Alemanha, Polónia, Croácia, Dinamarca, Espanha, Suécia e Finlândia.
Antes de votar na Alemanha, no domingo, Ursula von der Leyen ainda se desloca à Áustria.
Aos 65 anos, a antiga ministra alemã da Defesa é a cabeça de lista ('spitzenkandidat') do PPE à liderança do executivo comunitário, após ter vindo a presidir à instituição desde 2019, num mandato pautado pela saída do Reino Unido da União Europeia, pelo combate à pandemia de covid-19, pelo apoio à Ucrânia face à invasão russa e, mais recentemente, pelo acentuar das tensões geopolíticas no Médio Oriente dado o conflito entre Israel e o grupo islamita Hamas.
Além de críticas à sua posição pró-Israel no conflito do Médio Oriente, a campanha de Von der Leyen tem sido também marcada pela sua recente abertura a dialogar com os conservadores com a vista a ter apoio suficiente para ser eleita.
Ursula von der Leyen tem vindo a garantir que só se irá coligar a grupos parlamentares que sejam europeístas, apoiem a defesa da Ucrânia face à invasão russa e recusem alianças com o Presidente russo, Vladimir Putin, e ainda que respeitem o Estado de direito da UE.
É o Parlamento Europeu que tem de aprovar, após proposta do Conselho Europeu, o novo presidente da Comissão por maioria absoluta (metade de todos os eurodeputados mais um), com Ursula von der Leyen a ter de obter 'luz verde' de pelo menos 361 parlamentares (num total de 720 lugares).
Enquanto primeira mulher na presidência da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen foi aprovada pelo Parlamento Europeu em julho de 2019 com 383 votos a favor, 327 contra e 22 abstenções, numa votação renhida.
A cabeça de lista do BE às eleições europeias, Catarina Martins, defendeu hoje que a Justiça deve ter garantias de independência face ao poder político mas também provar que a tem na forma como atua.
"As campanhas eleitorais não devem ser um bate-boca entre partidos e a Justiça e o Ministério Público, pela nossa parte nós não o faremos. Teremos sempre uma ação de grande exigência para com os meios que a Justiça tem e também para a forma como a Justiça atua", defendeu Catarina Martins, em declarações aos jornalistas, na Feira de Barcelos, distrito de Braga.
A candidata bloquista foi questionada sobre as buscas da Polícia Judiciária (PJ) no Ministério da Saúde e no hospital de Santa Maria no âmbito da investigação ao caso das gémeas luso-brasileiras tratadas naquele hospital e o 'timing' desta operação, que decorre durante a campanha eleitoral para as europeias, marcadas para domingo.
"A Justiça tem e deve ter garantias de independência face ao poder político e isso é muito importante. Julgo também que a Justiça tem que provar a sua independência na forma como atua", respondeu Catarina Martins.
Na ótica da Catarina Martins, o caso em si deve ser esclarecido mas a bloquista alertou que o que faz com que as pessoas "se escandalizem com todo este caso é a perceção de que há uma dificuldade de acesso ao Serviço Nacional de Saúde".
"Tanta gente sente que às vezes é tão difícil ter uma consulta de especialidade, ter aquele exame que precisa de fazer, tanta gente que fica à espera do tratamento que precisa e depois vê um caso de favorecimento e isso choca toda a gente", salientou.
A bloquista realçou que o acesso ao SNS "é também matéria europeia".
O cabeça de lista da AD às europeias recusou hoje comentar as buscas sobre o caso das gémeas, dizendo que seria "uma irresponsabilidade cívica e democrática" comentar uma investigação em curso e que envolve outra candidatura.
No final de uma visita a uma empresa de dispositivos médicos em Penafiel (Porto), no distrito do Porto, Sebastião Bugalho foi questionado sobre as buscas realizadas pela Polícia Judiciária no Ministério da Saúde, no hospital de Santa Maria e à casa de Lacerda Sales, ex-secretário de Estado da Saúde de Marta Temido, cabeça de lista do PS às europeias e ex-ministra do setor.
"Eu estou aqui por razões que me enchem o coração enquanto português e europeu, não vou contaminar a visita com controvérsias e comentários sobre uma investigação que está em curso, que está em segredo de justiça e que ainda por cima envolve uma pessoa que está a disputar esta eleição. Seria uma descortesia democrática e nós não vamos contribuir para isso", afirmou.
Questionado sobre o "timing" da investigação, a poucos dias das eleições europeias de domingo, Bugalho também não fez comentários diretos, dizendo apenas: "O que me parece claro é que, num Estado de direito, a justiça e a política estão separadas. Existe separação de poderes".
Perante a insistência dos jornalistas se será "uma coincidência" a divulgação pública desta investigação na reta final da campanha, voltou a recusar fazer "considerações sobre investigações que estão em curso".
"Percebo a insistência, não vou fazer nenhum comentário sobre nenhuma investigação em curso sobre nenhuma candidatura", disse.
O cabeça de lista da Iniciativa Liberal ao Parlamento Europeu recusou hoje comentar as buscas no Ministério da Saúde e hospital de Santa Maria no âmbito da investigação ao caso das gémeas para não poluir a campanha às europeias.
"Não [sobre se queria comentar]. Queria deixar os temas nacionais para o Rui Rocha [presidente da IL] comentar, algo que fará em breve, certamente", afirmou João Cotrim de Figueiredo aos jornalistas, no final de uma vista ao Clube Europa da Escola Secundária de Gondomar, no distrito do Porto.
O candidato a eurodeputado foi instado a comentar as buscas que a Polícia Judiciária (PJ) está a efetuar no Ministério da Saúde e no hospital de Santa Maria no âmbito da investigação ao caso das gémeas, adiantou hoje à Lusa fonte ligada ao processo.
"Tudo o que nós quisermos fazer para poluir a agenda da campanha eleitoral europeia vamos conseguir fazê-lo, portanto, eu vou fazer o meu trabalho que é não deixar poluir a campanha europeia por temas nacionais", sublinhou.
Apesar de não querer comentar, João Cotrim de Figueiredo considerou que há alguns a quem interessa muito que estas eleições europeias sejam a segunda volta das legislativas, o que é "um mau serviço à democracia e um mau serviço à Europa".
O primeiro da lista da IL disse ainda que "quem possa ter interesse em puxar por galões nacionais para ganhar na Europa é porque não tem os argumentos e não merece sequer um mandato europeu".
O cabeça de lista da CDU às eleições europeias recusou hoje fazer "aproveitamento político" das buscas que estão a ser feitas pela PJ sobre o caso das gémeas, pedindo uma rápida apuração dos factos.
Em declarações aos jornalistas antes de uma sessão da CDU na Maia, no distrito do Porto, João Oliveira disse ser "absolutamente essencial que a investigação criminal faça o seu trabalho e se conclua a investigação e o apuramento dos factos nos termos em que o regime democrático o impõe".
"Da nossa parte, sempre recusámos fazer política com casos judiciais e, também neste caso, não o faremos", afirmou.
O candidato disse que espera que a investigação faça o apuramento dos factos para que, no final, se possa saber "exatamente aquilo com que se está a lidar".
"Da nossa parte, aquilo que verdadeiramente temos como objetivo é garantir que haja em Portugal confiança no funcionamento da Justiça (...) e é preciso que não se faça aproveitamento político de casos judiciais, porque isso naturalmente não serve nem à justiça, nem à política", defendeu.
Também o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, disse aos jornalistas que o partido espera o rápido esclarecimento dos factos, recusando associar a investigação que está hoje a ser feita com o facto de se estar a três dias das eleições europeias.
"Não há boas nem más alturas para a justiça avançar. É a altura que é e é preciso que rapidamente se esclareça tudo o que for preciso esclarecer", disse.
Questionado se acha que o parlamento deveria ir mais longe na investigação deste caso, Paulo Raimundo considerou que o que a Assembleia da República tem de fazer "é garantir as condições legislativas, os meios humanos e técnicos que a justiça cumpra o seu papel".
"Esse é que é o papel do parlamento, não é fazer investigação. A investigação está bem atribuída à Polícia Judiciária. Não estou a ver agora que se transforme a Assembleia da República num órgão de investigação", salientou.
Já interrogado se acha que o Presidente da República deveria ser ouvido no parlamento, o líder comunista respondeu: "Não me parece que seja esse o caminho, sinceramente".
"Se nós queremos que a justiça avance, que desenvolva a sua investigação, dentro da normalidade e dentro dos prazo da justiça, acho que tudo o que seja criar burburinho para atrasar esse processo, não ajuda, desajuda", disse, salientando que o grande problema é que a maioria do povo português "não tem condições financeiras" para aceder à justiça.
"Isto é que é preciso resolver. Está aí uma boa deixa para o parlamento resolver, coisa que não tem feito e não é por falta de proposta nossa, mas por falta de vontade do PS e PSD, que têm barrado sempre essas opções", criticou.
Também João Oliveira defendeu que há maneiras de responder a esse problema no Parlamento Europeu, apelando a um "investimento verdadeiramente decisivo" para garantir o acesso dos cidadãos à Justiça, assim como à saúde, habitação ou educação.
Nestas declarações aos jornalistas, João Oliveira e Paulo Raimundo foram ainda questionados sobre o facto de o Banco Central Europeu (BCE) poder vir hoje a baixar as taxas de juro.
Na resposta, o cabeça de lista da CDU antecipou que essa redução não vai responder "ao que era preciso" e não apaga "a necessidade de ter uma soberania monetária para que seja o país a decidir as taxas de juro adequadas ao país".
"Com papas e bolos, a nós não nos enganam", disse João Oliveira, com Paulo Raimundo a associar esta descida das taxas de juro ao facto de se estar a três dias eleições.
"Não tenho nenhuma dúvida [de que é para influenciar as eleições] a favor daqueles que lá estão e estiveram cinco anos a defender cada uma das decisões da UE", criticou.