O presidente do Chega reiterou as suspeitas sobre a possibilidade de anulação propositada de votos no partido nas legislativas e defendeu que a Comissão Nacional de Eleições (CNE) deve investigar.."Eu espero que hoje à noite a CNE, em vez de andar a dizer que não recebe nada, que não viu nada, que não sabe de nada, olhe para isto e diga que tem de abrir um procedimento sobre a viabilidade das pessoas que estão nas mesas e sobre o processo eleitoral nas comunidades emigrantes", afirmou André Ventura à chegada a um jantar/comício em Leiria, no âmbito da campanha para as eleições legislativas de 10 de março..No sábado à noite, o líder do Chega alegou estar em curso uma tentativa para "desvirtuar o resultado" das eleições, que passaria por "anular os votos" do seu partido. Contactada hoje pela Lusa, a CNE disse não ter em registo de qualquer queixa..Aos jornalistas, André Ventura mostrou uma folha com uma publicação no X (antigo Twitter), que atribuiu a um "membro do BE" que disse fazer parte de uma mesa de voto de Aveiro, onde se lê "Mesas de voto here we gooo, votos do Chega e AD serão considerados nulos". Segundo consulta da Lusa a esta rede social, a conta, criada em 2014, está privada, não sendo possível ver as publicações e confirmar aquela que o presidente do Chega mostrou.."Este membro da mesa está a dizer que se puder vai anular os votos do Chega. Se isto não é grave para a CNE no meu país, então a CNE não está aqui a fazer nada", defendeu..Perante a insistência dos jornalistas de que existem representantes de vários partidos nas mesas de voto, respondeu: "Se tivéssemos um tribunal e um juiz, de três, dissesse que está aqui só para lixar o arguido o que diríamos?".."Há muitas mesas que só tem membros do PS e PSD, outras que só têm, no sul do país, membros de partidos de esquerda. É importante que isto não passe em claro", afirmou.."Espero que a CNE faça alguma coisa sobre isto", disse..Ventura defendeu primeiro que "não cabe ao Chega" formalizar essa denúncia, mas depois admitiu fazê-lo: "Se precisarem que a gente a meta por escrito e envie coisas como esta, a gente envia"..Afirmando que a "CNE vê televisão e ouviu o líder do terceiro maior partido dizer que há denúncias", André Ventura defendeu que a CNE "tem competência pública para assegurar o controlo e a operacionalidade do ato eleitoral, e isto põe em causa o controlo do ato eleitoral".."A CNE tem aqui mais do que motivo para abrir uma investigação", salientou..O líder do Chega alegou ainda que "os boletins de voto não chegam às comunidades emigrantes"..André Ventura disse que o partido recebe "relatos de emigrantes praticamente todos os dias ou que não conseguem votar ou que ligam para o consulado e não lhes dão nenhuma informação, ou que lhes pedem dinheiro ou que lhes dizem simplesmente que não se pode votar", sem dar exemplos concretos..Questionado sobre a possibilidade de a falha ser dos serviços postais dos países onde residem os emigrantes, André Ventura disse que não crê que esse "seja o caso em França, na Suíça e em Inglaterra", onde "os correios têm três vezes mais operacionalidade que o nosso, e por milagre não chegaram lá também boletins de voto"..O presidente do Chega disse ainda que "o Chega não está a imitar ninguém", nomeadamente os antigos presidentes Donald Trump (EUA) ou Jair Bolsonaro (Brasil)..A CNE é presidida por um juiz conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça, a designar pelo Conselho Superior de Magistratura, e integra cidadãos de reconhecido mérito designados pela Assembleia da República, propostos um por cada grupo parlamentar..Na ocasião, André Ventura foi questionado também sobre o incidente em Guimarães, com a campanha do PS, que lhe mereceu a "condenação mais profunda".."A violência deve ser condenada em todas as circunstâncias, seja contra Pedro Nuno Santos, contra Montenegro, contra mim próprio, contra Paulo Raimundo, contra todos. A violência não pode ter lugar na política", defendeu..Esta tarde, durante uma arruada, um homem atirou de uma varanda de um primeiro andar um vaso contra o desfile do PS, depois de ter inicialmente insultado e feito gestos obscenos aos militantes e simpatizantes socialistas, que lhe atiraram uma bandeira e um guarda-chuva.