SAD tem que gerir com pinças situação de Francisco após acusações de traição
A situação gerada com a provável subida a treinador principal do adjunto Vítor Bruno, por troca com Sérgio Conceição, que deu origem a uma enorme polémica no seio do FC Porto, com acusações mútuas de traição e uma ameaça de Villas-Boas com um processo aos restantes adjuntos de Sérgio Conceição, pode ter um efeito colateral que a SAD portista vai ter de gerir com pinças.
A confirmar-se a promoção de Vítor Bruno, como será a relação com Francisco Conceição, filho de Sérgio, e nesta altura um dos maiores ativos da SAD portista?
Na sexta-feira, a família do treinador não deixou passar em claro a “traição” de que Sérgio Conceição sente ter sido alvo de Vítor Bruno, seu adjunto nos últimos 13 anos. E a mulher, Liliana, foi dura num comentário nas redes sociais, que depois viria a apagar: “Sempre fiel aos teus princípios, leal, grato e um homem de respeito para com o próximo. Não vale tudo para chegar ao topo. A ganância e a fome de poder destroem o mundo. Nós, homens, seres racionais, nem sabemos a sorte que tínhamos em sermos comandados pelos animais. Sempre contigo, ontem, hoje e sempre.”
Outros dois filhos de Conceição também recorreram às redes sociais para mostrar que estão ao lado do pai. “Às vezes ajudar as pessoas só serve para revelar a ingratidão delas”, escreveu Rodrigo, que há um ano deixou o dragão rumo ao FC Zurique. “Respeito, fidelidade e lealdade pelos seus princípios e valores. Desde que nascemos até que morremos”, escreveu, por sua vez, Moisés, que joga no Leixões. Francisco, obviamente, manteve-se em silêncio por ser jogador do FC Porto.
Este será, por isso, um caso que a SAD terá de gerir com todos os cuidados. Recorde-se que o FC Porto, ainda na gerência de Pinto da Costa, resgatou o jovem extremo ao Ajax, ficando o jogador com contrato até 2029, num acordo em que teve de pagar 10 milhões ao clube de Amesterdão e o futebolista ficou com 20% do seu passe. Na campanha eleitoral, Villas-Boas ficou feliz com a permanência do jogador, mas deixou críticas ao negócio.
O adjunto Vítor Bruno, entretanto, respondeu às acusações de traição de que foi alvo por Conceição e restantes adjuntos através de um comunicado, queixando-se de estar a ser alvo de “uma campanha orquestrada” com o objetivo de o “difamar e caluniar”.
“Cumpre afirmar, desde já e para que não restem quaisquer dúvidas, que nunca traí (‘apunhalei’ pelas costas, como de modo ardiloso se pretende inculcar) ou, por qualquer modo, fui desleal com o treinador principal, Sérgio Conceição, com quem usei sempre da maior lisura, transparência e honestidade”, escreveu.
A SAD do FC Porto, na sequência de toda esta polémica, anunciou estar a avaliar a possibilidade de instaurar processos disciplinares a adjuntos do treinador Sérgio Conceição após declarações destes na imprensa. Em comunicado, a SAD dos dragões, liderada por Villas-Boas, informa que deu “instruções internas para que se iniciem os procedimentos tendentes a avaliar da relevância disciplinar” das declarações hoje proferidas a vários jornais.
Em causa estão entrevistas de Siranama Dembelé, Diamantino Figueiredo e Eduardo Oliveira a vários jornais desportivos em torno da rutura de Conceição com Vítor Bruno.
nuno.fernandes@dn.pt