Zelensky diz que plano para a vitória acabará com guerra na Ucrânia no "próximo ano"
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Zelensky diz que plano para a vitória acabará com guerra na Ucrânia no "próximo ano"

O presidente da Ucrânia advertiu que a falta de financiamento adequado pode alterar as circunstâncias no campo de batalha e recordou que o inverno está a chegar.
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Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia advertiu, esta quinta-feira a União Europeia (UE) que o seu plano para a vitória "é para este momento" e que avançar com esta proposta hoje pode fazer com que o conflito com a Rússia acabe "no próximo ano".

"O plano para a vitória foi desenhado para este momento. Encorajo-vos a todos a ajudarem a concretizá-lo. Se começarmos agora e seguirmos o plano para a vitória, podemos acabar esta guerra mais tarde no próximo ano", disse Volodymyr Zelensky, na intervenção perante o Conselho Europeu, a que a Lusa teve acesso.

O Presidente ucraniano acrescentou que o plano para a vitória "é uma ponte" para um processo de paz duradouro e construído em preceitos diplomáticos.

"Vocês podem ajudar a fazer com que seja uma realidade", apelou, perante os 27 chefes de Estado e de Governo da UE, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, em Bruxelas.

A concretização do plano, advertiu Volodymyr Zelensky, também vai "salvaguardar os países bálticos, nórdicos, a Polónia e os Balcãs", que também estão "na mira da Rússia".

O chefe de Estado ucraniano apresentou o seu plano para a vitória no conflito que começou há mais de dois anos e meio com uma invasão da Rússia.

O plano contempla cinco pontos e o principal é a concretização de um convite para aderir à Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO).

Apesar de a União Europeia não decidir sobre esse convite, que é pedido insistentemente desde 2022, 23 dos 32 países que integram o bloco político-militar fazem parte da UE.

O pedido para aderir ao bloco político-militar deu lugar à criação do Conselho NATO-Ucrânia, em julho de 2023, mas Volodymyr Zelensky e o seu Governo têm insistido num convite.

Zelensky diz que convite para a NATO vai manter esperança da população

Zelensky pediu "um sinal" para a população ucraniana, por exemplo, um convite para fazer parte da NATO, argumentando que "essa esperança" vale tanto quanto o armamento de que o país necessita.

"Se recebermos esse sinal, vamos sentir que não estamos sozinhos", disse Zelensky.

Depois de o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) ter dito na quarta-feira que ainda não é o momento para fazer um convite para a Ucrânia aderir à Aliança Atlântica, Zelensky insistiu hoje nesse ponto, um dos cinco que compõem o seu "plano para a vitória" para derrotar a Rússia no conflito iniciado em fevereiro de 2022.

"Isto é importante para a nossa sociedade (...), a arma mais importante é a nossa população. Como é que podemos fortalecer as pessoas? Não só com armamento, mas com certezas, com perspetivas, sobre o que vai acontecer com o país, com as suas crianças, que país vai existir depois da guerra. Estar na NATO é um guarda-chuva de segurança para nós, é uma esperança para o futuro", sustentou o Presidente ucraniano.

O convite para aderir a Aliança Atlântica é também "um sinal para os russos pararem com a guerra", considerou.

Volodymyr Zelensky advertiu ainda que a vontade de lutar da população ucraniana pode esmorecer "se [os países da NATO] não apoiarem todos os pontos".

"Dizem que a segurança da Ucrânia é muito importante para a segurança da Europa. Então passem das palavras às ações", afirmou, recusando que o homólogo russo, Vladimir Putin, estabeleça "linhas vermelhas".

"Não se estabelecem linhas vermelhas com um assassino", frisou.

A Ucrânia tem contado com ajuda financeira e em armamento dos aliados ocidentais desde que a Rússia invadiu o país, em 24 de fevereiro de 2022.

Zelensky adverte para "grandes períodos" sem apoio e que "inverno está a chegar"

O presidente ucraniano alertou que "o inverno está a chegar" e que é "sempre perigoso" para a Ucrânia, ainda mais quando há "grandes períodos sem apoio militar", que podem alterar as circunstâncias do conflito com a Rússia.

"Eu já o disse abertamente: quando há grandes períodos sem apoio militar -- a nossa produção de 'drones' [veículos sem tripulação] tem ajudado -, mas precisamos de dinheiro, incluindo o que vem dos ativos russos [congelados]", disse Volodymyr Zelensky, à entrada para uma reunião do Conselho Europeu, em Bruxelas.

Acompanhado pelo presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, o presidente da Ucrânia advertiu que a falta de financiamento adequado pode alterar as circunstâncias no campo de batalha.

"O inverno está a chegar e para nós o inverno é sempre perigoso", aludindo a um período em que, habitualmente, não há avanços significativos no território de parte a parte, mas em que a Rússia intensifica os ataques com 'drones', especialmente a infraestruturas energéticas ucranianas.

Portugal "está na linha da frente" da política de apoio da UE à Ucrânia

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, disse que Portugal "está na linha da frente" da política da União Europeia (UE) de apoio à Ucrânia para que consiga repelir uma "agressão injustificada" da Rússia.

"Vamos aqui, mais uma vez, na reunião do Conselho [Europeu] interagir com ele [o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky]. Portugal está na linha da frente da política europeia de apoio às autoridades ucranianas para fazerem face a uma agressão injustificada da Rússia", disse Luís Montenegro à entrada para a reunião.

O primeiro-ministro sustentou que o país está disponível "para continuar" com o apoio económico-financeiro, político e humanitário à Ucrânia.

Luís Montenegro defendeu que continuar a apoiar o país invadido pela Rússia é importante para "salvaguardar na Europa um espaço de paz, de respeito pelo direito internacional" e com um "objetivo, que é a integração da Ucrânia na UE".

Já Charles Michel disse que estava entusiasmado por poder discutir o plano para a vitorio desenhado por Zelensky.

Hoje, o Conselho Europeu irá discutir os últimos desenvolvimentos da guerra da Ucrânia causada pela invasão russa com a participação presencial em Bruxelas do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, um dia após ter apresentado o seu "plano de vitória" com mais meios de dissuasão, novas discussões para paz e integração na União Europeia (UE) e na NATO.

Esta reunião do Conselho Europeu surge dias após os embaixadores dos Estados-membros junto da UE e de os eurodeputados terem dado 'luz verde' a uma proposta para a UE avançar com uma fatia de 35 mil milhões de euros no empréstimo de 45 mil milhões de euros (50 mil milhões de dólares) do G7 à Ucrânia, permitindo aos ucranianos (após aval final dos colegisladores) usar essas verbas para o que necessitarem, incluindo reforçar as suas capacidades militares.

Este assunto estará em cima da mesa, com os líderes a pretenderem, juntamente com tal aval que conta com oposição da Hungria, manter o compromisso de prestar apoio financeiro e militar à Ucrânia.

No que toca ao plano da Ucrânia para a vitória, está em causa, desde logo, uma vertente militar, prevendo-se para isso ajuda e autorizações dos aliados ocidentais -- da UE e Estados Unidos -- para usar armas de longo alcance doadas para atacar alvos no interior da Rússia.

O plano prevê também que a Ucrânia continue a fazer avanços no terreno contra as forças russas, o que lhe daria argumentos para obrigar a Rússia a sentar-se à mesa das negociações, nomeadamente numa cimeira de paz.

Outra vertente do plano, mais encaminhada, é a adesão da Ucrânia à UE, não se verificando o mesmo com a integração na Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO).

A Ucrânia tem contado com ajuda financeira e em armamento dos aliados ocidentais desde que a Rússia invadiu o país, em 24 de fevereiro de 2022.

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