A Rússia lançou esta quinta-feira o seu segundo grande ataque às infraestruturas energéticas da Ucrânia durante este mês, tendo as autoridades locais e nacionais reportado explosões e cortes de energia em todo o país, o que afetou centenas de milhares de pessoas..“A infraestrutura energética é mais uma vez alvo do ataque massivo do inimigo”, escreveu o ministro da Energia ucraniano, German Galushchenko, no Facebook, dando conta de cortes de energia na operadora nacional da rede da Ucrânia, Ukrenergo. .A principal empresa privada de energia da Ucrânia, a DTEK, refere que os cortes de energia afetaram as regiões de Kiev, Odessa, Dnepropetrovsk e Donetsk. .Durante o ataque com mísseis desta quinta-feira na região de Rivne, no oeste do país, o governador local Oleksandr Koval disse que 280 mil consumidores sofreram cortes de energia, tendo ainda dado conta de interrupções no abastecimento de água..Também no oeste, o presidente da câmara de Lutsk também reportou cortes de energia após os ataques, acrescentando que os serviços estavam a trabalhar para ligar as infraestruturas de água e fontes alternativas de energia..Em Kharkiv, um ataque com mísseis danificou uma instalação comercial e janelas de um prédio de apartamentos. Em Sumy, no nordeste do país, os ataques visaram infraestruturas. Já na capital, Kiev, houve pequenos danos em vários edifícios e num camião..O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou a Rússia de atacar o seu país com uma centena de drones e mais de 90 mísseis, alguns deles com munições de fragmentação, lançados contra o sistema elétrico ucraniano.."Estas munições de fragmentação complicam significativamente o trabalho de reparação dos danos causados pelo ataque", escreveu Zelensky, que descreveu este último ataque como "uma escalada perversa das táticas terroristas russas"..O chefe de Estado ucraniano identificou os mísseis que transportavam as munições de fragmentação como mísseis de cruzeiro 'Kalibr', com os quais a Rússia ataca frequentemente o território ucraniano..Zelensky agradeceu aos trabalhadores do setor elétrico e de emergência pelo seu trabalho na mitigação das consequências do bombardeamento, que é o 11.º grande ataque russo contra o sistema de energia da Ucrânia desde março passado.."Cada um destes ataques demonstra que os sistemas de defesa aérea são necessários já na Ucrânia para salvar vidas, e não nos armazéns" dos aliados de Kiev, escreveu o líder ucraniano..Zelensky sublinhou que a sua administração está a trabalhar com os seus parceiros para instalar o maior número de sistemas antiaéreos na Ucrânia no menor tempo possível..Antes, a força aérea ucraniana havia emitido esta madrugada um alerta aéreo para todo o país, dando conta de ataques com mísseis russos que visam várias regiões.."Foi declarado um alerta aéreo em toda a Ucrânia devido a uma ameaça de mísseis", escreveu a força aérea da Ucrânia na plataforma de mensagens Telegram..A mesma fonte disse que os mísseis visavam sobretudo as regiões do sul Odessa, Kherson e Mykolaiv..O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, disse na quarta-feira que o conflito na Ucrânia está muito longe de ser solucionado, mencionando a situação militar. ."A julgar pelo que está a acontecer 'no campo de batalha', estamos ainda muito longe de uma solução política e diplomática para a crise", disse o chefe da diplomacia russa ao jornal governamental Rossyskaya Gazeta..Lavrov disse também que Washington e os "países satélites" (países aliados) "estão obcecados" com a ideia de infligir uma derrota estratégica à Rússia. ."Para se aproximarem deste objetivo ilusório estão dispostos a fazer muitas coisas", considerou Lavrov..Assim, Lavrov sublinhou que os ataques com mísseis contra o território russo constituíram um novo passo no agravamento da situação.."Todos os nossos avisos de que haveria uma resposta adequada a estas ações inaceitáveis foram ignorados", afirmou..No dia 19 de novembro, a Ucrânia lançou o primeiro ataque com mísseis ATACMS de longo alcance fornecido pelos Estados Unidos contra a região russa de Bryansk e, no dia seguinte, atacou a zona de Kursk com mísseis de fabrico britânico Storm Shadow..A Rússia respondeu na quinta-feira da semana passada com o lançamento do míssil hipersónico (Oreshnik), um novo projétil balístico de médio alcance, contra uma fábrica de armamento na região ucraniana de Dnipro..O Presidente russo, Vladimir Putin, ameaçou recorrer a mísseis de nova geração se Kiev voltar a disparar mísseis contra o território russo..A Ucrânia ignorou as ameaças de Putin e, no sábado e na segunda-feira, voltou a atacar com mísseis ocidentais de longo alcance alvos militares na região de Kursk, parte de cujo território está ocupado pelas tropas ucranianas desde o mês agosto.