2161. Recorde de propostas de alteração dos partidos ao OE2025, veja aqui as principais
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2161. Recorde de propostas de alteração dos partidos ao OE2025, veja aqui as principais

O Chega apresentou 639 propostas, o PCP entregou 517, o Livre submeteu 264, o PAN 238. Já a Iniciativa Liberal avançou com 81, o PSD com 76, o CDS com 75 e o PS com 44.
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Os partidos com assento parlamentar entregaram, até agora, 2.161 propostas de alteração ao Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), voltando a bater o recorde de 2.123 propostas entregues até ao final do dia de sexta-feira.

No ano passado, tinha-se estabelecido um recorde, com os partidos a entregarem 1.864 propostas de alteração. Este ano, os deputados voltaram, então, a atingir um novo máximo.

Segundo os dados deste sábado, o Chega apresentou 639 propostas, o PCP entregou 517, o Livre submeteu 264 e o PAN apresentou 238.

Segue-se a Iniciativa Liberal, com 81, o PSD com 76, o CDS com 75 e o PS com 44.

O PSD e o CDS-PP já tinham sinalizado que iriam entregar no parlamento uma proposta de alteração que eleva para 54,5 milhões de euros a dotação da área do Desporto, corrigindo a verba inscrita pelo Governo.

Na sexta-feira, anunciaram que iriam entregar cerca de 40 propostas de alteração ao OE2025 que, entre perda de receita e aumento da despesa, vão ter um custo adicional de 40 milhões de euros.

Já o PS entregou um "conjunto restrito" de alterações que incluem a atualização de forma estrutural e permanente das pensões mais baixas, a criação de um regime de dedicação exclusiva ao Serviço Nacional de Saúde e investimento em habitação a preços acessíveis.

O Chega, por sua vez, propôs uma atualização adicional das pensões em 1,5% e uma redução da taxa de IRC em dois pontos percentuais, de 21% para 19% para a discussão na especialidade do OE2025.

O partido propõe ainda a atualização adicional de 1,5% para todas as pensões até 1.018,52 euros (o equivalente a duas vezes o IAS - indexante de apoios sociais), além da atualização já prevista para cobrir a inflação.

Entre as propostas da IL destaca-se a redução do IRC para 12% para a generalidade das empresas - com exceção das grandes multinacionais, que são abrangidas pelo regime do imposto mínimo global de 15%.

À esquerda, o BE propôs que as pensões sejam aumentadas pelo menos 50 euros no próximo ano e que o subsídio de refeição passe a ser universal, estendendo este direito aos trabalhadores do setor privado. Além disto, o BE avança com uma alteração à lei para que todas as pensões sejam atualizadas pelo menos pelo valor da inflação.

O Bloco de Esquerda defende também a taxação de fortunas acima dos três milhões de euros e a criação de um imposto "Elon Musk" para taxar grandes empresas de serviços digitais, no âmbito da discussão orçamental.

Já o PCP propôs a criação de um passe de 50 euros que dê acesso a todos os transportes entre uma área metropolitana e uma região limítrofe, por exemplo entre Lisboa e Santarém ou Porto e Braga.

Do lado do Livre avançaram propostas para um programa de incentivos para o regresso ao país de profissionais de saúde emigrados, aumentar os professores em início de carreira e estudar a criação de uma ajuda estatal à compra da 1.ª habitação.

O PAN apresentou mais de 200 propostas para o debate na especialidade do Orçamento do Estado entre as quais a exclusão de rendimentos acima dos 45 mil euros anuais do IRS Jovem e o alargamento deste regime a jovens dependentes.

As votações na especialidade arrancam na próxima sexta-feira, culminando na votação final global do documento a 29 de novembro. 

PRINCIPAIS PROPOSTAS DE ALTERAÇÃO:

Todos os partidos com representação parlamentar querem alterar o Orçamento do Estado aprovado na generalidade. Impostos, Saúde e Administração Pública são notas dominantes. 

Aliança Democrática

Ultrapassada a hipótese de o PS obstar à diminuição de um ponto percentual na taxa de IRC, que consta da proposta de Orçamento do Estado viabilizada na generalidade, os grupos parlamentares do PSD e do CDS-PP deixarão cair a proposta de alteração no sentido de regressar à descida de dois pontos percentuais (para 19%) que constava do Programa de Governo. Mas pretendem reforçar os cuidados continuados e a rede nacional de cuidados paliativos, bem como a promoção da maior utilização de medicamentos genéricos.

Partido Socialista

O aumento extraordinário das pensões mais reduzidas não é a única exigência de Pedro Nuno Santos nas negociações para a aprovação da proposta de Orçamento do Estado a voltar à discussão. O PS também defende a criação de um regime de dedicação exclusiva ao Serviço Nacional de Saúde, e de uma dotação plurianual específica para investir em habitação a preços acessíveis e alojamento para estudantes. E quer garantir a manutenção de publicidade na RTP e eliminar o teto máximo de 472 milhões de euros desejado pelo Governo na transferência de verbas do IRC para o Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social.

Chega

André Ventura garante que fará tudo para que haja aumento de pensões e descida do IRC, ainda que não nos termos defendidos pelo Chega. Mas entre as cerca de 600 propostas encontra-se a equiparação do suplemento de missão atribuído à Polícia Judiciária para as restantes forças policiais, a atribuição de suplemento de risco para os bombeiros e a criação de uma taxa de solidariedade que incida sobre os setores que beneficiaram da inflação.

Iniciativa Liberal

Entre as cerca de 50 propostas dos liberais destacam-se as que visam reduzir a carga fiscal. O partido votará a favor de uma descida do IRC, mas  também propõe o fim da derrama estadual e tributação autónoma. E defende uma taxa única de 15% no IRS aplicado aos rendimentos de trabalho extraordinário e segundo emprego, a descida do Imposto sobre Produtos Petrolíferos, uma reforma da Administração Pública que reduza 50 mil empregos e a eliminação do Adicional ao Imposto Municipal sobre Imóveis, mais conhecido por “Imposto Mortágua”.

Bloco de Esquerda

A medida mais emblemática é a criação de um novo imposto sobre grandes fortunas, para contribuintes com património igual ou superior a três milhões de euros, inspirado no que já vigora em Espanha. Em sentido contrário, o Bloco propõe que as taxas intermédia e reduzida do IVA sejam reduzidas num ponto percentual (passando a 12% e a 5%), aliviando o peso dos impostos indiretos. No que toca às privatizações, Mariana Mortágua não quer que sejam “feitas pela calada da noite”, pelo que espera introduzir uma norma a estipular que a venda de capital da TAP a privados não possa ocorrer sem consultar a Assembleia da República. E advoga-se que o subsídio de refeição dos funcionários públicos passe para 10 euros ou o aumento na comparticipação de medicamentos e aparelhos auditivos e próteses - até 100% para quem tenha um rendimento abaixo de 14 salários mínimos nacionais).

PCP

Os comunistas propõem um novo imposto de 0,8% sobre património imobiliário superior a um milhão de euros, tal como uma taxa especial de 35% nas transferências para offshores. E o partido também pretende um aumento do subsídio de refeição para 10,50 euros, tanto no setor público como no privado, tal como a integração dos trabalhadores com vínculos precários na Administração Pública, a universalidade do abono de família e o reforço dos direitos de maternidade e paternidade. Nomeadamente com o alargamento da licença paterna em 60 dias e a dispensa diária de uma hora e meia para amamentação de bebés até dois anos.

Livre

O partido quer introduzir a herança social, que consiste numa conta-poupança de cinco mil euros disponibilizada pelo Estado e mobilizável pelos nascidos em Portugal, quando atingem a maioridade, para a compra de casa própria, criação de empresa ou propinas. E o alargamento da experiência dos quatro dias semanais de trabalho, o reforço programa de combate à pobreza energética 3C e a criação de um fundo de emergência de 20 milhões de euros para áreas ardidas.

PAN

Entre as mais de 200 propostas destaca-se a redução do IVA nas rações e nos cuidados médico-veterinários, de 23% para 6%, tal como o fim da isenção de IMI para espaços dedicados a espetáculos tauromáquicos e da isenção de IVA para os profissionais desse setor. Também se propõe aumentar para 12 milhões de euros o Fundo de Emergência Municipal e a criação de um Fundo Sísmico para Desastres Naturais. Advoga-se ainda o fim das “borlas fiscais” às empresas mais poluidoras e a utilização dessas verbas para subsidiar a gratuidade dos transportes públicos. Por fim, no IRS Jovem, o PAN pretende a exclusão dos contribuintes com rendimentos mais elevados e o alargamento a quem ainda não conseguiu sair de casa dos pais. 

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