Governo vai reavaliar apoio para professores colocados em escolas com alunos sem aulas

Governo vai reavaliar apoio para professores colocados em escolas com alunos sem aulas

Alguns sindicatos vão enviar sugestões de melhoria e o ministério vai reavaliar a proposta, voltando a reunir-se no início do próximo mês. Mas apoio financeiro anunciado vai entrar em vigor já em setembro.
Publicado a
Atualizado a

O Governo garante que o apoio financeiro a professores colocados longe de casa em escolas onde é difícil encontrar docentes vai entrar em vigor em setembro, mas prometeu reavaliar a proposta tendo em conta as sugestões dos sindicatos.

A proposta apresentada pelo Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI) aos sindicatos prevê a atribuição de uma verba - entre os 75 e os 300 euros mensais aos professores colocados em escolas a mais de 70 quilómetros de casa e onde há alunos que ficaram mais de 60 dias sem aulas.

"Em função da discussão que tivemos aqui hoje, vamos repensar como é que esse apoio será dado", anunciou o ministro Fernando Alexandre, no final de uma reunião de várias horas com os sindicatos representativos da classe docente.

A ideia é atribuir uma verba mensal que será paga "onze meses por ano", explicou, explicando que esta é mais uma medida para tentar que nenhum aluno fique sem aulas.

Valores baixos e falta de equidade, dizem sindicatos

Para a Federação Nacional de Professores (Fenprof), os valores são baixos e "não vão atrair pessoas", tendo em conta que ficar a 70 quilómetros de casa poderá significar fazer uma viagem diária de 140 quilómetros e que os 75 euros significam "apenas dois euros por dia", disse o secretário-geral da federação sindical, Mário Nogueira.

Alguns sindicatos vão enviar sugestões de melhoria e o ministério vai reavaliar a proposta, voltando a reunir-se no início do próximo mês, mas Fernando Alexandre garantiu que a medida "é para entrar em vigor em setembro".

A ideia do apoio à deslocação é "motivar os professores a concorrerem a horários que não têm professores" e assim tentar minimizar um problema que já está localizado em determinadas áreas geográficas, nomeadamente nas zonas de Lisboa, Alentejo e Algarve.

"Os sindicatos identificaram alguns problemas. Alguns já tinhamos pensado, outros são novos, por isso, vamos repensar a forma como esse subsídio será dado, mas será sempre direcionado para essas escolas", afirmou o ministro.

Do lado dos sindicatos, as criticas passam pela falta de equidade, já que poderá haver dois docentes colocados na mesma escola, que fazem a mesma viagem, mas em que apenas um recebe o apoio, porque dá aulas a uma disciplina em que é difícil encontrar professores.

"É uma desigualdade tremenda" afirmou Mário Nogueira, alertando para o perigo de a falta de professores poder ser transferida para uma escola onde não estão previstos apoios de deslocação.

Também a Federação Nacional da Educação (FNE), considera que "tem de haver um tratamento equitativo para todos" os professores deslocados, disse Manuel Teodósio, revelando que a federação vai enviar à tutela "propostas de melhoria".

Para o secretário-geral da Fenprof, o ministério devia "criar um sistema de incentivos globais". Mário Nogueira criticou a lógica de criar um apoio destinado apenas aos docentes das áreas em que há falta, dando como exemplo o que se passa no Governo: "Há dois ministros, um deles é o da Educação, que tem subsídio de alojamento. Foi-lhe atribuído subsídio porque era uma área em que não conseguiam arranjar ministro?".

Ministro: "A diferença é que nós estamos a fazer"

Apesar das críticas, os professores têm reivindicado um subsídio de deslocação e "de uma maneira bastante alargada os sindicatos concordaram com o princípio" de existir um apoio adicional para quem vai colmatar as falhas em determinadas escolas e disciplinas, defendeu o ministro.

"Sabemos que não vamos resolver um gravíssimo problema só com esta medida, mas temos de a desenhar de forma a garantir que todos os alunos têm aulas", disse Fernando Alexandre.

Questionado sobre as diferenças entre a atual proposta e a apresentada pelo seu antecessor, Fernando Alexandre resumiu em poucas palavras: "A diferença é que nós estamos a fazer".

Os professores saberão quais são as escolas com maiores dificuldades, "mas o Governo não vai divulgar a lista do despacho. Temos de ter reserva, porque estamos a identificar escolas com grandes problemas", explicou, defendendo que a informação "deve ser divulgada com cuidado" sob pena de estigmatizar algumas escolas.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt