DHL aumentou capacidade de processamento no norte para 5000 peças/hora na exportação.
DHL aumentou capacidade de processamento no norte para 5000 peças/hora na exportação.Artur Machado / Global Imagens

DHL negoceia desbloqueio de investimento em Lisboa com Moedas

Grupo inaugura novo terminal de carga aérea no Porto com capacidade para processar 5000 peças para exportação por hora. Projeto custou 25 milhões de euros.
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A DHL está há cerca de dez anos para instalar um novo Terminal de Carga Aérea no aeroporto de Lisboa, num investimento previsto da ordem dos 50 milhões de euros. Segundo José Reis, CEO do grupo de distribuição e logística em Portugal, já há um acordo com a ANA - Aeroportos de Portugal para avançar com a infraestrutura, mas a DHL continua a aguardar aprovação da Câmara de Lisboa. Neste momento, decorrem reuniões com a autarquia liderada por Carlos Moedas para “aperfeiçoar o projeto inicial de forma a acomodar as expectativas do município, bem como os crescimentos de carga previstos para os próximos 20 anos”, adianta ao DN/Dinheiro Vivo. E realça: “A concretização deste investimento é essencial”.

Já no Porto, o grupo inaugura esta terça-feira o seu novo Terminal de Carga Aérea. A infraestrutura representa um investimento de 25 milhões de euros e foi projetada para responder ao crescimento do mercado nos próximos 15 a 20 anos. Segundo José Reis, o terminal do Aeroporto Francisco Sá Carneiro foi pensado com base num previsível aumento da procura, com destaque da indústria exportadora da Região Norte, e no crescimento do e-commerce. Como frisa, “este investimento vem sublinhar o nosso compromisso com o tecido empresarial português, especialmente com a indústria exportadora do Norte do país, e com a economia nacional”. 

Com este novo terminal, o grupo de distribuição e logística aumenta a capacidade de processamento em 300% na exportação (para cerca de 5000 peças/hora) e de 150% na importação (6000/ hora). O projeto vem colmatar as necessidades da indústria exportadora do Norte. Como revela, “a maior procura provém das empresas exportadoras”. A anterior infraestrutura - inaugurada em 2012 e dimensionada para um horizonte de 15-20 anos - atingiu a sua capacidade máxima em apenas uma década, ou seja, em 2022.

Na altura, “foi considerado um terminal de excelência e completamente inovador e estava dimensionado bastante acima da atividade que tínhamos”, reconhece o gestor. Mas a dinâmica da economia da região depressa absorveu a capacidade instalada. Como exemplifica, “a taxa de crescimento anual composta, entre 2018 e 2023, do volume de envios manuseados em Portugal, foi de 9%, mas, a Norte, este crescimento foi de 14% no mesmo período”. Na pandemia, rondou os 25%. Com esta performance, o grupo de distribuição e logística reforçou os postos de trabalho no Porto. “Em 2012, quando inaugurámos o Terminal de Carga Aérea do Porto, trabalhavam connosco pouco mais de 70 pessoas. Atualmente, temos quase o triplo”, sublinha.

Agora, a DHL está apta a “processar maiores volumes de carga de forma mais rápida, eficiente e ainda mais segura”. O terminal vai também permitir que os clientes da Zona Norte possam otimizar os processos, “uma vez que passamos a fazer entregas mais cedo e também a poder recolher até mais tarde”. O investimento assenta numa projeção de resposta para os próximos 15-20 anos, com base numa expectativa de crescimento anual de 10%.

Segundo José Reis, a carga manuseada pela DHL no Terminal do Porto divide-se em 44% de exportações e 56% de importações, sendo que o segmento B2C (Business-to-Consumer) representa a maior fatia do número de envios de importação. Nesta matéria, o responsável acredita que “o e-commerce é uma tendência que veio para ficar”. No entanto, considera que as empresas portuguesas não estão a aproveitar todas as potencialidades do comércio eletrónico, principalmente no segmento B2B (Business-to-Business). “Este é um mercado ainda pouco explorado em Portugal, pois as empresas ainda não estão muito despertas para esta realidade”, afirma.

Em Portugal, os movimentos anuais de carga da DHL aproximam-se dos cinco milhões de envios. José Reis estima que o norte continue a crescer a dois dígitos por ano e que, a curto prazo, o sul também venha a acompanhar as mesmas taxas de crescimento. De acordo com o responsável, estes volumes de carga implicam a utilização diária de quatro a cinco aviões DHL dedicados, a operar a partir dos aeroportos de Lisboa e Porto.

No ano passado, o grupo registou um volume de negócios de 81,8 mil milhões de euros, uma queda de 13% face a 2022. Segundo José Reis, este decréscimo estava já previsto, “uma vez que uma recuperação económica ampla e dinâmica a nível global não se concretizou em 2023”. Também em Portugal a empresa se deparou com uma tendência de abrandamento da faturação, embora mais ligeira em termos percentuais, adianta, sem revelar números. As previsões para este ano no país são já de crescimento, na ordem dos dois dígitos, o que “reforça a necessidade de continuar a aumentar a nossa capacidade de resposta”. O grupo é responsável por cerca de 600 mil postos de trabalho a nível mundial. Em Portugal, as várias unidades de negócio da DHL empregam cerca de 2500 pessoas.

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