O campeão, os medalhados, o fenómeno e mais mulheres pela primeira vez
GERARDO SANTOS / GLOBAL IMAGENS

O campeão, os medalhados, o fenómeno e mais mulheres pela primeira vez

Diogo Ribeiro é um dos 37 estreantes portugueses nuns Jogos em que Pedro Pichardo tenta um inédito segundo ouro. Fernando Pimenta procura “o metal que falta” e Jorge Fonseca a redenção do “bronze amargo”. Agate Sousa, Gustavo Ribeiro e a dupla João Ribeiro/Messias Baptista querem pódios.
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Se Pedro Pichardo tenta a imortalidade com um inédito segundo ouro olímpico para Portugal, Fernando Pimenta já figura entre as maiores referências do desporto português com as suas 145 medalhas, apesar de só duas serem olímpicas - prata em Londres2012 com Emanuel Silva e um bronze em Tóquio2020. Mas falta-lhe o metal mais valioso e se o conseguir em Paris entrará na história como único português com o pleno olímpico e três pódios. O que será impressionante para o campeão mundial em K1 1000 metros, que será um dos porta-estandartes, juntamente com Ana Cabecinha (a mais velha com 40 anos).

Portugal terá 73 atletas de 15 modalidades nos Jogos Olímpicos Paris2024, que se realizam de hoje até 11 de agosto. É a representação mais baixa desde Sydney2000, quando a Missão foi composta por 62 atletas - são menos 19 do que os 92 que se apuraram para Tóquio2020 e Rio2016. 

Paris2024 serão os Jogos da paridade e Portugal foi bem-sucedido na missão. Pela primeira vez na história, a comitiva lusa terá mais atletas mulheres (37 contra 36 homens), naquele que será o maior contingente feminino de sempre, com mais uma atleta do que em Tóquio2020. “Sou levada a crer que o desporto é um lugar onde homens e mulheres podem desempenhar bem a função de ser atleta de alto rendimento. O resultado está à vista. É sabido que ainda temos muito caminho a percorrer até se atingir a tão desejada igualdade de género, mas o desporto aparenta estar no bom caminho”, disse ao DN Diana Gomes, presidente da Comissão de Atletas Olímpicos.

A antiga nadadora tem raízes em Paris e vai viver os jogos fora da piscina, depois de ter participado como atleta em Atenas2004 e Pequim2008. Agora irá como adida olímpica. Como tantos novatos, o papel de Diana Gomes será “essencial” em duas semanas que espera “muito intensas”. E, como antiga nadadora, olha para a sua modalidade com reconhecimento: “Como nadadora deixa-me feliz ver que finalmente estão a ver o desporto com o potencial que ele tem e os atletas estão a mostrar o resultado disso mesmo. Se vamos ter finais, vamos esperar uns dias para ver. A maioria dos nadadores são estreantes, vão agora absorver o momento e dar o seu melhor.”

O nadador Diogo Ribeiro lidera a lista de 37 estreantes - quase metade da comitiva nunca esteve nos Jogos Olímpicos - em que também se destaca o ciclista campeão mundial Iúri Leitão e a a atiradora Inês Barros. O fenómeno da natação portuguesa é um dos cinco nadadores presentes, o que faz da natação a quarta modalidade mais representada a par do ténis de mesa, só superada pelo atletismo (22), pelo ciclismo (7) e pelo judo (7) - modalidade que tem no medalhado Jorge Fonseca a maior figura. 

O “bronze amargo” de Fonseca em Tóquio2020 precisa de “uma companhia melhor” na estante onde está guardado, segundo o judoca, que ontem viajou para Paris em busca do ouro e vai ter um teste de fogo a abrir. Segundo o sorteio ontem realizado, Jorge Fonseca ficou isento da primeira ronda, mas pode vir a apanhar o atual campeão olímpico, Aaron Wolf, no seu primeiro combate, caso o japonês vença o austríaco Aaron Fara.

A modalidade mais representada é o atletismo e dos 22 apurados mais de metade são mulheres, num total de 16. Além de Auriol Dongmo, que se qualificou mas falha a competição devido a lesão, há outras duas grandes baixas no feminino, as medalhadas Patrícia Mamona (prata no triplo salto, Tóquio2020) e Telma Monteiro (bronze no judo, Rio2016). Até hoje 135 mulheres atletas representaram Portugal em JO, num total de 795.

José Manuel Constantino esperava uma lista “mais extensa”, mas manteve a ambição de igualar as quatro medalhas, 15 diplomas (do quarto ao oitavo posto) e 36 classificações até ao 16.º lugar de Tóquio2020, o melhor resultado de sempre. O presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP) espera ainda 66 eventos de medalhas (em 67 possíveis). Utopia ou crença nos objetivos alcançados pelos atletas portugueses em competições internacionais como Mundiais. 

Perante a recusa dos campeões Carlos Lopes, Rosa Mota, Fernanda Ribeiro e Nelson Évora em integrar a comitiva nacional, o COP decidiu convidar as medalhadas Patrícia Mamona e Telma Monteiro como “reconhecimento” pelo que fizeram” e ainda podem vir a fazer “pelo desporto nacional e pelo movimento olímpico”. 

O legado olímpico estará representado pelo cavaleiro Manuel Grave, que vai representar Portugal no Concurso completo de Equitação, 20 anos depois do pai, Carlos Grave, o ter feito em Atenas2004. Também, no atletismo, Mariana Machado irá participar nos 5 mil metros, seguindo as pisadas da mãe, Albertina Machado, que correu os 10 mil metros em Los Angeles1984. 

Dos 73 atletas que irão representar Portugal, 21 têm formação superior e 12 são estudantes universitários. Ou seja, quase metade (33) têm uma profissão ou estão a estudar, não sendo profissionais de desporto a 100%. 

Gustavo Ribeiro começa, Maria Martins termina

O skater Gustavo Ribeiro é dos primeiros portugueses a competir nos Jogos Paris2024, na prova de street, já amanhã. Depois de ter sido oitavo na estreia, em Tóquio2020, numa altura em que recuperava de uma lesão num ombro, o campeão do Mundo no Rio de Janeiro em 2022, apresenta-se em Paris com a ambição de “conquistar o ouro para Portugal”, podendo assim abrir boas perspetivas à Missão que fecha com a participação da ciclista Maria Martins, 15 dias depois. 

Também amanhã, o primeiro de competição oficial após a cerimónia de abertura, a judoca Catarina Costa, em -48 kg, e os ciclistas Nelson Oliveira e Rui Costa, no contrarrelógio, disputam, igualmente, as primeiras medalhas dos 33.º Jogos da Era Moderna. E arrancam ainda os torneios de ténis, com Nuno Borges em singulares e pares, com Francisco Cabral, e o ténis de mesa, com Portugal a participar com uma equipa nos masculinos (ver tabela ao lado).

isaura.almeida@dn.pt

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