O Papa Francisco diz que é tempo de a Igreja ser compassiva e ter misericórdia. E, perante as necessidades e a realidade vivida pelas pessoas, os católicos, e de modo especial os bispos, não devem ser surdos: "Uma fé que não sabe radicar-se na vida das pessoas permanece árida e, em vez de oásis, cria outros desertos".Ontem, na homilia da missa conclusiva do Sínodo dos Bispos, que desde dia 4 debateu no Vaticano os desafios colocados pela realidade da família ao catolicismo, o Papa não se referiu diretamente aos temas tratados na assembleia, mas não deixou de apontar critérios para a atuação dos responsáveis da Igreja. "Podemos caminhar através dos desertos da humanidade não vendo aquilo que realmente existe, mas o que nós gostaríamos de ver", afirmou Francisco. Para acrescentar: "Somos capazes de construir visões do mundo, mas não aceitamos aquilo que o Senhor nos coloca diante dos olhos.".O documento final do Sínodo, com 94 pontos que, na véspera, foram aprovados todos por maioria qualificada, reflete a tensão entre o desejo do Papa em debater essa realidade e aquilo que, para já, a hierarquia católica foi (ou não) capaz de fazer: tímidas aberturas na questão dos divorciados que voltaram a casar, doutrina inamovível sobre a contraceção ou a homossexualidade, afirmações contundentes sobre as dificuldades económicas e sociais vividas por muitas famílias....Consenso ainda difícil.O acesso dos divorciados recasados à comunhão foi um dos temas que dominou os últimos dias de trabalho. E foi aquele onde o consenso pareceu mais difícil: os três pontos sobre o assunto foram aprovados também por maioria qualificada de dois terços (eram necessários pelo menos 177 votos), mas à tangente..[artigo:4853412].Nos parágrafos 84-86 do documento final - que tem apenas um caráter de contributo de reflexão para ser entregue ao Papa - admite-se que os divorciados recasados civilmente "devem ser mais integrados nas comunidades cristãs". Propõe-se, depois, que tenha um lugar um processo de discernimento sobre as formas de exclusão de que essas pessoas têm sido vítimas. E acrescenta-se que a aproximação da comunidade a estas pessoas não é um "enfraquecimento da fé", antes uma expressão da caridade cristã..Leia mais na edição impressa ou no e-paper do DN