Nóvoa e Belém acreditam em vitória à segunda volta

Candidatos da área do PS assumem que entram na corrida para ganhar. Psicólogo de Braga formaliza candidatura. Edgar Silva assume-se defensor dos reformados
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Disputam o mesmo eleitorado, marcaram-se para tentar o apoio do PS (nenhum o conseguiu) e acabaram por formalizar as candidaturas a Belém no mesmo dia. Sampaio da Nóvoa e Maria de Belém apresentaram-se ontem como candidatos à vitória das presidenciais. Nem que seja à segunda volta - que é "praticamente segura", nas palavras do ex-reitor.

Os candidatos que têm dividido os militantes do PS entregaram ontem as assinaturas necessárias no Tribunal Constitucional (TC) para que as candidaturas sejam oficiais. O candidato recomendado por PSD e CDS, Marcelo Rebelo de Sousa, também fará a entrega amanhã.

Apesar das sondagens, a esquerda não desarma. A ex-presidente do PS foi clara ao assumir que entrou "nesta candidatura para ganhar", acrescentando que tem "todas as condições para isso. Estou aqui com imensa energia. Há uma grande adesão à candidatura".

Maria de Belém destacou que a entrega de assinaturas no TC concretiza todo o "processo formal, mas a candidata adverte que este é "complexo e burocraticamente muito pesado", logo devia ser "simplificado". Maria de Belém defende assim uma espécie de Simplex aplicado ao processo de candidaturas à Presidência da República.

O uso de "meios informáticos" foi uma das ideias deixadas por Maria de Belém nesse sentido. Enquanto candidata, Maria de Belém recusou-se a fazer qualquer comentário sobre o Banif, lembrando que não o deve fazer quando as questões estão "nos órgãos próprios" para serem escrutinadas.

"Por vezes os comentários sobre o que são as competências de outros órgãos não ajudam, antes incomodam. Como Presidente da República, aquilo a que me comprometo é a usar a influência de Presidente, mas não a interferência", sustentou.

A acompanhar Maria de Belém na visita ao TC estiveram várias pessoas ligadas à sua candidatura, entre as quais o deputado e ex-ministro do PS.

Apesar de figuras do PS estarem com Maria de Belém, o outro candidato apoiado pela área socialista parece levar a melhor. Além de ter o deputado Pedro Delgado Alves como diretor de campanha, Sampaio da Nóvoa conta com metade do Secretariado Nacional do PS (o órgão de cúpula do partido) do seu lado: Fernando Rocha Andrade, João Galamba, Graça Fonseca, Jorge Gomes, Manuel Pizarro, Maria do Céu Albuquerque e Pedro Bacelar.

Ontem, quando entregou as candidaturas, Sampaio da Nóvoa esteve acompanhado do seu mandatário nacional e ex-ministro da Saúde do PS, Correia de Campos, e do capitão de Abril Vasco Lourenço.

"Praticamente seguro"

Na entrega no Tribunal Constitucional, Sampaio da Nóvoa disse estar "praticamente seguro de que haverá segunda volta e na segunda volta são outras eleições".

O ex-reitor da Universidade de Lisboa destacou que "passado o tempo das legislativas as pessoas começam a aperceber-se da importância das presidenciais". Sampaio da Nóvoa entregou cerca de 13 mil assinaturas para formalizar a sua candidatura (Maria de Belém entregou nove mil).

Para Sampaio da Nóvoa, Portugal "precisa de um Presidente independente" que funcione como "protetor de todos os cidadãos". O "maior desafio da sua candidatura", reconhece, é "levar as ideias ao país" e aos portugueses. "O que está em causa no dia 24 de janeiro é uma ideia para Portugal, um projeto, se conseguirmos explicar isso aos portugueses certamente sairemos vitoriosos", assinalou.

Portugal é "país subgerido"

Além de Belém e de Nóvoa, também Jorge Sequeira apresentou ontem no TC cerca de nove mil assinaturas com vista a validar a sua candidatura, que pretende um Portugal sem "partidocracia".

Jorge Sequeira assume que a sua candidatura visa passar Portugal "da partidocracia para a meritocracia": "As pessoas que têm mais mérito deviam estar no poder."

Psicólogo, investigador, docente universitário e comentador político, Jorge Sequeira tem como lema "Portugal Somos Nós" e assinala a "independência total" da sua candidatura. "Nunca fui filiado em nenhum partido. O meu partido é o partido do trabalho, da honestidade, do caráter", apontou.

Jorge Sequeira garantiu ainda que "não vai dizer mal de ninguém" na campanha eleitoral, nomeadamente de outros candidatos. O candidato classificou ainda Portugal como um "país subgerido, não subdesenvolvido".

PR não pode "dormir sossegado"

O candidato presidencial apoiado pelo PCP, Edgar Silva, também teve ontem uma ação de campanha, tendo-se reunido com a Confederação Nacional de Reformados, Pensionistas e Idosos. Após o encontro, o candidato assumiu-se como "um destacado defensor" de reformados, pensionistas e idosos.

"Nos compromissos, a candidatura assume o dar voz àqueles que não têm voz. São uma inúmera multidão estes cidadãos e cidadãs que, como idosos, reformados e pensionistas, têm reformas que são baixíssimas e muito contribuem para que tenhamos hoje em Portugal cerca de três milhões de nossos concidadãos que vivem em situação de pobreza absoluta", disse Edgar Silva .

Na opinião do candidato presidencial apoiado pelo PCP, "o Presidente da República tem de ser um destacado defensor" daqueles que têm menos na sociedade portuguesa, como é o caso dos reformados, pensionistas e idosos, considerando que um chefe de Estado "não pode dormir sossegado sabendo que um terço da população que ele representa vive na pobreza absoluta".

Edgar Silva disse ainda que "o Presidente a não pode refugiar-se em Belém com medo do povo, com medo da rua, com medo das populações que ele deveria representar", enfatizou.

Com Lusa

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