Disputam o mesmo eleitorado, marcaram-se para tentar o apoio do PS (nenhum o conseguiu) e acabaram por formalizar as candidaturas a Belém no mesmo dia. Sampaio da Nóvoa e Maria de Belém apresentaram-se ontem como candidatos à vitória das presidenciais. Nem que seja à segunda volta - que é "praticamente segura", nas palavras do ex-reitor..Os candidatos que têm dividido os militantes do PS entregaram ontem as assinaturas necessárias no Tribunal Constitucional (TC) para que as candidaturas sejam oficiais. O candidato recomendado por PSD e CDS, Marcelo Rebelo de Sousa, também fará a entrega amanhã..Apesar das sondagens, a esquerda não desarma. A ex-presidente do PS foi clara ao assumir que entrou "nesta candidatura para ganhar", acrescentando que tem "todas as condições para isso. Estou aqui com imensa energia. Há uma grande adesão à candidatura"..Maria de Belém destacou que a entrega de assinaturas no TC concretiza todo o "processo formal, mas a candidata adverte que este é "complexo e burocraticamente muito pesado", logo devia ser "simplificado". Maria de Belém defende assim uma espécie de Simplex aplicado ao processo de candidaturas à Presidência da República..O uso de "meios informáticos" foi uma das ideias deixadas por Maria de Belém nesse sentido. Enquanto candidata, Maria de Belém recusou-se a fazer qualquer comentário sobre o Banif, lembrando que não o deve fazer quando as questões estão "nos órgãos próprios" para serem escrutinadas.."Por vezes os comentários sobre o que são as competências de outros órgãos não ajudam, antes incomodam. Como Presidente da República, aquilo a que me comprometo é a usar a influência de Presidente, mas não a interferência", sustentou..A acompanhar Maria de Belém na visita ao TC estiveram várias pessoas ligadas à sua candidatura, entre as quais o deputado e ex-ministro do PS..Apesar de figuras do PS estarem com Maria de Belém, o outro candidato apoiado pela área socialista parece levar a melhor. Além de ter o deputado Pedro Delgado Alves como diretor de campanha, Sampaio da Nóvoa conta com metade do Secretariado Nacional do PS (o órgão de cúpula do partido) do seu lado: Fernando Rocha Andrade, João Galamba, Graça Fonseca, Jorge Gomes, Manuel Pizarro, Maria do Céu Albuquerque e Pedro Bacelar..Ontem, quando entregou as candidaturas, Sampaio da Nóvoa esteve acompanhado do seu mandatário nacional e ex-ministro da Saúde do PS, Correia de Campos, e do capitão de Abril Vasco Lourenço.."Praticamente seguro".Na entrega no Tribunal Constitucional, Sampaio da Nóvoa disse estar "praticamente seguro de que haverá segunda volta e na segunda volta são outras eleições"..O ex-reitor da Universidade de Lisboa destacou que "passado o tempo das legislativas as pessoas começam a aperceber-se da importância das presidenciais". Sampaio da Nóvoa entregou cerca de 13 mil assinaturas para formalizar a sua candidatura (Maria de Belém entregou nove mil)..Para Sampaio da Nóvoa, Portugal "precisa de um Presidente independente" que funcione como "protetor de todos os cidadãos". O "maior desafio da sua candidatura", reconhece, é "levar as ideias ao país" e aos portugueses. "O que está em causa no dia 24 de janeiro é uma ideia para Portugal, um projeto, se conseguirmos explicar isso aos portugueses certamente sairemos vitoriosos", assinalou..Portugal é "país subgerido".Além de Belém e de Nóvoa, também Jorge Sequeira apresentou ontem no TC cerca de nove mil assinaturas com vista a validar a sua candidatura, que pretende um Portugal sem "partidocracia"..Jorge Sequeira assume que a sua candidatura visa passar Portugal "da partidocracia para a meritocracia": "As pessoas que têm mais mérito deviam estar no poder.".Psicólogo, investigador, docente universitário e comentador político, Jorge Sequeira tem como lema "Portugal Somos Nós" e assinala a "independência total" da sua candidatura. "Nunca fui filiado em nenhum partido. O meu partido é o partido do trabalho, da honestidade, do caráter", apontou..Jorge Sequeira garantiu ainda que "não vai dizer mal de ninguém" na campanha eleitoral, nomeadamente de outros candidatos. O candidato classificou ainda Portugal como um "país subgerido, não subdesenvolvido"..PR não pode "dormir sossegado" .O candidato presidencial apoiado pelo PCP, Edgar Silva, também teve ontem uma ação de campanha, tendo-se reunido com a Confederação Nacional de Reformados, Pensionistas e Idosos. Após o encontro, o candidato assumiu-se como "um destacado defensor" de reformados, pensionistas e idosos.."Nos compromissos, a candidatura assume o dar voz àqueles que não têm voz. São uma inúmera multidão estes cidadãos e cidadãs que, como idosos, reformados e pensionistas, têm reformas que são baixíssimas e muito contribuem para que tenhamos hoje em Portugal cerca de três milhões de nossos concidadãos que vivem em situação de pobreza absoluta", disse Edgar Silva ..Na opinião do candidato presidencial apoiado pelo PCP, "o Presidente da República tem de ser um destacado defensor" daqueles que têm menos na sociedade portuguesa, como é o caso dos reformados, pensionistas e idosos, considerando que um chefe de Estado "não pode dormir sossegado sabendo que um terço da população que ele representa vive na pobreza absoluta"..Edgar Silva disse ainda que "o Presidente a não pode refugiar-se em Belém com medo do povo, com medo da rua, com medo das populações que ele deveria representar", enfatizou..Com Lusa