António Costa dá esta noite o último passo para ter o apoio de todo o partido, com a discussão do programa de governo no órgão do partido que falta: a Comissão Política. É neste órgão que o secretário-geral está enfrentar a oposição de Francisco Assis ao acordo com a esquerda..À chegada à reunião, os históricos socialistas utilizaram o seu peso político para garantir que António Costa está a liderar um "momento histórico". Por oposição, Assis disse que queria ver o secretário-geral como líder da oposição.Antes da reunião, à qual chegou acompanhado dos seguristas Álvaro Beleza e João Proença, Assis antecipou o que dirá no órgão do partido, defendendo que "o PS devia assumir a liderança da oposição no Parlamento" e que "um programa de governo não é uma lista de medidas", numa crítica à proposta de Costa..[artigo:4875495].Crítico do acordo com a "extrema-esquerda"; Assis voltou a defender que "as divergências [entre PS e PCP e Bloco de Esquerda] de fundo são de tal ordem que dificilmente teremos um governo com uma verdadeira capacidade reformista"..O eurodeputado disse saber fazer parte de uma "minoria" nos órgãos do partido, mas que isso não o impede de exprimir a sua opinião, lembrando que "governar não é ter um conjunto de medidas, é enfrentar situações imponderáveis". Destacando, neste caso, o "plano europeu" - aquele em que as divergência entre PS e PCP e Bloco estão mais desafinados..Questionado pelos jornalistas sobre se faria "guerrilhas internas" no PS, Assis reiterou que não é esse o seu estilo. Além disso, o eurodeputado afirmou que Cavaco Silva não tem outra opção senão dar posse a Costa e disse desejar a boa sorte ao secretário-geral e a um futuro governo PS..Mas se Assis se assumiu como crítico, houve notáveis socialistas a defender António Costa e a considerar que se está a escrever história em Portugal. Manuel Alegre, de quem estava prevista uma declaração na comissão nacional, falou em "momento histórico" e disse ter ouvido com "emoção as palavras de Jerónimo de Sousa" a quem fez questão de "mandar um abraço"..Na mesma linha o ex-ministro João Cravinho falou em "passo histórico", definindo o acordo como "muito promissor" e capaz de "dotar o país de uma política diferente e de continuidade"..Cravinho nega que exista aventuras despesistas, pois "finanças equilibradas" não é uma "ideia estranha" para o PS. Sobre as dúvidas nas metas do programa, o ex-ministro defendeu que "não são uma certeza de Deus", aproveitando para uma bicada ao ministro da Administração Interna,Calvão da Silva.