Uma questão de calendário deu ontem origem à primeira divergência entre a esquerda parlamentar. A discussão sobre a reposição dos feriados eliminados desde 2012 estava marcada para amanhã, mas o PCP, primeiro partido com iniciativas sobre o tema, surpreendeu tudo e todos ao pedir o adiamento do debate (e da votação)..Justificação? Os 30 dias obrigatórios para apreciação pública dos diplomas, algo que João Oliveira, líder parlamentar dos comunistas, terá invocado ontem durante a conferência de líderes. O porta-voz da conferência, Duarte Pacheco (PSD), confirmou que a discussão dos textos vai ser reagendada, até porque as comissões parlamentares só iniciaram funções na semana passada, não podendo assim proceder às referidas audições..PS e BE, apanhados de surpresa, queriam fazer o debate amanhã, mas acabaram por ceder. PSD e CDS, que agora também tencionam repor o 5 de Outubro, o 1.º de Dezembro, o Corpo de Deus e o Dia de Todos os Santos, assistiam e à saída o líder da bancada centrista, Nuno Magalhães, sublinhou que "finalmente" as forças de esquerda reconheceram que aquela matéria "carece de discussão pública em concertação social"..O vice-presidente do grupo parlamentar do PSD Hugo Soares afirmou que o PS "tem querido substituir a concertação social pelo Parlamento" e tem agora "uma oportunidade de voltar atrás e dizer que esta questão deve ser discutida e analisada primeiro com os parceiros sociais"..Europa e agenda fraturante.Nesta tarde será debatido um projeto de resolução do PSD e do CDS "sobre a afirmação dos principais compromissos europeus de Portugal", que pretende explorar as diferentes visões à esquerda. Desde logo pela reafirmação da vinculação a mecanismos como o Tratado Orçamental e o Semestre Europeu, contra os quais bloquistas e comunistas se batem..Depois, chega a agenda fraturante. A esquerda converge na intenção de revogar as alterações à lei do aborto e defende a isenção de taxas moderadoras na interrupção voluntária da gravidez e os acompanhamentos obrigatórios que o novo quadro legal introduziu..[artigo:4891668].Amanhã, será a vez de serem apreciados os articulados do PS, BE, PEV e PAN que visam permitir a adoção e o apadrinhamento civil por casais do mesmo sexo, sendo que só o PCP não tem propostas sobre o tema. Contactada pelo DN, fonte oficial do partido disse não conseguir adiantar o sentido de voto da bancada, embora da última vez que o tema tenha sido levado a São Bento, pelas mãos do PS e do BE, os comunistas se tenham posicionado a favor..[artigo:4891669].O BE quer ainda alterar o Código do Registo Civil para assegurar a "igualdade de tratamento" aos casais homossexuais na procriação medicamente assistida..Com Lusa