YouTube lança novo formato de realidade virtual, VR180
O YouTube e a divisão de realidade virtual da Google, a equipa por detrás da plataforma Daydream, desenharam um novo formato e novas câmaras para a tecnologia. Chama-se VR180 e a intenção é “democratizar” a criação de conteúdos de realidade virtual para o maior site de partilha de vídeos do mundo.
“Adoramos o formato imersivo da realidade virtual”, declarou a CEO do YouTube, Susan Wojcicki, na apresentação da empresa durante a conferência de vídeo online VidCon, em Anaheim. No entanto, para filmar conteúdos que dão uma visão 360º do ambiente é preciso comprar equipamentos caros e ter cenários complexos, referiu a executiva. “O VR180 permite captar o que está à nossa frente, a 180º, o que torna a produção mais fácil e barata”, explicou Wojcicki. O YouTube está a trabalhar em parceria com várias empresas para que sejam lançadas câmaras VR180, com destaque para a Lenovo, Yi e LG. Estas câmaras vão custar muito menos que os equipamentos atuais de realidade virtual, cerca de 200 euros, o mesmo que custa uma câmara point-and-shoot.
Segundo adiantou Wojcicki, os criadores só terão de se preocupar em filmar o que está à sua frente, mas os utilizadores com óculos de realidade virtual terão uma experiência tão imersiva quanto os cenários habituais a 360º.
“Queremos tornar a realidade virtual acessível para toda a gente, desde a avó a qualquer criador.”
Na maior convenção de vídeo online do mundo, que decorre até sábado perto de Los Angeles, a CEO do YouTube também deu conta do crescimento da audiência do site: tem agora 1,5 mil milhões de utilizadores mensais, uma dimensão que só é ultrapassada pelo Facebook em termos de redes sociais. Basicamente um quinto da população mundial vê vídeos no YouTube todos os meses. As estatísticas indicam que os utilizadores passam uma hora por dia a verem vídeos em dispositivos móveis, mas o surpreendente é que o televisor é o ecrã que mais tem crescido para o YouTube – o consumo de conteúdos através da app na televisão disparou 90% no último ano.
Outras novidades passam pelo redesenho da app e do site desktop do YouTube, além da adição de um botão de partilha interno, para que não seja preciso copiar/colar o endereço de um vídeo.
O site está também a reforçar o investimento no seu pacote de televisão, YouTube TV, que irá ser alargado a várias cidades norte-americanas e já inclui 50 canais. Vão chegar ainda mais 12 séries originais YouTube Red, incluindo um drama de 10 episódios produzido por Channing Tatum, “Step Up.”
Nas boas-vindas à conferência, o cofundador da VidCon, John Green (Vlog Brothers), tocou num dos temas que mais tem sido falado recentemente – as polémicas com anúncios que foram colocados ao lado de vídeos com conteúdos controversos, tais como vídeos da extrema-direita.
“Nenhum anunciante quer que os seus anúncios apareçam ao lado de conteúdos de ódio e abuso, e o facto é que muitos criadores sofreram uma quebra dramática das receitas”, sublinhou Green, explicando que muitas empresas diminuíram o investimento publicitário por receio de uma controvérsia com efeitos negativos.. O YouTube tem endereçado estas preocupações e pediu à comunidade que seja “polícia” e aponte situações delicadas. No entanto, com milhões de vídeos a serem visualizados e carregados constantemente, é sobretudo a tecnologia que faz a triagem, e os parâmetros são complexos e limitados. “É muito difícil para um algoritmo distinguir entre um vídeo sobre como as drogas farmacêuticas funcionam em Singapura e um vídeo sobre como comprar droga”, notou Green. “É um grande problema. A internet financiada pela publicidade é inevitável, e os anunciantes têm o direito de decidir o que querem financiar.”