Seis recém-licenciados em Design de Moda do Istituto Europeo di Design, em Itália, tiveram a oportunidade única de revelar este sábado as suas coleções-cápsula na passarela da ModaLisboa Core..Nicolò Artibani, Lorenzo Attanasio, Alessandro Bonini, Gaia Ceglie, Luca De Prà e Maria Eleonora Pignata deram a sua perspetiva do que poderá ser o futuro da moda, com coleções masculinas, femininas e sem género, que, apesar de muito diferentes, tinham um objetivo em comum: "mostrar que no centro de cada projeto está sempre o indivíduo". Seis designers, seis coleções e seis visões diferentes do mesmo conceito..Intitulado The Future Stars Slow, o desfile dos seis alunos focou-se na perspetiva da mudança. "É a reflexão do futuro desta geração que é aquela que vai viver nesse futuro", diz Riccardo Balbo, diretor académico do Grupo IED, numa conversa com o DN antes do desfile..O problema do crescimento da indústria fast fashion é outra das questões que estes alunos também abordam. "É chamado de fast fashion porque tudo é rápido desde a forma como é produzido até à forma como as pessoas deitam as roupas fora. Por isso, este desfile é também uma provocação a isso, perguntando se as pessoas querem ser assim tão rápidas", acrescenta..Em apenas cinco looks, Gaia Ceglie apresentou a coleção "Deformiter", sem género, para redefinir o conceito de identidade através de uma camada excessiva de tecidos, volumes exagerados, e o cancelamento progressivo das figuras masculinas e femininas. Já quanto aos tons, os neutros foram predominantes - castanhos, brancos e pretos.."PER_SON_A," de Alessandro Bonini, fez lembrar a memória e fotografia através de peças com várias camadas e algumas transparências. Alguns modelos levavam os sapatos na mão e algumas peças tinham etiquetas nas malas e sapatos..Por sua vez, a "Collateral Beauty", de Lorenzo Attanasio, alertou para personalidades que sofreram traumas ou situações de dor extrema, com uma coleção "que cria ligações através de várias contaminações"..Com o intuito de investigar o ideal de perfeição, "Dressmaking Surgery", de Nicolò Artibani, é caracterizada por cortes e transformações, fazendo um paralelismo entre a moda e a medicina, com peças semelhantes a batas cirúrgicas.."Akhet", de Maria Eleonora Pignata, desafiou "o equilíbrio entre os opostos", com um vestuário incompleto que contrasta com as formas minimalistas rígidas e uma paleta de cores com contrastes visuais entre os pigmentos naturais e tons mais escuros..Luca De Prà, fez-se destacar pela diferença, com a coleção "Dividit", que se inspira no Visconde de Cloven de Italo Calvino. As suas peças foram baseadas em séculos de pesquisa, com o objetivo de "transformar uma peça de vestuário pessoal num objeto de valor emocional a ser usado e guardado"..Neste desfile, os jovens designers mostraram a sua tese final da licenciatura em Design de Moda. Estas peças passaram pelo concurso italiano Plataforma de La Moda, que se assemelha ao Sangue Novo. "As escolas em Itália trazem os seus melhores alunos para mostrar as coleções. Estes estudantes estão a participar nesse concurso e nós decidimos trazê-los para a ModaLisboa"..Todos os alunos tiveram em conta a sustentabilidade, sendo um dos valores instituídos no Instituto de moda em todos os seus cursos. "A sustentabilidade não é uma coisa que se possa adicionar como uma especiaria no final. É um valor e todos os estudantes de moda estão treinados para incluírem isso nas suas peças", refere Riccardo Balbo..Para o diretor académico do Grupo IED, os alunos são bons quando têm o talento, mas também trazem soluções para problemas do mundo real. "São bons quando utilizam a sua criatividade para alguma coisa de útil. Estes estudantes têm de mostrar que têm capacidade e valores. Talento e criatividade são coisas boas, mas não é o suficiente. Devem também abordar problemas"..Para além do desfile dos alunos do Istituto Europeo di Design, a escola proporcionou à jovem estilista portuguesa Inês Barreto e vencedora do Sangue Novo uma bolsa de 20 mil euros para um mestrado na sua instituição..Riccardo Balbo explicou que a ModaLisboa pode servir também para conhecer melhor as escolas de moda portuguesas, os seus estudantes e professores. "Nós tentamos perceber se há vários talentos com os quais podemos fazer network. E isto é também uma forma de perceber se há hipótese para uma possível expansão do Instituto para Portugal".